4.9.07
Os Guiness
Já faz tempo. O inverno europeu tinha sido forte. Eu estava com vinte anos, e acompanhado por um grande amigo e irmão (de tempos de berçário da IPI) rumamos pra Suiça. Nosso destino era a comunidade cristã L'Abri, fundada por Francis Schaeffer e sua espôsa Edith. Tinhamos lido alguns de seus livros (na época só se achave em Inglês) e ficamos sonhando com a viagem. Após uma troca de correspondências tinhamos luz verde. Fizemos as malas e fomos enfrentar o frio europeu.
Na bagagem eu levava um pouco de base teológica, uma cultura rala, um Inglês mais que razoável, e muita vontade de aprender. Aqui no Brasil eu estava iniciando minha carreira profissional, e sabia que precisava desse 'pit-stop'. Não imaginei que seria tão impactado na minha vocação, na minha carreira e na minha fé pessoal, e que mesmo algumas décadas depois, os frutos continuariam a germinar.
Foi lá que conheci o jovem casal Guinness. Nem tinha idéia que era nome de bebida - de fato o cara é da linhagem irlandesa da famosa cerveja. Os Guinness (seu primeiro nome se pronuncia 'ós') tinha lançado o livro The Dust of Death - cópia adquirida com direito a autógrafo. Em algumas ocasiões estive bem perto do casal, e depois pude conversar com muita tranquilidade com ele. Já naquela época ele tinha bem claro o que queria da vida. Citando um texto de II Crônicas ele exemplificava seu chamado: entender e interpretar os tempos para ser um sábio conselheiro do rei. Veja a lista de seus livros e você entenderá meu entusiasmo.
Ainda na Suiça, foi numa terça ou quarta à noite, que num pequeno grupo, fomos ao cinema. O filme, legendado em Francês, mas falado em Inglês, era Laranja Mecânica. Entrei no clima intelectual e discutimos alguns pontos interessantes. Fazia parte do 'treino' - num modo assim de dizer, a experiência comunitária de L'Abri.
Os Guinness virá ao Brasil semana que vem. Pessoalmente estou muito contente e animado. Ele vai falar no Seminário de Ética e Cidadania do Mackenzie. Mais informações aqui. O próprio Nicodemos d'O Temporas postou uma entrevista de véspera de sua vinda, aqui.
Da sua leva de escritos, temos disponível tão somente duas preciosidades: A Chamada (Cultura Cristã) e Os Sete Pecados Capitais (Shedd). As duas obras são leituras obrigatórias.
Creio que Os Guinness virá em boa hora. Muita gente vai descobrir nele uma das cabeças mais sagazes e argutas entre os pensadores e líderes cristãos nessa virada do Milênio. Além é claro, de um coração devotado e focado em servir a Deus e ao Reino. E quem sabe, os editores brasucas se entusiasmam e brindam nosso mercado com mais de suas obras.