30.9.07

 

Duas Caras


Leio que a nova-velha novela por mais um autor de sempre, terá o nome de Duas Caras. É a vida imitando a arte e vice-versa. Todos nós temos no mínimo duas - agora se se formos contar com seriedade e verdade ...


Mentimos para nós mesmos, para aqueles que amamos e para aqueles que nem sabemos se amamos ou odiamos. Podemos ser até verdadeiros com um grupo, mas não conseguimos ser verdadeiros em tudo. Haja personalidade (no sentido de muitas ...).

A esquizofrenia é doença antiga. Enraizada na alma do ser humano, se mistura entre o que é verdadeiramente o homem natural, caído e destituído de Deus e os elementos mais degenerativos da personalidade, fugindo assim ao que é normal e aceitável. De longe sabemos que somos todos doentes e anormais. Não há são, nenhum sequer – parafraseando Isaías e Romanos.

Quando comentei com um amigo – bem mais moço que eu, acerca da esquizofrenia revelada quando se assume blogar, ele não entendeu. Tentava alertá-lo que na internet nós extravasamos o nosso eu e ficamos meio que transparentes e vulneráveis. E cedo ou tarde aparecem nossas incongruências.


Não entendeu, ou assim se expressou, permitindo fugir do confronto (não comigo, mas com a realidade das coisas). Pode ser pela sua ortodoxia. Essa fuga é um dos seus vícios. Recusamos a verdade nua e crua. Ainda mais quando nos vestimos de conservadores. Precisamos ser sérios - principalmente em assuntos que nos afetam diretamente. Desprezamos quem não se enquadra em nossos paradigmas, como se eles não existissem – apesar de eles estarem lá.


Tenho procurado trilhar caminhos menos percorridos. Me afastei do conservadorismo. Procuro pelo menos, buscar e beber em outras fontes, para melhor me entender e melhor me curar de minhas múltiplas personalidades. Talvez há uns trinta ou mais anos, seria sábio se manter mais distante da margem. Hoje sinto-me sufocado, sem ar puro para respirar. E é esse oxigênio que me dá integração e unidade.

O autor da próxima novela das oito adotou um gambá filhote que nascera em seu jardim. A família inteira do bichinho morreu. Agora está ele a domesticar um animal selvagem? Duas caras! Esse é o nome que Agnaldo batizou o bichinho. Diz ele que pensa muito no José Dirceu - o ex-político hoje estigmatizado pela classe média. Sua referência é emblemática. Não só pelo possível cheiro do bichinho - mas pela dissimulação e engano. Quantas caras tem um político?

Agnaldo tem medo do Dirceu, mas vai ousar com Duas Caras. Dizem que ele (o ex-político) já mudou de nome, e de cara (fez plástica para voltar do exílio), e até de família. A classe média é assim também. Se não o é no dia a dia real, é no sonho, no desejo. Ama o Brasil, mas quer morar em Miami.

A classe média (seja ela cristã, evangélica ou não) fecha a janela do carro, vira o rosto para a pobreza, reclama dos impostos, quer honestidade dos políticos, e nem sempre se comporta tão correta como prega.

Se no passado por ideal, fizemos confissões de fé mais elaboradas, e nos propusemos a realmente participar da transformação do mundo, hoje devemos ir devagar com o andor. É a classe evangélica indo para o paraíso - aqui na terra. Temos que cuidar da família, temos que segurar o padrão econômico. Os filhos terão que ir a um bom colégio, aprender Inglês, fazer intercâmbio, ganhar carro quando passar no Vestibular...

Eu não sou desse mundo, mas como Tu não queres que o Pai me tire daqui, vamos construir uma barraquinha neste monte chamado Transfiguração. Nada de aluguel. Vamos comprar. Poderá ser parcelada. Quem sabe obtemos um financiamento de muitos meses na CEF.

Duas caras. Tenho filhos pra criar, doutor (Jesus). O Senhor me entende, né!

