30.9.06

 

Especialista em Comunicação


Não gosto desse título, mas prefiro ao de marketeiro ou especialista em marketing. Na verdade, ouso dizer que me vejo muito mais como generalista.

E gente, é exatamente aí do lado, na de número 86, que eu apareço.

Especialista em comunicação, Volney Faustini diz que a Igreja tem que lançar mão de todos os veículos para alcançar o perdido.

Antes que GM, Ford, Fiat, as japonesas e as coreanas se arvorem - estamos falando dos 'meios de comunicação'!!

Já havia me esquecido da entrevista. Foi há uns bons meses atrás. Eis que me surpreendo com a minha foto - tamanho gigante, quase saindo da página 16 da Revista Show da Fé. E quem diria (antes que comece o ti ti ti), praticamente na integra.

Se você não tem os 12,90 (e olha que acompanha um CD com a mensagem Nenhuma Habilidade Nos Falta - do Missionário RR Soares), eu lhe empresto quando você vier me visitar. Alguns extratos para que não antecipem (ou continuem) com uma leitura enviesada – ou enfezadas – (who knows!):

De nada adianta a TV se não houver a comunidade, o pastor, o culto, o contato humano, o calor e a manifestação do Espírito Santo no meio do povo.

...

Temos que perguntar: “Esse programa trouxe o crente para mais perto de Deus? Buscou o perdido e mostrou-lhe o caminho da salvação? A mensagem estava centrada na cruz e fundamentada na Palavra?”

. . .

Hoje infelizmente muitos estão deturpando a mensagem, que nada tem a ver com o Evangelho. É uma religiosidade vazia, porém cheia de ritos. E isso vai afastar o povo de Deus, ao invés de trazê-lo para perto dEle!

...

... nunca antes o Evangelho foi tão bem aceito e assimilado na sociedade brasileira... Algumas pessoas acham tudo muito legal, mas, para elas, tudo é muito relativo e nada é verdade. Elas cantam ... Bendito seja sempre o Cordeiro ... e de outro, Não existe pecado do lado de baixo do Equador.

...

O grande papel da mídia impressa é a reflexão... [devemos ter] temas pouco discutidos entre os irmãos ... principalmente quando se trata de saúde e de coisas profundas da alma.

27.9.06

 

RIP

O telefone tocou de madrugada. O pior já esperávamos. Era mesmo o pior.

Ele viveu bem. Exageradamente bem e mal. Quem o conheceu nas horas amargas ficava impressionado com o jeitão Poliana de encarar as situações difíceis e adversas. Quando soube que aparecera um nódulo na tomografia, logo comentou: "tem um lado bom, subo na fila de transplante". Não deu tempo.

As duas semanas se passaram entre idas e vindas para o Hospital e um acompanhamento de entrega e esperança. Orações com fé.

Sua companheira emocionada entre uma visita e outra na UTI relembrou de sua decisão ao atender o apêlo-desafio e publicamente manifestar sua fé. Com certeza Deus já havia falado e muito nas suas tribulações, nas sua quedas, nas suas experiências e nas suas relações. Suas irmãs concordaram como verdade.

Fomos para a despedida final. Era uma salinha apertada - mesmo para tão pouca gente. Afinal eram parentes e amigos íntimos.

A pastora tentou mostrar calma para falar, porém seu nervosismo era claro na vacilante voz. Foi no início, daí engatou um quase '4 leis espirituais'. E depois fez uma oração pra todos repetirem.

Não conflitou com o atrasado padre síriaco ortodoxo - com suas falas e rezas em aramáico - e mais o insenso que custava a embrasar. Tinha tudo a ver com a sua família paterna - há algumas boas gerações.

Ele inerte, já havia alguns dias suspirara sua dor. Aparelhos o mantiveram respirando e gerando esperança no mundo de fora. O aparato médico-hospitalar-intercessório foi (se não o melhor) de primeira.

Fomos para o ato final. A grama ainda está para crescer. A terra fofa, há de sedimentar. As lágrimas se tornam mais raras.

Convivi bem uns 30 anos com o rapaz.

Hoje conferi no jornal: 48 anos, deixa mãe e irmãos ...

É isso mesmo bro-in law: RIP!

22.9.06

 

Eles pecam!

Eis a razão pela qual minha alma sempre se volta para o Antigo Testamento e para Shakespeare. Sinto, eles falam de seres humanos; eles odeiam, eles amam, eles assassinam seus inimigos e amaldiçoam seus descendentes por todas a gerações – eles pecam.
Soren Kierkegaard.

