31.5.08

 

Cristianismo Código Aberto - Recap

Estamos terminando o mês de maio - das mães e das noivas, com uma discussão em andamento. É mais uma conversa, na verdade. Trata-se do tema Cristianismo Código Aberto.

Foram três postagens, uma está no forno, e ao todo já temos 23 comentários - ou seja dá pano pra manga. Participe e me ajude no desenvolvimento do tema.

Para ler, comece por aqui, em seguida o dois e aqui tem o três.

Comente à vontade traga sugestões, perguntas e debates ...

30.5.08

 

O Velho e o General


Já era para terminar a leitura do General, por ser vívida e instigante. E, para dizer pouco mais, deliciosa. A semana a me afogar no trabalho, devo acabar no sábado à noite.

Ao longo dessa viagem, e desde seu início, o paralelo do velho de Eclesiastes me vem à mente. É uma histórinha curta e assim como a de Jabez, fica escondida em pouco versos. Veja se voce consegue achar. Trata da cidade sitiada, onde seus habitantes são tomados de mêdo mortal, até ouvirem o estratagema bolado pelo velhinho sem nome. Os detalhes são salomonicamente omitidos. Mas a cidade escapa e fica a salvo. E o velhinho? Volta para sua insignificância. É a vaidade e a perspectiva exclusivamente. A sina dos mortais é frustração e contentamento. Uma resignação inglória aos destinos ou se preferir - maktub - ao destino.

O mérito de García Márquez é passar os sofrimentos de um pobre coitado, para o leitor.

Diferente de se mergulhar na leitura, as letras mergulham em você. E o cara, que com toda a sua glória de libertador e grande líder (a mais importante personalidade dos países andinos), por ser carne e osso como eu e você, lentamente, página após página vai se reduzindo à sua insignificância.

27.5.08

 

No Labirinto das Línguas



García Márquez não usa em hipótese alguma advérbios de modo em -mente, sempre substituidos por locuções adverbais; e se zanga quando a tradução não o segue nessa indiossincrasia.
Moacir Werneck de Castro

Pelos relatos da família, meu pai sempre foi amante das letras. Precoce, na idade de cinco anos, se prostrava de bruços no chão da sala, lendo em voz alta o saldo de jornal de meu avô. Aos doze anos foi estudar na cidade vizinha, e para tanto tomava sozinho o trem bem cedo. Dedicado, seguiu carreira das Armas. Com a língua inglêsa, nela se esmerou com repetidas assinaturas anuais da revista Time.

Me lembro que a cada quinze dias ganhava uns trocados por limpar sua mini biblioteca, que repousava sobre as estantes de madeira. Eram coleções de livros de guerra, uma infinidade de pocket books, dicionários os mais variados, diferentes tipos de Bíblias e as pilhas e mais pilhas de revistas.

Neste fim de semana, ao buscar meu pai para um almoço especial na 1ª Igreja, me deparei com O General em seu Labirinto, de Gabriel García Márquez. Mergulhei em sua leitura de pronto, sem antes guardar sob a quarta capa um recorte de jornal de 12 de outubro de 1989 que encontrara nos meios das páginas já transferindo seu amarelado para as páginas onde repousava. Era a explicação do tradutor, com um pequeno trecho que reproduzi acima. O título: Traduzindo García Márquez, chamou meu pai em suas leituras diárias de jornais. Não sei o que veio antes, o recorte ou o livro.
Foi com determinação e muito estudo que seu Inglês foi aprimorando, até ganhar por méritos uma função especial que nos levou aos Estados Unidos. A família e mais uma prima como agregado. Como estava no início de minha aborrescência - pude desfrutar do aprendizado da língua e de outras absorções culturais. Incluiria nessa categoria os esportes também - até porque o Baseball é algo muito americano, apesar do Japão, Venezuela e Cuba serem igualmente fãs da peleja do taco e da bola de madeira revestida de couro branco. Aprendi esse esporte, após comprar luva (para a mão esquerda, pois a direita deve ficar livre para se lançar a bola).
Mas o que sempre me fascinou - até os dias presentes, apesar do entusiasmo não ser o mesmo, foi o Basquete. Acompanhava dominicalmente pela televisão, os embates entre Bill Russell e Wilt Chamberlain. O primeiro era o grande expoente do Boston Celtics. O segundo, o maior reboteiro e pontuador da NBA em seus primórdios - defendia as cores do Philadelphia 76'ers.
Hoje me encontro mais introspectivo e amante das leituras. Um misto dos anos indo, das responsabilidades e desafios profissionais, e a percepção clara que a tal da revolução virá pelo poder da palavra e da Palavra (ou vice versa, se preferir).

Digo a você, que nas primeiras páginas, esse talentoso colombiano já me conquistou.

25.5.08

 

Um legado


Conheci Francis Schaeffer mais de perto enquanto descíamos pelas calçadas e caminhos de Huémoz, uma estação de esqui encrustada nos Alpes Suiços. Já era noite, e logo teriamos o encontro no salão de reuniões denominado Farel House. Estávamos em L'Abri, um sonho acalentado de vários meses que se tornava real naquele início de janeiro.


Duas coisas ficaram vívidas na minha memória ao longo desses anos todos. A primeira foi uma situação de perigo. Era inverno forte, bastante frio. Descíamos pois estavamos mais para a parte alta da Vila, e apesar de todo o cuidado ao andar, Schaeffer escorrega sobre a calçada revestida de gêlo. Eu e meus companheiros, o Neto e mais alguns americanos, nos pusemos a socorre-lo, aprensivos. "Isso acontece - graças a Deus estou bem." Ele se pôs de pé e continuamos a caminhada. Não sem antes dirigir-se a mim, preocupado com a situação política no Brasil.


Vivíamos num estado de exceção. O AI-5 já tinha mais de quatro anos, porém seriam necessários mais alguns anos até a abertura definitiva. Ele estava apreensivo, com o estado de direito, com a liberdade, com a democracia como caminho para soluções políticas.


Schaeffer entendia que a democracia era um preceito dado por Deus - em todos os aspectos resgata dignidade e valor à sociedade e ao indivíduo. Eu pessoalmente - ainda muito jovem, não sabia como elaborar uma resposta - fiquei a ouvi-lo. Esses dois contrastes me ajudaram em muito. Primeiro que o meu 'ídolo' da juventude era carne e osso. Acho que isso eu levo comigo de maneira muito forte. Sempre tive com os poderosos e personagens de destaque - daqui e d'além mares, esse misto de desrespeito honorável e desconstrução protocolar.


Em segundo lugar que o bom cristão é crítico e engajado. A maneira como o diálogo se sucedeu eu perdi na memória, mas o impacto de sua preocupação mudou meu jeito de ver o mundo. Sua pergunta não havia sido: como vai a igreja, como está o mercado editorial, como estão os seminários ... lá no Brasil? Sua preocupação denotava profundidade e esclarecimento. Sua visão macro atacava as causas, não os efeitos. Ele queria saber do bem estar do povo, da estrutura social e da justiça no nível da sociedade como um todo e do indivíduo como cidadão.


Esse primeiro episódio é mais do que simbólico, por ser revelador em extremo. Hoje olho para a década de 80 e compreendo suas motivações nos títulos que desafiavam o cristão para uma maior assertividade na sociedade e na cultura. É claro que o aborto ganhou destaque para a época - era o clímax da hipocrisia na sociedade americana. Mas ele não era um cara de causa única. Com relação à guerra do Vietnã, ele era um opositor a Nixon e às suas políticas - por isso, não creio que ele hoje seria pró Republicano Neo Conservador. Mas isso é especulação.