29.9.07

 

A Semana

punk é a semana que faz você de domingo para segunda,
vir de táxi para casa,
chegando de madrugada,
e o seu carro indo de guincho direto para a oficina,
e não será cedo que vai ser consertado porque além de demorar
vai custar uns cascalhos dos bons,
e logo na manhã o despertador lhe hiponitiza,
e você se lembra que tem que ir de terno,
reuniões e correria,
e o almoço de executivos engravatados
e conversas de negócios sem fim,
e passam-se mais algumas reuniões
e mais algumas decisões
e o trabalho decide entrar na noite,
invadindo o seu particular e o seu privado,
e sua esposa vai ficando pê da vida
e você vai se cansando e sem nem pestanejar
e muito menos dormir,
para terça acordar
pois já está tocando o seu alarme-despertador,
banheiro, barba, chuveiro, gravata enforcando seu pescoço,
e reuniões e decisões,
e sua energia vai sendo sugada pelo trânsito,
pela marginal, pela via dutra,
e pelo sem-parar que tem que parar pois soou a sirene indicando inadimplência,
mas tudo é culpa do banco que não entende os detalhes da mecânica,
e o que será mais meia hora de atraso,
e mais reuniões e mais decisões,
e o trabalho entra na noite,
mesmo que tenha pizza da família nos pais,
e é tio é tia é prima, a ouvir piadas e historinhas,
e pegar carona para evitar o táxi ao quadrado
na bandeira dois de dois minutos para voltar,
e ainda estamos para ir para o quarto
e já chegou a quarta,
e é o mesmo carrossel de altos e baixos
de altas atuações, baixas ações,
e a bolsa não estou nem aí,
telefonemas, escritas e emails,
e reuniões e decisões,
e à noite vem o jantar de comemoração de vinte anos de abt
e você sorri, tira fotografia, brinda, é homenageado
e se orgulha com a cara metade,
e sem perceber foi pros quintos por causa da champagne
sem brindare un’amore,
e já estamos na quinta,
e aeroporto, mas antes o trabalho,
e nextel pra cá, celular para lá,
e reuniões e decisões,
e reuniões e negociações,
e mais calor, mais trânsito, mais congestionamento,
mais uma tarde de trabalho que visita a noite e escurece as vistas,
e esquenta a cabeça e sex tá pro dia seguinte,
e já estou na cesta, e morto,
mesmo assim acordo e corro para não deixar o rodízio me pegar
e pego quem é o gajo do rodízio,
com café da manhã e manhã com café,
e mais reuniões de trabalho,
e trabalho de reuniões,
e decisões de trabalho,
e trabalho de decisões,
e no entre meios mais tráfego e trânsito,
congestionamentos você já sabe, né,
sempre seguindo o mesmo tic tac, tic tac do relógio digital,
e o tecle tecle dos botões que escrevem sem parar,
e a noite que adentrou o trabalho
e mandou você descansar,
pois finalmente é sábado, dia do descanso,
mas se estiver bem,
um arremate de trabalho pois ninguém é de ferro
já que não deu pra fazer tudo
nesta semana punk

28.9.07

 

Creio

Creio em Ti Senhor
Deus dos humildes e dos pequenos
Creio em Ti Senhor
Pai de amor e sentimento

Creio em Ti Senhor
Que criastes todas as coisas
Creio em Ti Senhor
Que reinas sobre a humanidade

Creio em Ti Senhor
Provedor da maravilhosa graça
Creio em Ti Senhor
Que me alcanças na madrugada escura

Por onde andarei para me esconder?
Pois Tu tudo sabes e sempre estás
Lá e ontem, acolá e amanhã
Presente eternamente a me amar

Sou fraco, sou homem - não resisto
Ele me transforma e me inunda
Sua sombra é poderosa demais para mim
Creio nEle, e por isso vivo!

24.9.07

 

Sua vez de falar Nouwen!


Nestes tempos bicudos de estiagem de líderes - no sentido pleno do termo e do chamado cristão para tal (leia-se: servo-modelo-exemplo-pastoreio).
Nestes tempos onde é fácil encontrar uma multidão de guias cegos, obcecados pela agenda do poder e da ganância, focado no acúmulo de bens materiais, interessados em sua egolatria; onde grassa a desesperança; onde o engano é a ordem do dia ...
Deixemos Henri Nouwen falar:

A longa e dolorosa história da Igreja é a história de pessoas que vez após vez foram tentadas a escolher o poder no lugar do amor, para controlar ao invés de aceitar a cruz, para ser um líder ao invés de ser liderado. Aqueles que resistiram a esta tentação até o fim, nos dando assim a esperança de fazer o mesmo, são os verdadeiros santos.

Uma coisa está bem clara para mim: a tentação do poder é maior quando a intimidade representa uma ameaça. A maior parte da liderança cristã é exercida por pessoas que não sabem desenvolver relacionamentos sadios e íntimos, e por isso fazem opção pelo poder e domínio. Muitos cristãos que construíram impérios para si foram pessoas incapazes de dar e receber amor.

