29.9.07

 

A Semana

punk é a semana que faz você de domingo para segunda,
vir de táxi para casa,
chegando de madrugada,
e o seu carro indo de guincho direto para a oficina,
e não será cedo que vai ser consertado porque além de demorar
vai custar uns cascalhos dos bons,
e logo na manhã o despertador lhe hiponitiza,
e você se lembra que tem que ir de terno,
reuniões e correria,
e o almoço de executivos engravatados
e conversas de negócios sem fim,
e passam-se mais algumas reuniões
e mais algumas decisões
e o trabalho decide entrar na noite,
invadindo o seu particular e o seu privado,
e sua esposa vai ficando pê da vida
e você vai se cansando e sem nem pestanejar
e muito menos dormir,
para terça acordar
pois já está tocando o seu alarme-despertador,
banheiro, barba, chuveiro, gravata enforcando seu pescoço,
e reuniões e decisões,
e sua energia vai sendo sugada pelo trânsito,
pela marginal, pela via dutra,
e pelo sem-parar que tem que parar pois soou a sirene indicando inadimplência,
mas tudo é culpa do banco que não entende os detalhes da mecânica,
e o que será mais meia hora de atraso,
e mais reuniões e mais decisões,
e o trabalho entra na noite,
mesmo que tenha pizza da família nos pais,
e é tio é tia é prima, a ouvir piadas e historinhas,
e pegar carona para evitar o táxi ao quadrado
na bandeira dois de dois minutos para voltar,
e ainda estamos para ir para o quarto
e já chegou a quarta,
e é o mesmo carrossel de altos e baixos
de altas atuações, baixas ações,
e a bolsa não estou nem aí,
telefonemas, escritas e emails,
e reuniões e decisões,
e à noite vem o jantar de comemoração de vinte anos de abt
e você sorri, tira fotografia, brinda, é homenageado
e se orgulha com a cara metade,
e sem perceber foi pros quintos por causa da champagne
sem brindare un’amore,
e já estamos na quinta,
e aeroporto, mas antes o trabalho,
e nextel pra cá, celular para lá,
e reuniões e decisões,
e reuniões e negociações,
e mais calor, mais trânsito, mais congestionamento,
mais uma tarde de trabalho que visita a noite e escurece as vistas,
e esquenta a cabeça e sex tá pro dia seguinte,
e já estou na cesta, e morto,
mesmo assim acordo e corro para não deixar o rodízio me pegar
e pego quem é o gajo do rodízio,
com café da manhã e manhã com café,
e mais reuniões de trabalho,
e trabalho de reuniões,
e decisões de trabalho,
e trabalho de decisões,
e no entre meios mais tráfego e trânsito,
congestionamentos você já sabe, né,
sempre seguindo o mesmo tic tac, tic tac do relógio digital,
e o tecle tecle dos botões que escrevem sem parar,
e a noite que adentrou o trabalho
e mandou você descansar,
pois finalmente é sábado, dia do descanso,
mas se estiver bem,
um arremate de trabalho pois ninguém é de ferro
já que não deu pra fazer tudo
nesta semana punk

Comments:
Não sei. Às vezes um pai, um marido, enfim, um homem precisa disso. Ficar em casa sem eira nem beira ou andar pelas ruas sem destino, temendo a hora de voltar para casa de mãos vazias pode ser uma tortura ainda maior e menos suportável. O fato é que nos metemos na encrenca e agora temos que segurar a onda. Boa semana punk para você.
 
Que legal, seu texto! Vai num ritmo punk, sem parar, bem no espírito da coisa! Mas calma, dê um tempo pra você mesmo! Olha, cuidado com o coração, a pressão, essas coisas.

Take care...

:)
 
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