A grande injustiça com Schaeffer é a de presumir que suas motivações permaneceriam estáticas diante das novas e mais complexas situações em que vivemos hoje. Schaeffer se distanciou cada vez mais do pensamento 'main stream' americano. Impossível entende-lo sem que se conheça Hans Rookmaaker mais a fundo - seu mentor no mundo das artes. Schaeffer ousou ao questionar os 6 dias literais de Gênesis. Ele sempre recebia paulada dos dois lados do espectro teológico - e dizia com certa ironia, de que isso lhe fazia bem pois era indicador de que estava no caminho certo. Os calvinistas extremos criticavam sua paciência em responder e explicar os caminhos da fé - sendo ele mesmo um calvinista. Queriam que ele utilizasse os termos teológicos e abordagens puristas (preciosamente perfeitas) - o que ele dava poucos ouvidos e sim, abraçava um pragmatismo amoroso e cheio de compaixão.


O outro episódio que me marcou muito foi um telefonema que ele recebeu no meio da tarde. Estávamos eu e mais uns dois colegas, desempacotando as caixas da mudança do casal, para seu novo chalé. Foi nesse ano que eles fizeram uma mudança mais radical, deixando Chalet Les Meleses, onde tudo nasceu - e onde por quase vinte anos foi palco da hospitalidade e do coração do projeto L'Abri. Ao atender, praticamente todos que estavam na casa puderam acompanhar a sua fala com essa moça cristã. Me parecia da África do Sul - não sei por certo. Schaeffer repetia sem parar enquanto sua interlocutora relatava as notícias: "Oh I am sorry." Percebíamos pelo tom de sua voz, que ficava mais aguda e comovida, que realmente não eram boas notícias. E em seguida, ele fala alguma coisa a mais de conselho e conforto, e põe-se a orar. A gente por perto, emudecido e arrepiado. "Senhor Deus, separados por milhares de milhas, vimos juntos à Tua presença para humildemente Te pedir ..."


Schaeffer era isso - carne e osso, e muito coração. Schaeffer era isso, tomado pelo Espirito e muita oração. O cara era um gigante da fé.


Num aspecto mais abrangente, L'Abri me fez muito bem. Transformou meu modo de ver o mundo, me libertou de muito lixo e porcaria que carregava, me deu segurança na forma radical em que estava recém vocacionado, permitindo que ocupasse função de relevância no meio profissional com muita ousadia. L'Abri foi um tempo de descoberta e libertação para mim.


Percebi que a fé não tem horizontes demarcatórios, que a vida cristã tem que ser assumida de maneira individual e não pelo que os outros acham. Que teria que continuamente depender do Pai e sempre me acertar com Ele - os ponteiros do ritmo e os ângulos dos caminhos trilhados. Compreendi melhor o mundo com seus movimentos sociais, políticos e intelectuais - me fez enxergar e discernir o significado de ser cristão no nivel individual e comunitário. E consolidou a minha fé e o meu chamado para que até hoje eu continue lutando por transformações.


Eu fui um leitor ávido do homem. Em algumas ocasiões compartilhei com irmãos - quer em palestras e aulas, o que aprendi com os seus escritos e os derivados. É fato que sua trilogia era um 'must read' para quem fosse trabalhar com jovens e universitários. Era parte do currículo da ABU. A complementar suas leituras estavam John Stott, Os Guiness e os teólogos latino-americanos evangélicos. Em 74, no Congresso de Lausanne, o único americano a não destoar das ênfases trazidas pelo terceiro mundo foi Schaeffer - pois ele mesmo entendia o significado da missão integral e mais - a praticava no seu dia a dia.


Hoje enquanto, só nos Estados Unidos cerca de 90 bilhões de dolares são arrecadados anualmente para Missões e Organizações Humanitárias, percebemos o quanto Schaeffer e L'Abri não eram dirigidos pelo mercado. Muitos dos seus colaboradores íntimos atestam esse desprendimento e manutenção de princípio. Até sua morte, a vendagem de seus livros suplantaram milhões de unidades. E todos os direitos eram revertidos para L'Abri.

Seu estilo de vida simples - bem aculturado para um residente na Suiça; sua dedicação incansável aos temas que tocavam sua época: a arte, a cultura, o entendimento e assertividade da fé; e seu exemplo como figura cristã e humana são legados que farão que Francis Schaeffer permaneça em destaque no rol dos gigantes da fé. Sempre que havia um confronto com o pensamento do homem moderno - contestador e questionador, estava ali em Schaeffer alguém que podia aplicar I Pedro 3:15 com extrema propriedade.


Era vida e compaixão juntas. Seu impacto positivo perdura até os dias de hoje.

24.5.08

 

Fim de feriadão

O que me ocupa o pensamento incessantemente é a questão: o que é Cristianismo de fato, ou na verdade: quem é Cristo de fato para nós hoje. O tempo em que se dizia tudo às pessoas por meio de palavras, seja pela teologia ou devoção, já se acabou, e assim também o tempo para reflexão e consciência - e isso significa para a religião em geral. Estamos indo para um tempo de total ausência de religião; do jeito que as pessoas estão hoje simplesmente não podem ser mais religiosas.

Até mesmo aqueles que honestamente se descrevem como 'religiosos', não fazem o mínimo para tal, e assumem que o significado de religioso é bem diferente ... Como esse Cristianismo sem religião aparenta, que forma ele toma, é algo em que me dedico a pensar ...

Bonhoeffer - Cartas da Prisão (1945).

Fonte Bonhoefferblog do Bryan

23.5.08

 

Manifesto Evangélico

Evangelicals have no supreme leader or official spokesperson, so no one speaks for all Evangelicals, least of all those who claim to.

Evangélicos não tem um líder supremo ou um porta-voz oficial, então ninguém fala pelos evangélicos, muito menos aqueles que se apropriam desse papel.

As followers of “the narrow way,” our concern is not for approval and popular esteem.

Como seguidores do 'caminho estreito', nossa preocupação não reside em aprovação ou consideração popular.

Reformers, we ourselves need to be reformed. Protestants, we are the ones against whom protest must be made.

Reformados, nós mesmos precisamos de reforma. Protestantes, nós somos a quem os protestos devem ser feitos.

We confess that we Evangelicals have betrayed our beliefs by our behavior.

Confessamos que nós Evangélicos traímos nossas crenças por nosso comportamento.

All too often we have failed to demonstrate the unity and harmony of the body of Christ, and fallen into factions defined by the accidents of history and sharpened by truth without love, rather than express the truth and grace of the Gospel.

Continuamente temos falhado em demonstrar a unidade e a harmonia do corpo de Cristo, e temos caído em facções, definidas pelos acidentes da história e afiadas pela verdade sem amor, ao invés de expressar a verdade e graça do Evangelho.

Above all, we remind ourselves that if we would recommend the Good News of Jesus to others, we must first be shaped by that Good News ourselves, and thus ourselves be Evangelicals and Evangelical.

Acima de tudo, resgatamos que se quisermos recomendar as Boas Novas de Jesus para outros, precisamos antes sermos moldados pelas Boas Novas, nós mesmos, e assim sermos Evangélicos e Evangelicais.