(O Perfil do Líder Cristão do Século XXI - Editora Atos)

22.9.07

 

Io


É muito apropriado escrever a respeito de si mesmo. Há uma intimidade muito grande do eu comigo mesmo. Às vezes somos tentados a escrever sobre os outros. Caímos muito fácil na armadilha de transformar uma suspeição num fato, e assim definir um veredicto descabido. Se é um dito verdade, deverá estar coberto por fatos conhecidos e sabidos.

No entanto só temos plena certeza dos fatos que se referem à nossa pessoa, e mesmo assim, com uma boa dose de dúvidas. Por isso que é sábio escrever a respeito de si mesmo, e não dos outros.

É claro que o veredicto anunciando sobre alguém, pode vir sob o manto do elogio. Elegemos alguém – ou conhecido, um amigo ou uma celebridade (viva ou morta) para elevarmos ou diminuirmos sua estatura através do nosso juízo. Pode ser bom por um lado – mesmo quando se trata de punir o outro com palavras. Mas o certo é focarmos nosso entendimento de nós mesmos, e descrever o que já concluímos há muito.

Há uma clara tendência natural de desviarmos a pena (ou soltarmos os dedos enquanto digitamos) para temas acerca do próximo. Pode ser o vizinho de perto ou aquele distante. Apesar de pouco sabermos, o que sabemos, já é suficiente para tal. Escrever, adjetivar, descrever, qualificar.

Creio que é muito difícil, apesar de apropriado, confessar o que somos. A confissão é uma espécie de ‘de acordo’ – eu concordo com os valores que eu mesmo faço de mim mesmo. É mais fácil confessar pelos outros – eu comigo mesmo defino o que está de acordo com o fulano. E nunca a respeito de mim mesmo!

Será que existe lugar para o outro? Se existe, que tipo de lugar é esse? É adequado ou fora de propósito?

O meu lugar é aqui mesmo. Não onde estou, mas onde sou. O sou é o meu lugar e aqui serei. Sempre sou eu mesmo, por mais que eu me esforce a sê-lo diferente. Não consigo fugir de mim mesmo, e acabo me reduzindo a isso mesmo: o que sou.

O lugar dos outros, apesar de não ser aqui, é aqui que eles tendem a vir e a parar. E o meu lugar?

Se sou o que sou, devo assumir o que sou. E escrever a respeito de mim mesmo. Será o eu falando de si mesmo. Como minha vida é chata. Melhor se escrevesse dos outros.

21.9.07

 

Você e Deus

A seguir uma resenha muito bem feita pelo amigo e irmão Ageu Lisboa, do livro Meditatio, de autoria de Osmar Ludovico, lançado pela Editora Mundo Cristão.

Um convite à vida centrada em Deus

Refletindo uma vivência de décadas no caminho de Emaús, ao mesmo tempo que sentado aos pés de Jesus, o Osmar, com rara competência, trata de movimentos da inquieta psique contemporânea, alma estressada, tendente à fragmentação e à impessoalidade. Escreve não teórica ou academicamente, mas para comunicar-se com aqueles e aquelas que anseiam por um renovado sopro do Espírito de Deus. Desde sua larga experiência no trato íntimo de pessoas, casais e grupos, o autor nos entrega uma seqüência de pastorais amorosas, esclarecedoras, ao mesmo tempo em que vigorosas e desafiadoras. Não deixa lugar a ambigüidades doutrinais e comportamentais, e fala com inequívoca autoridade bíblica - existencial sobre tópicos em que a sociedade e a igreja se debatem sofregamente. Aqui a graça de Deus não é o passar a mão negligentemente em quem insiste em velhos hábitos, mas a revelação do preço pago por Cristo para nossa redenção.

Meditatio: um livro que nos entrega textos curadores. Seu estilo não é o do mercador da auto-ajuda nem do agressivo, autoritário e manipulador pregador de tv, mas de alguém que podemos ouvir em nossa sala de estar ou na cozinha, junto com café, pão de queijo, amigos e familiares. Algo que se ouve no silêncio, beleza que se desfruta no recolhimento. Para os que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir. Vai sempre direto no centro das questões, entregando-nos corajosas sentenças ressonantes que alcançam nosso coração e lançam sementes cheias de novos horizontes. Apresenta uma concepção e prática da presença de Deus desenvolvida pelos Pais no deserto, aqueles despojados e valentes homens que resistiram às tentações do poder e do orgulho. Encontramos ressonâncias de ensinos de notáveis místicos cristãos como Agostinho, Tauler, Bunyan. É o caminho da profundidade ascendente, o caminho da escuta do Espírito no profundo do coração. Prática que dispensa dispendiosos aparatos burocráticos, ativismo alienante e as compulsões religiosas. Muito na contramão do frenesi religioso de nossos dias, convida-nos a uma saudável pausa para meditação.