Evangelicals have trumped the causes against abortion and liberal theology while refusing to acknowledge their own vices such as consumerism and materialism.

Evangélicos tem esbravejado suas causas contra o aborto e a teologia liberal, porém recusando a reconhecer seus próprios vícios como o consumerismo e o materialismo.

Evangelicals forgot about the parts of the Bible that talk about Creation.

Evangélicos esqueceram-se das partes da Bíblia que falam acerca da Criação.

Evangelicals have fed anti-intellectualism in churches and have separated science from faith.

Evangélicos tem alimentado um anti-intelectualismo nas igrejas e tem separado a ciência da fé.

- - - -

Essas são algumas das afirmações encontradas no Manifesto Evangélico que foi recém divulgado nos USA, tendo à sua frente gente do naipe de Os Guiness, Dallas Willard, David Neff, Rich Mouw ... (biografias aqui).

Apesar da forte resistência da ala conservadora (coincide em ser de direita), o Manifesto ganha adesões. Seu conteúdo está sendo discutido além da forma. Há é claro aquelas reações de sempre (e óbvia, pela direita - huuummm, conservadores) do tipo: "se Jim Wallis assinou eu já sei o que se pretende ... " - para nós brasucas entendermos, o Jim Wallis é considerado muito avançadinho (e de esquerda), daí esse tipo de comentário.

Basta assistirmos um pouquinho do que acontece por lá, para entendermos o por que das coisas que acontecem por aqui. O mimetismo é forte.

BTW - se voce pode ajudar na tradução completa das 20 páginas do Manifesto, dê um toque no comentário, pois vou precisar de muita ajuda nessa empreitada!

22.5.08

 

Tempos (pós) Modernos

Marconi, Spencer, e Volney
Tempos incríveis não?



E só posso afirmar isso, pois fui lentamente me adaptando ao mundo real e verdadeiro que me cerca. E - sem sombra de dúvida - nutrido em minha fé, e pela graça, mantendo-me ligadão nEle!


Sem isso, é muito dificil para os da minha geração se contextualizarem no tempo presente. E olha que não estou aí pra dar aulas desse tema - sou um mero aprendiz e sento-me lá no fundão.



Almoçando com o herege



De um lado estive nesse fim de semana sentado ao lado de um grande virador de mesa de nossos mundos evangelicais. O Spencer Burke foi retratado pelo Luís aqui. Ele proporcionou uma agradável conversa com café no sábado, junto com o próprio Luís e o Marconi. E depois nosso grupo almoçou no domingo, tendo à sua frente o Ed René como questionador. Uáu! Pena que não gravamos. Entre saladas e cocas zero (só eu que estava de chopps) os pratos principais eram os teólogos latino americanos, a pós-igreja-emergente (!!), eclesiologia pela eclesiologia, os dilemas das denominações tradicionais, editoras tímidas e medrosas, rompimento com o status-quo.



Spencer é um cara amoroso e revela o cristão com alma de artista (ou vice versa). Foi fotógrafo contratado da Kodak, deu aula em universidade, e era um pastor enquadrado no molde batista tradicional. Hoje dirige o Soularize - que é uma comunidade de ensino e colaboração, tem também o The Ooze. Viaja muito dando palestras e organizando encontros em lugares diferentes. Está sempre conhecendo gente nova. É escritor. Não tem nada a ver com um revolucionário a la Che, mas como figura polêmica ele consegue não perder a 'candura'.



Ao responder a primeira pergunta: "De onde vem seu sustento?" Ele fez um rápido retrospecto de sua vida nos últimos dez anos. Ele simplesmente pediu demissão como pastor de ensino de uma mega-igreja da Califórnia. Imaginem o melhor de vários mundos num só cargo: bom salário, excelente estrutura, visibilidade, reconhecimento ... mas ele não queria mais se preocupar (entre outras coisas) com o casal de Cherokee precisando achar lugar no estacionamento para confortavelmente assistir o culto sem que isso fizesse diferença no resto da semana. Ao longo dos anos seguintes ajudou numa das igrejas filhas - mas sem ser assalariado. E hoje ele tem alguns ganhos esporádicos, mas consegue se sobreviver graças ao estilo ultra-simples de vida em família. A esposa trabalha de casa, três dias na semana. A casa que eles tem é simples e pequena e está quase totalmente paga.



Sobre o livro - ainda sem tradução mas cujo título deve ser "O Guia do Herege para a Eternidade, ele compartilhou que ele e mais o outro autor resolveram colocar a pecha de herege por conta própria antes que outros o fizessem. Foi um tempo instigante e agradável. Esse livro especificamente foi bem discutido aqui ( texto e os comentários - em Inglês).



O cara em si, e os temas abordados dão um bom pano pra manga.



Discordando com o fraterno



De outro lado, sou pego tentando explicar para o Roger, quem foi Francis Schaeffer - um dos gigantes da fé do século passado, a quem merece um post mais que exclusivo. E se possível fazendo de maneira fraterna (como aliás deve ser).



Schaeffer me influenciou muito ao longo de minha juventude. Reconheço como os alicerces de minha fé foram fortalecidos pela minha experiência em L'Abri. Conheci gente boa por lá. Sei também que as bases para abraçar de vez o Evangelho Integral (ou Missão Integral) vem desse tempo que estive por lá. Seus textos são referência para se entender o mundo e nossa cultura. Aqui em português.



Hoje, enquanto vemos os Estados Unidos passando por uma certa catarse ao expulsar os demônios que fizeram o país entrar numa guerra imbecil, discute-se a influência de Schaeffer para a formação da direita religiosa (que por sinal sustentou e garantiu Bush nas duas eleições para presidente). O livro "Crazy for God" de Frank Schaeffer (o filho) é um bom combustível na polêmica.



Se somarmos os pitacos em terra brasilis, tanto pelo Gondim como por Caio, e mais a matéria da Cristianismo Hoje sobre L'Abri, podemos dizer que tem mais pano pra manga.



Escrevendo com o coração



Na margem postando por aqui, compartilho uma noção duo-milenar (se não eterna) e que ganha forma e analogia com nosso mundo digital: o Cristianismo Código Aberto. Aqui tem as postagens 1, 2 e 3. Tem mais no forno. Aguarde.



Para ilustrar mais a miúde, como funciona na prática o código aberto e livre, nesta segunda estivemos juntos, Pava, Ricardo Diversitá e o Thiago. A comunidade e a fraternidade fazendo parte do dia a dia. Era uma loucura fazer um pit stop em semana curta e agitada. Rolando na conversa os desafios da blogosfera e o valor que damos para essa grande confraria de irmãos e irmãs. O Ricardo tinha chegado na segunda, direto de João Pessoa. Ele e o Tiago têm a idade de meu filho caçula. Devido à minha forte capacidade de transmutação (he, he) trato os dois como preciosos irmãos.



Quando chego à noitona em casa, eis que vou ver como ficou o programa 4 do Zona da Reforma - estamos a falar sobre a Playboy e nossas irmãzinhas (de hoje -aparentemente não de ontem ...). Ainda tá mais pra zona do que pra reforma ... mas é o efeito (e não o defeito) que atrapalha um pouco.



E pra terminar minha argumentação - estou super animado com o Manifesto Evangélico acontecendo nos USA. Foi lançado no dia 7 e acredito que vai dar um bom pano pra manga.



Tempos incríveis esses!

20.5.08

 

Cristianismo Código Aberto (2)


O primeiro grande evento, sem a participação direta de Jesus, na história do Cristianismo - e como veremos a seguir, a fortalecer a tese do Código Aberto, aconteceu imediatamente após a sua ascensão. Quando veio Pentecostes - 50 dias após a Páscoa e detalhadamente relatado em Atos 2, avança-se em sua cristalização.


Todos ficaram cheios do Espirito Santo e começaram a falar noutras línguas conforme o Espírito os capacitava.

Jerusalém, por ocasião das festividades se tornava um espécie de ONU, vindo gente de todas as partes do mundo.


Partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia, Judéia e Capadócia, do Ponto e da província da Ásia, Frígia e Panfília, Egito e das partes da Líbia próxima a Cirene, e visitantes vindo de Roma tanto judeus como convertidos ao judaismo, cretenses e árabes.

Eis a ocasião mais que oportuna para inverter o efeito Babel, com a descida do Espirito Santo. A única 'religião' - a verdadeira e exclusiva emancipadora da Graça, anula o símbolo da busca aos Céus em torres construídas por homens, escadas que intentam alcançar Deus - no meio de uma confusão de línguas, comunicação e atitudes. Eis que agora o processo real e do Deus manifesto é Babel ao contrário: Deus descendo, dando línguas para entendimento e constituíndo naquele início da era do Espírito Santo, um efeito viral. Um contágio que deixava perplexos e maravilhados seus ouvintes. O impacto era fulminante em cada um daqueles a quem a Mensagem era apresentada. O Código Aberto ganhava força e determinação.

Nós os ouvimos declarar as maravilhas de Deus em nossa própria língua.

Babel fôra divergente. Pentecostes é convergente.

Mesmo quando se chega ao final deste capítulo 2 de Atos, a narrativa é uma prova cabal do poder transformador do verdadeiro e genuíno Cristianismo: aberto, livre, acessível, convidativo, includente, gratuito, alegre, simpático, festivo, e (por último e não menos importante) amoroso. Homens e mulheres adentravam na era da graça e do amor. A comunidade e os 'Códigos Abertos' eram assim descritos:
. Tinham coisas em comum
. Distribuiam valores de acordo com a necessidade
. Todos os dias se reuniam
. O pão era partido nas casas
. Havia participação de refeições com alegria
. Louvavam a Deus
. Conquistavam a simpatia do povo

Esta é a seqüência da série CCA, onde depois do (1) e do (3), o (2) acima fica agora (sem fechar), com o código ainda mais aberto e clarificado. A continuar ...

* Pentecost - canvas by Alexander Sadoyan

18.5.08

 

Cristianismo Código Aberto (3)


Tudo começou em Jesus. João, Pedro e Paulo e mais uns poucos - entre discípulos e new comers deram continuidade ao grande projeto concebido por Deus. A salvação do mundo, o cumprimento da grande comissão, a evangelização até os confins da terra, o indo ...

O cristianismo - que só mais tarde ganhou esse brand, com direito a peixinho e cruz em sua logotipia, deveria carregar em seu bojo a característica sempre revolucionária do código aberto.

O mistério (segrêdo) que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia se manifestou aos seus santos; (parentesis nosso) Colossenses 1:26

Era algo que parecia estar fadado ao exclusivismo judaico. No entanto arrebentava os muros de separação e do preconceito, para alcançar toda e qualquer criatura. Judeu e gentio!

aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória; Colossenses 1:27
A segunda Diáspora
Os acontecimentos do primeiro século da era Cristã se desencadearam num consequente efeito global para o Evangelho. Não somente as viagens missionárias de Paulo levaram a mensagem de salvação aos diferentes rincões da civilização, como convertidos judeus eram as sementes da multiplicação do Evangelho.

Na África Oriental, vemos a atuação do eunuco etíope - um convertido sem nome que após ter sido batizado retorna ao seu país cheio de júbilo. É possível (e aqui estou especulando) que seu nome tenha sido preservado para permitir que os esforços evangelísticos no palácio da Rainha e depois na Etiópia em geral, não fossem frustrados. Era a insubordinação em curso, 'pervertendo' a ordem reinante.

O Cristianismo Código Aberto ganha em seus recém convertidos, imediatamente fortalecidos pelo Espírito Santo, um impulso avassalador de adesões e entusiasmo - provavelmente nunca antes percebido em qualquer outro movimento social, e com uma relevância a toda a prova: a forma organizada de se apoiar e sustentar os mais pobres e menos favorecidos. Ou seja, apesar de subvertidos, dão a volta por cima e fazem o que nem Estado, Governo ou Imperador conseguem realizar.

Mesmo na controvérsia judaizante acerca dos convertidos gentios, há uma liberação de autonomia visando preservar-lhes o que na essência eram por não serem iguais (não-judeus). Ao enfatizar o que deviam abandonar como procedimento - os quatro rituais pagãos - ligados à uma religião código fechado (que acabavam de abandonar), lhes era franqueada liberdade. Aos irmãos mais velhos, a ordem era para que parassem de pertubar e transtornar a alma desses irmãozinhos (Atos 15:24). Em Paulo e Barnabé a mensagem do Código Aberto é selada e enviada a Antioquia, Síria e Cílicia.

Babel Teológica
Já nos primeiros séculos, a falta de alinhamento em questões doutrinárias acabam trazendo divisões e cisões entre os irmãos. Mas há nesse retrocesso, um outro lado da moeda que é a própria multiplicação de convertidos e o crescimento da cristandade. Mesmo quando se olha com cuidado as diferentes ordens religiosas - promulgadas desde o início dos relatos históricos da igreja, vemos dezenas de iniciativas. Homens e mulheres se esforçando em suas vocações de maneira autônoma e independente.

Se - conforme o relato em Gênesis, na Babel das diferentes línguas, o povo se dispersa e abandona a construção da torre, aqui na seqüência de Atos 28, a confusão causada pelas diferentes formas de se abraçar a fé, espalha os cristãos e faz o Evangelho crescer.

O bom é inimigo do ótimo

Há no entanto um grande revez em Constantino para o Cristianismo. O que parecia uma excelente iniciativa (um golpe de gênio): institucionalizar a fé - é na verdade uma grande subversão. O código tem que ser livre e permanecer solto. A inconsistência de tal medida servirá como breque ao crescimento genuíno do Evangelho e será um duro golpe à sua vitalidade. Cessa o vigor do código aberto.
Aguarde Cristianismo Código Aberto (2) - sobre Pentecostes

17.5.08

 

Fé categorizada


É correto colocarmos nossa fé em categorias? Classificarmos em quadrantes ou departamentos? Estabelecermos hierarquias e distinções?

Onde está a base para isso? Tenho visto e lido o contrário. A Teologia parece ser mais importante que o Amor.

Voce certamente se lembra dessa passagem:
há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé ...

15.5.08

 

Ministério e Vocação


A exemplo do Pavarini e por causa dele, estou lendo Ministério Criativo de Henri Nowen (Editora Palavra).