A experiência da graça de Deus corrige nossas distorções e livra-nos de medos, liberando-nos para o gozo da condição de filhos queridos do Pai. Fruto desta intimidade com o Espírito, desenvolve-se um compromisso com a humanidade. Santidade encarnada que gera sanidade.
Sua leitura nos trás muitas indagações, mobiliza memórias e emoções, toca em sombras não trabalhadas, desafiando-nos a uma integridade no emocional, no espiritual e no relacional. Pessoalmente adquiri novas pistas para avançar no trato comigo mesmo e melhor discernir a caminhada com familiares, irmãos cristãos, e pessoas comuns, em amor.

Recomendo a todos que anelam uma vida em plenitude, pacificada, generosa, cheia da bondade de Deus.

Ageu Heringer Lisboa, psicólogo.

19.9.07

 

Se eu fosse


Se eu fosse o Homem Renascença teria as mesmas atitudes.

Ficaria a remoer ao longo de dias, semanas, meses. E um dia quem sabe – de maneira bem pensada, refletida, resolvida e convencida – decidiria fechar os comentários.

Se eu fosse o Homem Renascença de gosto afinado, talento singular para o belo, criado e formado para olhar o mundo nos trezentos e sessenta graus. E ainda, a saber manifestar-me com as infinitas habilidades e capacidades que Deus dá a poucos mortais – quem sabe voltaria à Média Idade, a permanecer recluso num Monastério.

Dons excepcionais impossíveis de se contestar quando se vê de longe, num fraterno camarada?

Eu não sou o Homem Renascença – por isso permaneço a lutar contra os gigantes moinhos, igual a um doido, um louco, um insano, um sonhador, um esperançoso.

Homem Renascença – continue a brincar com as palavras, com os sons, com os ritmos, com as cores, com os traços ... Continue a brincar conosco.

Homem Renascença – eu lhe peço, permaneça assim: Homem Renascença!

18.9.07

 

Crianças Invisíveis


Não vemos porque não queremos. Nossos olhos se afastam da realidade. Da verdade nua e crua que fala alto - que grita. A realidade que estampa diante de nossos olhos o sofrimento humano e pede socorro. Ela clama!
Somos surdos, ou nos fazemos de surdos. Somos cegos, ou nos fazemos de cegos ...


É isso mesmo: não queremos ver, não queremos ouvir, não queremos crer.


Em pleno Século XXI a escravidão rola solta. A dominação de poucos sobre muitos faz profilerar condições cada vez mais sub-humanas para os abandonados, os distantes, os invisíveis.


Hoje - na data do dia de hoje (da sua leitura desta simples mensagem) são 27 milhões de escravos pelo mundo. Uma 'indústria' que movimenta anualmente 32 bilhões de dolares!


Cadê os John Newtons e Wilberforces do presente?


Se emocione e divulgue: Invisible Children

17.9.07

 

O mesmo livro?


Você leu o Evangelho Maltrapilho de Brennan Manning?

Este é o livro que mais me impactou nestes últimos anos. Com certeza o mais tocante e edificante. Agora se você se aproxima dele carregado de preconceito - distante do aprender e de um novo viver - então, deixe o livro fechado!

Muito são influenciados pela opinião superficial e distorcida de outros, e carregam um repertório de espinhos que traz rejeição a tudo que se apresenta um pouco fora do esquadro ortodoxo.

"Isso é nome pra livro cristão? ... Maltrapilho? Qual é?"

Minha resposta é: leia!!

Se é o mesmo livro, pelo mesmo autor, certamente você sairá tocado. De acordo com Yancey é o autor de maior impacto entre as novidades do mercado literário.

Davidson (o Fábio do Doxa Brasil) destacou esse pedaço - veja por completo aqui na Confraria Eklesial. Quer ler um capítulo para ter certeza do que estou escrevendo, veja aqui no saite da Mundo Cristão:


O chamado pergunta: Você realmente aceita a mensagem de que Deus está perdidamente apaixonado por você? Creio que essa pergunta esteja no cerne da nossa habilidade de amadurecer e de crescer espiritualmente. Se no nosso coração não cremos realmente que Deus nos ama como somos, se estamos ainda maculados pela mentira de que podemos fazer algo para que Deus nos ame mais, estamos rejeitando a mensagem da cruz.



O faxineiro do banheiro no Centro de Exposição estava meio que buscando reforço para o seu sacrifício de 3 noites diretas de vigília (!) para superar um problema.