Antes de mais nada um alerta esclarecedor. O conjunto título e ilustração da capa foi infeliz - pois leva o leitor a pensar que este é um texto para a turminha de música e louvor. E não é esta a ênfase do conteúdo. O certo seria ter na capa um sub-título mais esclarecedor: A Arte da Vocação Pastoral e suas Implicações no Cuidado do Rebanho. É disso que trata o texto: numa condensada e profunda reflexão sobre o pastorado, em apenas 137 páginas.


Ele mesmo nos dá a chave do que é a espiritualidade no e do Ministério, e sua vocação pastoral:

Se há alguma frase no Evangelho que expressa de uma forma muito concentrada tudo o que eu tentei dizer nos cinco capítulos deste livro ...: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos" (João 15.3)
Nowen é altamente recomendado, e nada a ver por ser o 'queridinho' do momento. A relevância de suas obras está na peculiar situação de aridez e confusão em que a Cristandade se encontra nos dias atuais, confrontada por textos incisivos e contundentes acerca da responsabilidade e do desafio cristão profundo. E ele é um dos poucos que já, há muitas décadas, vem se dedicando ao tema da espiritualidade e do pastorado. E mesmo com alguns anos de sua morte, seu legado continua trazendo contribuições essenciais para o povo de Deus - e em especial a líderes e ministros do Evangelho.

Um livro que desafia o chamado superficial

Este é um livro sobre liderança e vocação pastoral. Trata da transição profissional para a espiritual, do contrato para a aliança, e do agente de mudança que concilia estruturas e organização, do ativista social que concilia a postura do contemplativo devoto.

Este é um livro que desafia ministros a buscar o equilibrio com o mundo que o cerca, seja ele a criação, a criatura ou a si mesmo. Nada zen, ou parecido - antes é algo profundo, de uma espiritualidade bíblica comprometida com o pastorado cristão. Nowen enfatiza:

É por meio de uma obediência infantil que a vida se torna o caminho para o Reino. E se você alguma vez já ofereceu o pão e o vinho para Deus na beira do Grand Canyon, pode ser que tenha experimentado que podemos realmente celebrar, quando a humildade nos torna livres ... sabemos que toda nossa vida é dada, e dada para celebrar.

A citação à página 120 que compartilho a seguir com você, é também uma homenagem à Marina Silva - que cuidou das questões ambientais de nosso país com um vigor de estilo José bíblico e com um coração e mansidão de estilo Estevão bíblico.

Nowen lembra o que disse o chefe do povo Wintu (e isso foi escrito back em 1971!):


O homem branco nunca cuidou da terra, do cervo ou do urso. Quando os índios matam por carne, nós comemos tudo. Quando cavam por raízes, fazemos buracos pequenos ... nós sacudimos as bolotas do carvalho e os cones do pinheiro. Não derrubamos árvores. Somente usamos madeira morta. Mas o homem branco lavra a terra, arranca as árvores e mata tudo. A árvore diz, : "Não faça isso, estou ferida, não me machuque". Mas eles derrubam tudo e cortam as toras. O espirito da terra odeia o homem branco .... os índios nunca ferem nada, mas o homem branco destrói tudo.

14.5.08

 

Mistério e Comunidade

O desejo de sobre simplificar a Bíblia, eliminando os mistérios é natural para as nossas mentes perversas, e não é de se surpreender que até os homens bons caiam como suas vítimas.
JI Packer

O amor não pode existir em isolamento: longe dos outros, o amor se infla em orgulho. A graça não pode ser recebida de maneira privada: alienada do próximo, se perverte em amargura. A esperança não pode crescer na solitude: separada da comunidade, se transforma numa semente de fantasias. Nenhum presente, nenhuma virtude pode se desenvolver e permanecer saudável aparte da comunidade da fé. "Fora da igreja não há salvação" não é uma arrogância eclesiástica mas um senso comum espiritual, confirmado pela experiência do dia a dia.
Eugene Peterson

13.5.08

 

Cristianismo Código Aberto (1)

No exato momento em que Cristo deu seu último suspiro (entregou o espírito) expirando na cruz, "... o véu no santuário do templo se rasgou em duas partes de alto a baixo ..." (Mateus 27:51), deixando o Santo dos Santos desprotegido. Conforme o Comentário Judaico do Novo Testamento (Editora Atos) isto "simbolizou o fato de que Deus estava dando a todos o acesso ao lugar mais sagrado de todos no céu conforme ensinado em JM 9:3-9; 10:19-22" (Carta aos Judeus Messiânicos = Hebreus).

A sua morte inaugura um novo tempo. Numa linguagem mais para os tempos cibernéticos, a sua morte dava início à religião do Código Aberto: a redenção somente por graça, mediante a fé, salvação a todos os que crêem, reconciliação total com Deus. Inaugurou a era do sacerdócio universal - onde todo e cada um que crê, tem acesso à sua presença.

O Código Aberto vinha sendo prenunciado nos encontros com Nicodemos - nascer de novo é um ato individual e inaugurativo para quem crê, e com a Mulher Samaritana - a água que eu lhe der matará sua sede. Nascer e beber água eram atos gratuitos e individuais. Era um código aberto - sem restrições.

O Código Aberto se consagra com a Ascensão de Cristo: mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espirito Santo ...

O Código Aberto vai se espalhando com a conversão de Saulo - o perseguidor (aquele que queria manter o Código Fechado), e logo no capítulo seguinte ao atender a visão dada a Pedro de testemunhar aos Gentios, vemos Cornélio e seus familiares se tornando os primeiros não judeus a fazerem parte da família de Deus. "Ele não faz acepção de pessoas ... todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados" (Atos 10:34 e 43). E "sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo" (Atos 10:45).

Ao longo dos séculos desde os tempos do Antigo Testamento até a era moderna a história do povo de Deus e do cristianismo é um relato claro e contundente de um Código Aberto, com seu clímax sendo a mensagem libertadora de Cristo que precisa e deve alcançar a todos. O Código Aberto é para todo o homem e o homem todo.

12.5.08

 

Entre dois fogos

Semana passada, no cenário americano, um grupo de líderes, tendo como principal articulador Os Guiness, lançou Um Manifesto Evangélico - Uma Declaração da Identidade Evangélica e Compromisso Público. É uma iniciativa que se restringe aos Estados Unidos, porém com desdobramentos além mares.

O documento em si, é pesado - no sentido de ser digerido por não cristãos e leigos. São vinte páginas e realmente voltado para o contexto americano. Tem a participação de nomes que ajudam a dar consistência à iniciativa. Fazem parte do comitê que finalizou a redação, entre outros, John Huffman da Christianity Today International, David Neff editor do grupo Christianity Today, Rich Mouw presidente do Fuller Theological Seminary, e Dallas Willard professor de Filosofia da University of South California, além do próprio Os Guiness.

A assinar o Manifesto - pelo menos nessa fase inicial, (as adesões estão numa dinâmica) destaco alguns outros nomes: Darrel Bock (professor do Dallas Theological Seminary), Stuart Briscoe (pastor e autor), Leighton Ford (Leoghton Ford Ministries), Duane Liftin (Wheaton College), Stephen Strang (Charisma), e conhecidos do público brasileiro os seguintes autores: Justo Gonzales, J. P. Moreland, Max Lucado, John Ortberg, Alvin Platinga, Ronald Sider, Kevin J. Vanhoozer, e Jim Wallis.

Vem com atraso para o momento americano, mas antes tarde do que nunca.

Entre dois fogos, o manifesto faz auto crítica com relação às diferentes posturas que tem levado o público à confusão - seja na arena política, com a mensagem do Evangelho em menor destaque, seja na arena filosófica ou teológica, com muita água ou excesso de aridez, sem vida, sem amor, sem compromisso com o outro ser humano.

Como não poderia deixar de ser, o documento faz um posicionamento objetivo da crença e doutrina que os une (mesmo que conciso) - típico dos evangélicos!

A imprensa geral já deu destaque semana passada dizendo que o documento é uma autocrítica ao meio evangelical e que nasce da mão de conservadores, preocupados com a identidade desgastada do têrmo, e do uso político-representativo do segmento a que se refere, fazendo perder a força do Evangelho, ao adentrar a arena da guerra das culturas. Bem resumido de início pela CNN.

Acompanhei nesses últimos dois a três dias a repercussão na blogosfera (em Inglês) e é um balde de água fria os posts reacionários. Mas, confiemos e esperemos. Aos poucos quero divulgar alguns dos tópicos do manifesto. Mas a integra voce encontra no site An Evangelical Manifesto.

11.5.08

 

Instruções


Instruções para abrir a embalagem do sabonete Sunlight:


1) Identifique a flecha de abertura.
2) Pressione com o dedo até o ponto indicado para abrir.
3) Dissimule. Sou um jovem escritor que não tem outra oportunidade a não ser esta para se conectar com seus leitores. Finja que segue abrindo esta estúpida embalagem e eu lhe direi umas verdades.
4) Os vendedores de elixir nos convidam todos os dias a esquecer as dores e a manter a alegria em ânimo.
5) A medicina aconselha cosmovisões otimistas por crer que são melhor para a saude. Ao que parece, a verdade prejudica a função hepática.
6) Continue. Siga a linha pontilhada na direção da flecha.


Esta é uma goiaba roubada de Alejandro Dolina (conheça mais sobre ele no Youtube), me foi apresentado pelo Leandro Raposo no M&M e tem o texto completo em Castelhano original aqui.

10.5.08

 

Mago e Magia


Provavelmente Paulo Coelho represente hoje, num alcance até internacional, o mais importante ícone da Magia. Estou aqui colocando Magia como algo genérico, sem adjetivá-la. Ele é o nosso Mago, por mais que queiram colocar Lula em seu lugar - e aqui tem trocadilho.


Há no território nacional uma fascinação tremenda pela Magia. E nesse chão fértil prospera uma boa parcela da igreja evangélica (ou assim definida como tal). Visite uma loja típica de DVDs desse segmento e abundam exemplos do que digo, em contínua degustação nos televisores assentados no balcão. São pastores, missionários, pregadores, e até crianças manifestando atos de plena ou parcial magia. Soma-se o histriônico, o discurso bravo - de estilo bronca e revolta, com pitadas exageradas de gritos, berros e concordes, com pequenas encenações centrais ou periféricas (que vão desde paletó que como capa de toureiro derruba prisioneiros enfileirados assistindo a pregação até individuos que dançam em círculos, deitados no chão).


Verifique o profetismo-espiritismo-travestido onde ordens e determinações são manifestas em representação mágica de Deus. Sem dor, sem processo, sem maturação: instantâneo.

"Aí sim, é disso que gosto e que preciso."

Um povo inculto, inocente-útil que não só obedece e venera como também contribui financeiramente para permitir que tal qual um círculo virtuoso, se auto alimente, permanecendo o que é e está errado, de maneira cada vez mais forte.

Quem é responsável - se não culpado? Aqueles que se deixam, aqueles que perpetuam, nós que nos calamos e desprezamos e nos tornamos indiferentes?

Paulo Coelho é um ícone da Magia. Sem perceber que há uma escola para se matricular.

9.5.08

 

O Lobo e a Ovelha

Pastor: Faça uma prova de fé, minha irmã.
Ovelha: Mas como, meu pastor? Eu já faço tanto: oração, atividades, dízimo ...
Pastor: Precisa mais, voce tem que fortalecer sua fé. Faça uma prova de fé, minha dileta irmã.
Ovelha: Algo especial, pastor?
Pastor: Sim. Traga sua Eco Sport e passe os documentos para o nome.
Ovelha: E aí pastor?
Pastor: Voce verá o Senhor operar maravilhas!
Ovelha: Na minha vida, pastor?
Pastor: Aleluia! Sim, minha irmã, na sua vida! Voce não tem fé, minha irmã - faça esta prova de fé então, minha irmã.
Ovelha: E Deus vai me abençoar?
Pastor: Sim, mas poderá lhe abençoar mais. Faça uma prova de fé maior ainda, minha irmã.
Ovelha: Como seria isso pastor?
Pastor: Para lhe abençoar mais ainda, faça uma prova de fé do tamanho da sua benção - passe o seu apartamento para o meu nome, no Registro de Imóveis, minha irmã.
Ovelha: Como pastor, no Cartório de Registro?
Pastor: Sim, minha irmã. Voce não quer ser abençoada? E ser abençoada mais ainda? Faça esta grande prova de fé, minha irmã. Aleluia! Deus vai lhe abençoar.
Ovelha: Como será isso pastor?
Pastor: Do mesmo jeito que eu tenho sido abençoada
Ovelha: E o senhor tem feito prova de fé, pastor?
Pastor: Sim!! E como. Mas hoje, agora, no tempo presente, é voce minha irmã quem dever ser abençoada. Faça uma prova de fé maior ainda, minha irmã, e será abençoada.
Ovelha: Mas isso não é tentar a Deus?
Pastor: Minha irmã - demorar a fazer é tentar a Deus. Não fazer isso é tentar a Deus. Não demore minha irmã - voce tem até quarta-feira para fazer a prova de sua fé. Se não, minha irmã voce vai perder essa benção reservada e com tempo limitado!

*Conforme me foi contado ontem - nomes preservados.

8.5.08

 

Repercussões


Eu sei que muitos já foram lá assistir, mas quem ainda não pegou, corra para assistir pois ainda está no topo da página o programa número 2. É que logo, logo vamos colocar a continuação que é o programa 3!

É lá no Zona da Reforma.

E se não bastasse, para quem gosta de Marketing ou quer entender um pouco mais, todas as quintas eu dou meus pitacos no Espicaçando o Marketing.

E se ainda não bastasse tudo isso, estou iniciando um novo blog dirigido ao pessoal de vendas e preparando o 'clima' para palestras que vou promover aqui em São Paulo. E o nome do blog é Diários de Fusquinha.

6.5.08

 

Leituras (sem palavras)



4.5.08

 

O Acidente


“Já entendi Senhor! Este é o início do segundo capítulo de minha vida.”

Como escritor, acabo vendo a maioria das coisas pelo lado do meu ofício. Conto cada milha que falta para o destino de minha viagem como sendo páginas que ainda tenho que ler. Quando ouço um sermão, logo me vem à mente o título que melhor se encaixa nessa mensagem. Invariavelmente penso no tipo de capa que ficaria bem com o tema.

Quando vou a compromissos em que tenho que falar, me vejo como um pequeno livreto que se abre e a cada página vou revelando minha mensagem. Aquele fim de semana não teria sido diferente.

Tudo começou neste fim de semana em que fui para Los Alamos compartilhar com irmãos e irmãs a respeito do meu último livro: Oração – Ela faz alguma diferença? Desta vez não trouxe Janet comigo. Já tínhamos viajado juntos nos últimos meses, para cumprir a agenda do lançamento do livro, que seu serviço estava acumulado em casa e no Centro de Idosos onde ela trabalha. Resolvi vir sozinho dirigindo.