Ao compartilhar em misto de murmúrio e sociabilização, sua empreitada, eu respondi de bate pronto: "Mas é isso que Deus quer de você? Precisa mesmo?" Depois fiquei no meu lado para não desorientar ainda mais o jovem desorientado. Vai saber de que Bíblia o cara leu aquilo (!?)

16.9.07

 

Tema recorrente


Uma historinha:

A família acorda cedo, e em meio às pressões inerentes para não chegar atrasada, apressa seus membros a se vestirem, tomar café e ir para o carro. É um ritual, uma historinha se repetindo semanalmente. E herdada de pai para filho, três a quatro gerações – ao que nos consta.

Há uma ‘dificulidade’ enorme para coordenar a multidão de cinco pessoas – você incluso – para em seguida percorrer cinco minutinhos de carro, estacioná-lo e fôlego disfarçado, iniciar formalmente as suas obrigações dominicais.

Acontecia comigo – enquanto os filhos eram menores.
Lembro-me também, que quando criança, meu pai, por ser o Superintendente da Escola Dominical, se estressava conosco. Administrar cada segundo de maneira hercúlea para transformar nossa moleza-preguiça infantil em pontualidade na porta da igreja.

Os pais são o carimbo principal a deixar uma marca indelével nos filhos. A igreja realiza um papel secundário. Não tenho o que queixar dos meus pais – e espero (e assim observo) que meus filhos idem. É impossível comparar os papéis. A família é uma coisa, e a igreja outra. E é a outra que me preocupa.

Que influência adicional nossos filhos recebem? E o que continuarão a receber – independente de nossa atuação? Que ajuda – complementar, especial, extra ou adicional – nós pais, teremos? Qual então é o papel da igreja com relação aos pais? E aos filhos dos pais? A igreja de hoje, está cumprindo com suas funções?

Por favor! ‘Contextualização’ é uma resposta demais simplória. Muito limitada. Há algo além, muito profundo, porém ao mesmo tempo básico.

Quem está disposto a refletir?

- - - -

Por favor, me entenda. Se insisto nesta questão, é porque sei que há algo em ebulição. Respiramos o assunto via blogosfera, conversas de botequim, fofocas de telefone, corrente de e-mails e relatos de orações intimistas num quarto escuro.

Irmãos e irmãs estão inconformados com a Igreja de hoje. A de ontem carregava seus traumas, sua limitações e seus problemas da época. Uma já passou e a outra está aqui. E é a outra que me preocupa.

Há algo no ar que alimenta um confronto, ou até mesmo, quem saiba uma ruptura. A decisão, apesar de pacientemente postergada, não garante que se sustente inerte.

É claro que na órbita macro estamos impotentes. O que fazer do Brasil, com Renan? Ou da nação Corinthiana, com Dualibi? Esses dois importantes exemplos – por mais sérios e profundamente arraigados à nossa esfera emocional, se apresentam de maneira grandiosa demais para nós.

Mas o que dizer da órbita pessoal? Como tratar as preocupações que deságuam no foro da decisão individual – aquelas que envolvem a sua pessoa, a sua família, seus filhos, o seu micro universo?

Há uma dicotomia clara e preocupante do mundo real (com suas pressões, diversidades e velocidade) e o mundo ideal e dominical. É abismal o que separa o resto da semana com o chamado dia do Senhor.

Estou aqui criando uma analogia, onde o domingo representa a nossa fé e o que nutrimos dela e para ela – de maneira individual e familiar. E os dias úteis – incluindo o sábado do lazer – representando a prática. Envolve você como individuo (ou a mim), seu cônjuge e seus filhos. O resto da semana é uma coisa, e o domingo outra. E é a outra que me preocupa.

Você não se preocupa com o futuro de seus rebentos?

A igreja como instituição no âmbito local vem deixado buracos cada vez maiores. Não há fulanização ou acusação frívola. Eu sou o responsável – sou réu confesso por cavar ainda mais os buracos em que cai. Mas não se trata de casos pontuais. A soma de problemas específicos só permitirá ver o quadro geral com maior clareza – e nada mais.

Aqueles senhores – na liderança local - já pegaram o barco andando. Receberam a herança daquele jeito. E nesse círculo vicioso, os problemas se reproduzem, se repetem e se alargam. O buraco se torna cratera.

Longe de transferir uma obrigação. Pais não ousam e nem admitem transferir o que é responsabilidade com amor – e coloque amor nisso. Muito amor e muito cuidar. A questão é estarmos sozinhos. Algo está errado. A família é uma coisa, e a igreja outra. E é a outra que me preocupa.