Los Alamos – Novo México

Para quem não sabe, Los Alamos é o local onde o Exército americano escolheu para o Projeto Manhattan, um esforço intenso para desenvolver a bomba atômica no início dos anos 40, em plena Segunda Guerra Mundial. Era unânime a preocupação para que Hitler não alcançasse vantagem sobre os aliados na finalização de um artefato que ao liberar a força nuclear, teria um poder incalculável de destruição. Então nesse local o Exército montou casas, alojamentos, barracas e laboratórios para ser o centro mundial da inteligência científica. Formou-se um laboratório permanente de físicos, químicos, matemáticos - enfim inúmeros cientistas de nacionalidades e personalidades as mais diversas. Mesmo após o término da guerra, o governo manteve a pequena cidade, transformando-a em um laboratório civil. Hoje não existe outro local no mundo com tanto Ph.Ds como lá.

Fazendo parte desse contexto, a igreja local teria que ser meio diferente – ela reúne seis denominações diferentes e forma uma comunidade pujante. Ao chegar tive a oportunidade de conversar com cientistas sobre diferentes temas, desde a ciência, a questão nuclear, terrorismo, e mesmo sobre o movimento pacifista. No sábado fiz um total de três palestras e depois à noite para os autógrafos.

Como tínhamos um casamento de amigos no domingo, logo cedo peguei o caminho de volta para casa. Enquanto ouvia música e me alegrava diante de Deus por mais esta oportunidade de conhecer pessoas diferentes e instigantes, olhava a paisagem de Novo México – tão seca e árida em alguns rincões, contrastando com o estado do Colorado. Por estar mais ao norte e estar no coração das Montanhas Rochosas, toda a vegetação, o ar rarefeito e o frio lhe são bem peculiares.

54 desafios e 15 picos a escalar

Ainda sou um menino do sul – apesar da idade. Aqui nos Estados Unidos quem nasce onde nasci é considerado um tipo de caipira bem enraizado. Fui deixando minhas origens a medida em que subia. Fiz a Faculdade num Seminário na Carolina do Sul e em seguida fui mais para o centro oeste – porém subindo no mapa. Estudei no Wheaton College, na região de Chicago. Esta é uma das boas faculdades cristãs – com longa tradição no preparo de liderança tanto pastoral, missionária como profissional. Eu sempre tive interesse em Mídia, então estudei e me formei em Comunicação. E também aproveitei para, em paralelo, estudar Língua Inglesa na Universidade de Chicago. As oportunidades me apareceram lá em Chicago mesmo, e fui trabalhar na Campus Life – uma revista voltada para jovens secundaristas e universitários. A Editora dona dessa revista é a mesma da Christianity Today e após oito anos, a direção me promoveu para ser o editor da própria.

Quando deixei o segmento de revistas e passei a me dedicar aos livros, não imaginei que minha vida ganharia um novo ritmo ao mudar para Denver, no Colorado. Esse estado fica mais a oeste ainda, seguindo o caminho dos pioneiros e colonizadores do Velho Oeste americano. Creio que é um dos lugares mais bonitos que a criação de Deus nos reservou. Incrustada nas encostas de uma cordilheira, e banhado por um inverno rigoroso, Denver e suas cercanias promovem oportunidades incríveis para trilha e alpinismo.

Janet e eu resolvemos encarar o desafio de conquistar as 54 montanhas registradas acima de 3.000 metros. E isso tem sido meio que nossas férias e fins de semana prolongados. Nestes últimos anos, tenho feito marcas no meu cinto de alpinista, revelando o progresso ao enfrentar cada montanha. Algumas são relativamente fáceis, pois vamos ao pico caminhando. Outras são mais desafiadoras pois exige mais do que caminhada. Só que tem as mais difíceis. Elas são 15 ao todo e são de botar medo de verdade, pois você tem que fazer alpinismo, se pendurar e se puxar numa escalada incrível. Ao final é muito gratificante.

Quem está no controle

Enquanto dirigia, fiquei imaginando a contagem no meu cinto. Faltam somente 3 marcas! Só que a gente só vai aprendendo à medida em que se escala. Por isso deixamos as mais difíceis de todas para o final. E o que me restava agora? Três desafios incríveis – incluindo o Pico Maroon – que fazem a adrenalina realmente subir só de pensar. Confesso que a participação de meu grande amigo Eric Alexander – como instrutor e guia, é o que faz toda a diferença. Alguns anos atrás (só para se ter idéia como o cara é fera) ele foi o guia que levou o primeiro cego a conquistar o Monte Everest. Imaginem como que eu e Janet estamos em excelente companhia.

Lembrei-me dos olhos daqueles que me ouviam falar na tarde de ontem. Eu estava compartilhando como eu e Janet nos vimos numa situação realmente difícil ao voltarmos da escalada do Monte Wilson. Ainda tínhamos uma boa descida quando os céus se abriram em chuva e tempestade. Os raios nos seguiam juntamente com o forte vento. Desobedecendo o senso comum que recomendava que nós ficássemos separados por cerca de 30 metros – (justamente porque se um raio pegasse um de nós, o outro sobreviveria), Janet e eu ficamos de mãos dadas e andávamos para baixo tentando parecer o menor possível. Foi nesse exato momento que tive uma percepção muito profunda na alma. Eu disse para mim mesmo: “Phillip você não está no controle”. Apesar de ser radical nos detalhes e manter as coisas totalmente sob controle, naquela hora ali na descida e debaixo da tempestade, percebi que no fundo, há uma força maior que nos domina.

Ao compartilhar essa história ontem, eu acrescentei: “Na verdade essa afirmativa é sempre verdadeira. Não importa o que eu pense, não estou com minha vida sob controle. Eu posso morrer com um ataque fulminante do coração, aqui no palco – agora mesmo. Ou eu posso sofrer um acidente na estrada, voltando para Denver amanhã, com chances maiores do que ser atingido por um raio no Monte Wilson.”

Deus me pegou na curva

A estrada era razoavelmente tranqüila e estava bem alerta e animado pois retornava para casa. A minha Ford Explorer tem um motorzão legal, e a pequena serra agüentava com tranqüilidade os 100 quilômetros por hora que eu mantinha. Só que a curva para a esquerda veio meio que de repente e ela se fechava de um jeito um pouco acentuado. Creio que foi a roda traseira que saiu do asfalto e pimba, três belíssimas cambalhotas, o carro capotando continuamente até voltar à sua posição original. Sabe aquela história dos 360 graus – em que você volta para onde começou? Só que três viradas totais antes de ficar montado num carro totalmente destruído. Os vidros todos quebrados. Notebook, botas, esquis, malas espalhados ao longo do rastro do acidente.

Apalpei minhas pernas, meus braços, soltei meu cinto e sai do carro. Estava bem aturdido. Não demorou muito e alguns carros paravam no acostamento. Uns mórmons a caminho da igreja ligaram de seus celulares pedindo o resgate.

Nada parecia muito sério, apesar dos arranhões e cortes – só o meu nariz que não parava de sangrar. A ambulância chegou, me colocou naquela maca dura, me amarrou todo e colocou o colete de pescoço. Já estava entrando no estado do Colorado, e cheguei em Alamosa depois de uma hora com a sirene ligada.

Mini Milagres

A mão de Deus estava lá operando milagres. O pessoal que me acudiu eram médicos, preparados para socorrer emergências, o melhor técnico do raio X, que normalmente trabalha durante a semana, estava cobrindo folga do colega, e retornando à sua cidade natal, um médico formado em Michigan. E mais, os meus ferimentos apesar de preocupantes - um milagre iria acontecer.

Ao chegar no hospital todas as coisas pareciam continuar se somando num carinho especial de Deus para comigo. O raio X precisou ser enviado digitalmente para a Austrália, pois como era domingo, somente do outro lado do mundo havia especialistas trabalhando. O médico quando chegou para me dar o seu parecer foi bem objetivo: “Sr. Yancey, não existe jeito fácil de lhe dizer o como o senhor está.” E aí ele passou a descrever o meu estado. Eu havia quebrado a vértebra C-3 em pedacinhos. Era menos ruim. O Christopher Reeves quando caiu do cavalo quebrou a C-2 – só para se ter uma noção do perigo. Outro detalhe é que não havia atingido a medula – ou seja o sistema nervoso estava intacto. Havia sim a preocupação com as artérias, pois um pedacinho de osso poderia iniciar uma hemorragia caso se movimentasse perto da artéria espinhal. Esse mesmo médico me avisou que já tinha um jato de plantão caso precisasse me remover para Denver, onde eu teria um atendimento emergencial mais adequado. Mas ele queria ter certeza e faria um novo raio X com contraste.

Nesse meio tempo, a Janet vinha de carro para Alamosa. O meu vizinho e bom samaritano Mark, logo se prontificou para traze-la. É uma viagem de cerca de quatro horas. Eu tinha conseguido avisá-la por celular de dentro da ambulância logo após ter sido resgatado. Só que agora eu poderia logo, logo estar a caminho de Denver de jato, enquanto ela ainda estaria na estrada. O médico tentava explicar-lhe os procedimentos e as possíveis ações, só que o celular no meio do caminho e entre as montanhas de rochedos, vivia caindo. Eu imagino como que ela precisou se segurar na fé, mantendo serenidade e paz.

Olhando a morte nos olhos

Ao escapar da morte naquela manhã – o jeito como fui chacoalhado nas três viradas do carro, creio que acabou afetando minha cabeça e minha alma. E sem saber como meu corpo sairia dessa, fiz aquela oração relâmpago pra Deus.

O gozado é que enquanto o carro virava numa loucura eu só me concentrei em esperar o acidente chegar ao seu fim e daí focar no que fazer. Não aconteceu aquele negócio de flash back, com minha vida sendo projetada diante de mim em frações de segundo. Eu estava muito desperto e entendendo bem o que acontecia. E nessa situação percebi que deixava de ser escritor para naquele exato momento ser um personagem. E como tal entregar o teclado para Deus e encarar o próximo capítulo de minha vida.

Já na cama do hospital, imóvel, aguardando os eventos a se desenrolar, abri mentalmente o índice do livro de minha vida. Vi a descrição de cada capítulo e comecei a agradecer a Deus. As pequenas coisas e as coisas importantes. Tudo era motivo de agradecimento – mesmo ainda tendo 3 picos para escalar, com o cinto a espera dessas marcas.Eram 37 anos com a companheira da minha vida, as aventuras em mais de 50 países, um trabalho super realizador, que ao mesmo tempo me dá liberdade e autonomia.

Naquele fim de semana eu havia ouvido – como sempre acontece, histórias e testemunhos de gente que é tocada por um de meus livros. Eu tinha sobrevivido, apesar de tudo. A maravilhosa graça me inundava. Eu tinha finalmente conhecido um Jesus – que eu não conhecia. E as gotas de morfina começaram a fazer efeito ...


* Inspirado em fatos reais relatados por Phillip Yancey no acidente sofrido em fevereiro de 2007. Seis meses depois ele conquistava sua última escalada pegando o último dos 15 desafios: o Pico Maroon.

3.5.08

 

Escrevendo para a bisneta


Sidney Portier é sem dúvida um ator que atrai com muita facilidade a simpatia de cinéfilos e frequentadores de cinema em geral. Seus papeis sempre foram de personagens que avançam para o lado do bem - talhados para gerar um tipo de sintonia positiva. Não me lembro de nenhum vilão ou mau caráter.


Dentre seus títulos Ao Mestre com Carinho e Adivinhe Quem Vem para Jantar foram para mim os mais marcantes - talvez por causa da época em que os assisti. Já aquele que lhe promoveu o Oscar de melhor ator Lilies of the Field (não sei ao certo se o título acabou sendo a sua tradução: Os Lírios do Campo), e fazendo-o o primeiro ator negro a ganhar o prêmio da Academia, sinceramente não me lembro de ter assistido.


Ontem ele era entrevistado pelo Larry King e contou de seu livro recém lançado. O título é Life Beyond Measure - Letters to my great grand child (Uma vida além da medida - Cartas para minha bisneta). Ele se motivou a deixar escrito como que um compêndio de valores a serem transmitidos à quarta geração de sua prole, respeitando inclusive a sua idade.


"Estava na Maternidade e vi as quatro gerações tirando foto, minha espôsa, nossa filha, nossa neta e a recém nascida bisneta. Resolvi então deixar algo para aquela criança. Para passar parte de mim a ela, somente com um livro, pois já estava chegando nos 80 anos."

1.5.08

 

O Esquisito que Tu salvaste


Parte 1

E os outros?

Estou lendo Maravilhosa Graça de Phillip Yancey. Ganhei uma perspectiva mais afinada à Palavra, acerca de minha própria realidade. Sou um esquisito que Deus ama. E só posso entender a graça, na medida em que eu mesmo a pratico no sentindo horizontal: com meus semelhantes.

Amar a Deus (e saber que Ele nos ama – de maneira incondicional), já dá muito trabalho. Digerir esse princípio (que Jesus chamou de mandamento) é apenas parte da equação. Ou seja – dedicarmos nossa vida com muito afinco no sentido vertical, é um desafio e tanto. Porém, é metade da história.

Somente com a segunda metade: amar aos outros como a si mesmo – faz com que a primeira tenha sentido. Isso porque à medida que somos banhados pelo amor do Alto, é impossível conte-lo dentro de nossa minúscula alma humana. Neste receptáculo o amor derrama, extrapola, transborda e entorna. Se não for assim, não é o amor de Deus, não é o amor do Pai, não é o amor de Cristo. Se não for assim, não é o amor infinito de Deus!

Perdão e arrependimento, no sentido horizontal, são lados visíveis de um amor genuíno. Se em I João lemos: “Como você pode dizer que ama a Deus, a quem não vê, e não ama ao seu semelhante, a quem vê?”. Poderíamos perguntar também: “Como você pode dizer que foi alcançado pelo amor de Deus, sem trazer consigo o perdão?” Ou como é que você recebe o amor de Deus sem abraçar o arrependimento?”

Teologicamente podemos racionalizar o tema – e colocar na perspectiva espiritual. E elucubrar, justificando o sentido vertical do perdão e do arrependimento. Mas o chamado da graça de Deus e os mandamentos resumidos por Jesus implicam diretamente na sociologia: no campo das relações humanas.

“E os outros?” perguntam esses textos.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?