Reclamamos e lamuriamos. Os pastores não pastoreiam, os professores não ensinam, os cristãos não vivem como Cristo, e as igrejas não são comunidades de amor. Somos responsáveis diretos dos fatos. A catarse profusa é apenas o início.

12.9.07

 

O Momento


O relógio é grande. Enorme. Não consegue dizer as horas. Está emudecido pelo tempo, pelo cansaço, pelo desleixo. Ele me diz que está na hora de mudar. Mudo, me diz: mude!

- - - -

O Brasil está empatado. Não é o jogo de futebol. É a situação.


Esta é uma situação e tanto. Empata-roda, trava-perna, corta-músculo, fecha-frente, para-cérebro. O que dizer? O que fazer?


O senador Renan não guarda mágoa. Nobreza. Sutileza. Safadeza.

Brasil ... Meu Brasil brasileiro ...

- - - -

Ofegante, peço instruções. A direção é certa, mas estou atrasado. Na verdade o evento terminou, mas não me importo. Sabia que não chegaria a tempo. Só não posso perder o protagonista.

Mais uns passos e lá estou.

Cheguei no amém – digo com o riso amarelo e cumprimento o primeiro conhecido. Ele nota a minha presença, o ambiente está calmo, e eu estou agitando o pedaço com minha chegada, com minha interrupção, com minhas falas, minhas tiradas, minhas defesas que baipassam a timidez.

Falo com um misto de entusiasmo, reverência, naturalidade e tentando pegar na veia para dar continuidade ao bate papo. Não me diga – ele me responde. Todo destrambelhado rasgo o plástico que protege o livro. Soletro as letras com naturalidade – o meu nome é difícil em qualquer língua, e estou acostumado a faze-lo desde os 12 anos de idade (em português e inglês). Aí é sua vez. Sua Montblanc é básica mas é Montblanc. E ele assina: Os Guinness.

 

Cristianismo e Mercado


Creio ser este o mais importante tema para reflexão nos dias de hoje. Vamos precisar de toda ajuda possivel. E teremos que envolver o maior número de pessoas nessa discussão.
Como cuidar para que o resultado de nossa fé não seja dominado pelo mercado?
Quando falo de mercado, estou dizendo o que o têrmo Marketing insinua e determina.

Marketing é tudo – dizia o guru da Administração, Peter Drucker. E é aqui onde o perigo mora.

Marketing e mercado significam num sentido mais amplo, aceitação e consumo. Por isso o grande golpe à nossa fé hoje, é deixar os tangíveis e intangíveis do Cristianismo ser orientado para e pelo consumismo. O mundo moderno exige uma sensibilidade cada vez maior, para com o que está na moda, o que é legal, o que é por dentro. É isso que dá referência e endosso.

Não somos deste mundo. Nossa mensagem é louca, e os resultados de nossa fé devem seguir parâmetros estranhos ao status quo, e diferentes do gosto comum. No entanto o que mais temos visto no ‘processamento’ dos produtos (os tangíveis e intangíveis – resultados de nossa fé) é uma orientação ao bom senso - ao senso comum e majoritário.

É correta essa preocupação sistematizada com o mercado com o objetivo de maximizar a aceitação do que se oferece (quer por venda ou gratuitamente)?

Esta semana estou participando da sexta edição da EXPO CRISTÃ – e parte do que reflito está embasado neste texto. O desafio é claro para mim. Existe uma tentação para qualquer entidade (pessoa física ou jurídica) que empreende com produtos e serviços para o meio cristão, de usar de forma desmedida dos princípios que o Marketing determina.
Onde estará o aceitável? Onde reside o equilíbrio? Como defini-lo e como praticá-lo?

11.9.07

 

Os não conformistas



O Manifesto da economia digital faz uns 8 anos que foi lançado. Quatro grandes cérebros da internet escreveram sobre o presente e o futuro. Ao todo são 95 teses.

Just like old Luther, hein!!

E você pode (deve, e precisa) ler aqui (está em português!).

Pois tomo a liberdade para pegar a deixa do cluetrain em sua introdução e adaptar. Encaixa bem nesta situação de não conformismo que está tomando conta de pessoas como nós (eu e muitos dos leitores - incluindo também os que lêem e não comentam):

Uma poderosa conversação global começou. Através da Internet, pessoas (irmãos) estão descobrindo e inventando novas maneiras de compartilhar rapidamente conhecimento relevante (koinonia).

Como um resultado direto, mercados (rebanhos) estão ficando mais espertos— e mais espertos que a maioria das empresas (igrejas).


Não há rebeldia, não há desobediência. Pelo menos do lado dos não conformistas. E neles a percepção é clara. Sim, é do outro lado - daqueles que têm maturidade, poder, liderança e sabem o que precisa ser feito, porém nada fazem.

O sentimento claro para os não conformistas é que estes sim são os rebeldes e desobedientes.

Meu recado para os não conformistas: leia o cluetrain (até as pedras clamarão).

9.9.07

 

O amor sempre vai faltar

O amor sacia, inunda, toma conta.
O amor transforma, nutre, dá vida.

Uma dose mínima de amor traz muito
Traz efeito, traz consolo, traz esperança
Uma dose mesmo que pequena de amor
Basta para fazer um minuto, um dia, uma eternidade.


Nunca poderei dizer que amei demais
Ou que amei o suficiente.
O amor sempre vai faltar
Em falta sempre estarei.

Não tenho todo esse amor para dar
Não consigo amar
Nem no pouco eu amo
Quanto mais no muito

O amor sempre vai faltar
Fico devendo a você, fico devendo a ele
Fico devendo pro meu amor
Fico devendo pra quem eu amo
Fico devendo pra quem me ama
O amor sempre vai faltar

Amor está sempre em falta do meu lado
Recebo mais que retribuo
Sou amado mais que amo
Me alcança mais do que levo aos outros
O amor sempre vai faltar

Para eu amar, não posso parar, apesar
O amor sempre vai faltar

Ó Senhor me inunde do Seu amor
Para eu amar, Para eu amar
Pois em mim, o amor sempre vai faltar
Por mais que eu ame, por mais que ame
O amor sempre vai faltar

7.9.07

 

Esperança 2


Para você acompanhar o video clip postado anteriormente (que, btw tem a ver com a Revolução da Esperança, o nome do CD):


Sou um ateu
Brian McLaren e Aron Strumpel

Sou um ateu quando se trata do deus violento da jihad
Sou um ateu quando se trata do senhor que converte pela espada
Sou um ateu quando se torna missão de políticos usar a religião como munição

Eu creio em Você, o artista de arvores e galáxias
Eu creio em Você, o poeta dos oceanos e rios e córregos
Eu creio em Você, no Deus de compaixão que nos chama para a ação
Eu creio em Você

Eu não posso crer no que eles crêem, mas eu creio em Você (8x)

Eu creio em Você, o majestoso arquiteto do espaço e do tempo
Eu creio em Você, o compositor da beleza e da musica da vida
Eu creio em Você, o santo perdoador e selvagem reconciliador
Eu creio em Você

Sou um ateu dos deuses da ganância que ignoram os necessitados
Sou um ateu dos deuses que levam aos outros a tortura e o sofrimento
Sou um ateu quando se aceita a visão dos poucos escolhidos, que julgam e condenam quem deles é diferente

Eu creio em Você, poderoso e manso e gentil em poder
Eu creio em Você, a palavra falada com boas notícias ao quebrado
Eu creio em Você, o mistério transcedente, conosco na história
Eu creio em Você


O nome do álbum é: CANÇÕES PARA UMA REVOLUÇÃO DE ESPERANÇA, VOLUME 1, com o subtítulo Tudo Deve Mudar. O CD é produzido por BRIAN D. MCLAREN em colaboração com THE RESTORATION PROJECT. Debaixo desse esforço deepshift




Tudo deve mudar
Jesus, Crise Global e a Revolução da Esperança

que é precedido pelo novo livro do McLaren que será lançado dentro de um esforço global por sua editora (Thomas Nelson antecipa o lançamento em oito línguas, Português incluso). O provável título em português (se é segredo Carlão, considere confidencial somente aquela Mensagem Secreta – ok? O resto está tudo muito bem r e v e l a d o !)

 

Esperança


“Nesta semana a Visão Mundial mudou”, comentou um dos participantes da reunião trianual do Conselho de Diretores dessa organização que serve 100 milhões de pessoas pelo mundo todo. Passa de uma centena de países onde atua!

A razão dessa carga energizada de ânimo é a consolidação de um trabalho global, que representa uma das mais importantes (se não a mais importante)iniciativa cristã de impacto no mundo em toda a história da igreja. A Visão Mundial tem três pilares que sustentarão o foco de atuação: Socorro (relief), Desenvolvimento humanitário e defesa dos direitos.

Segundo Jim Wallis - que participou como preletor do encontro - “essa última coluna é bem recente e muito controversa. Tem a ver com a raiz das causas do sofrimento humano, com a injustiça que leva destruição para tantos, e com as políticas das nações e das organizações internacionais que obstruem as verdadeiras soluções para a pobreza.”

Leia mais here.

5.9.07

 

Sou Ateu!!


 

Aderi

Sim!!

Eu aderi. Abandonei o barco. Sou um ateu agora. Veja o por que no video acima!

Confesso: fui influenciado por Brian McLaren e pelo Bob Cornwall (que é pastor e crente) que me mostrou o vídeo. O álbum (cd) sai em Novembro. Já estou cantando.

4.9.07

 

O Forte e o Fraco

Se você é forte, não despreze o fraco
O forte suporta, aguenta - pode dar amparo.

Se você é forte, sirva o fraco
Dê-lhe sua paciencia.
O forte deve compreender, enxergar longe.

Se você é forte, vá aquela miulha extra,
Dê ao fraco coragem, motivos e fé.

Se você é forte, fortalece com sua força o fraco
Não deixando que ele vacile - proteja-o.

Ao fraco nada peça, ofereça
Ao fraco não o chame assim.
Faça-o sentir-se igual, quem sabe pouca coisa superior.

Não lhe feche a porta, abra-a
Não retenha sua mão, estende-a
Não apague sua luz, acenda-a
E mais importante, acima de tudo
Você que é forte, ame o fraco.

 

Os Guiness


Já faz tempo. O inverno europeu tinha sido forte. Eu estava com vinte anos, e acompanhado por um grande amigo e irmão (de tempos de berçário da IPI) rumamos pra Suiça. Nosso destino era a comunidade cristã L'Abri, fundada por Francis Schaeffer e sua espôsa Edith. Tinhamos lido alguns de seus livros (na época só se achave em Inglês) e ficamos sonhando com a viagem. Após uma troca de correspondências tinhamos luz verde. Fizemos as malas e fomos enfrentar o frio europeu.


Na bagagem eu levava um pouco de base teológica, uma cultura rala, um Inglês mais que razoável, e muita vontade de aprender. Aqui no Brasil eu estava iniciando minha carreira profissional, e sabia que precisava desse 'pit-stop'. Não imaginei que seria tão impactado na minha vocação, na minha carreira e na minha fé pessoal, e que mesmo algumas décadas depois, os frutos continuariam a germinar.


Foi lá que conheci o jovem casal Guinness. Nem tinha idéia que era nome de bebida - de fato o cara é da linhagem irlandesa da famosa cerveja. Os Guinness (seu primeiro nome se pronuncia 'ós') tinha lançado o livro The Dust of Death - cópia adquirida com direito a autógrafo. Em algumas ocasiões estive bem perto do casal, e depois pude conversar com muita tranquilidade com ele. Já naquela época ele tinha bem claro o que queria da vida. Citando um texto de II Crônicas ele exemplificava seu chamado: entender e interpretar os tempos para ser um sábio conselheiro do rei. Veja a lista de seus livros e você entenderá meu entusiasmo.


Ainda na Suiça, foi numa terça ou quarta à noite, que num pequeno grupo, fomos ao cinema. O filme, legendado em Francês, mas falado em Inglês, era Laranja Mecânica. Entrei no clima intelectual e discutimos alguns pontos interessantes. Fazia parte do 'treino' - num modo assim de dizer, a experiência comunitária de L'Abri.


Os Guinness virá ao Brasil semana que vem. Pessoalmente estou muito contente e animado. Ele vai falar no Seminário de Ética e Cidadania do Mackenzie. Mais informações aqui. O próprio Nicodemos d'O Temporas postou uma entrevista de véspera de sua vinda, aqui.


Da sua leva de escritos, temos disponível tão somente duas preciosidades: A Chamada (Cultura Cristã) e Os Sete Pecados Capitais (Shedd). As duas obras são leituras obrigatórias.


Creio que Os Guinness virá em boa hora. Muita gente vai descobrir nele uma das cabeças mais sagazes e argutas entre os pensadores e líderes cristãos nessa virada do Milênio. Além é claro, de um coração devotado e focado em servir a Deus e ao Reino. E quem sabe, os editores brasucas se entusiasmam e brindam nosso mercado com mais de suas obras.

1.9.07

 

Fraternidade

Ódio e amor
Angústia e paz
Torto e direito
Mínimo e máximo
Extravagante e modesto
Bêbado e sóbrio
Distante e intimo
Velhice e infância
Obvio e surpresa
Lá e aqui
Ontem e hoje
Passado e futuro
Ignorância e sabedoria
Guerra e ganho
Morte e vida
Extremo e equilibrio
Deserto e Oásis
Nunca e sempre
Superficial e profundo
Eu e você

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