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Um dos esportes preferidos do homem é o de aniquilar. Vemos a guilhotina na França, a forca nos Estados Unidos, o paredão em Cuba, o frio insuportável e mortal na Sibéria, o assassinato brutal e desenfreado no Sudão ... Vemos o aniquilamento nos instrumentos e no coração do homem.

É como um hobbie, uma ocupação das horas vagas e ociosas. É parte integrante de seu ofício diário. Permanece encarnado em suas entranhas.

Por onde andares e por onde pisares, verás a marca da mão fétida e assassina de Caim.

O embate humano é real. Seu componente de luta gera estragos incalculáveis. E permanentes. O homem é perverso – e isso está em sua carne.

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Era o ano de 1937. O jovem reverendo Piomilo havia deixado se revelar. Provavelmente numa daquelas visitas em lombo de burro para um de seus fiéis, residente numa fazenda mais distante de Pirajuí. Fora tema controverso nos estudos da Confissão de Westminster quando seminarista, e a despeito do radicalismo de alguns, não lhe chegava um entendimento claro. Essa inquietude a respeito das penas eternas e da imortalidade da alma, ele levava consigo. E o burro carregava a ambos: o clérigo e suas dúvidas.

A notícia logo chegou a São Paulo. O licenciado fora aprovado em exame de ordem – mas hoje parecia não permanecer nas ‘sãs doutrinas’. Não era coisa isolada, essa tendência modernista. Os mais zelosos, participantes do Concílio de São Paulo, resolveram ir fundo na questão e decidiram por realizar um interrogatório eclesiástico.

Partiram de trem para Bauru e de lá seguiram para Pirajuí. A igreja local sabendo da comitiva, se reuniu no pequeno templo. Era tema de interesse dos oficiais e da membrezia.

O pequeno Walter interessado e observador, pôs se a ocupar um lugar na primeira fila. Seus doze anos não lhe davam a mesma estatura que os adultos. Sua boa cabeça e a formação cristã eram forjadas numa privilegiada convivência familiar. Os exemplos de seus pais e um carinho dedicado de sua irmã mais velha, haveriam de alguns anos mais tarde, transformá-lo num grande homem.

O calor da alta paulistana já invadira o recinto e as roupas ainda exalavam o cheiro do rosto lavado a sabão de pedra e o bolor do paletó semi úmido apressadamente alinhado pelo ferro quente. Os grandes olhos azuis acompanhavam o interrogatório a que era submetido o quase igualmente jovem pastor. Impressionado com o cabedal de perguntas, permanecia atônito e esperançoso pelas respostas que não vinham. O questionado permanecia mudo. Não lhe era afeito a fluência. Receoso de complicar ainda mais por sua limitação intelectual. Sabia que faltava-lhe rapidez de raciocínio. Permanecia calado. Os presentes ainda mais atentos, acompanharam o processo até o fim.

O que se passava na cabeça dos membros da comitiva visitante?

Provavelmente pensaram: já que ele não consegue lidar com a doutrina, em especial entender de forma abrangente a justiça divina, apliquemo-lo um corretivo humano. Já que na teoria ele vai mal, na prática ele sentirá na pele.

Ou talvez, até tomado por um zelo inocente: seria melhor estancar a influência modernista que abre brechas nas doutrinas e no catecismo.

Veio o veredicto!

“Reverendo Piomilo, não mais poderemos chamá-lo assim. Investidos de autoridade pelo Concílio de São Paulo, determinamos que a sua licença de pastor está cassada.”

Até aquela hora ele tinha seguido o exemplo de Jesus e acatado tudo, como uma ovelha muda perante seus tosquiadores.

“Posso me manifestar?”

A comitiva aquiesceu.

“Há alguns anos, fiz semelhante prova oral, e saí aprovado. Na ocasião, ganhei além da licenciatura para exercer o pastorado, esta Bíblia. Seria o caso então de devolver-lhes também a Bíblia?”

“Nããããão!” A resposta em uníssono veio como que de espanto.

“Obrigado. Eu ficarei com a Bíblia, e vocês fiquem com a doutrina.”

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Somente três anos mais tarde, motivados pela adoção compromissada e apologética do ponto doutrinário, seria formada a Igreja Presbiteriana Conservadora – um cisma da Igreja Presbiteriana Independente.

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Adaptado de narrativa realizada por WJF.

Figura ilustrativa da peça Macbeth (Sofia National Opera - 1974)

20.9.06

 

Sem igreja


Interessante a matéria do Professor Madia e da sua equipe nessa newsletter da MMS - tema do artigo: Os sem igreja!

16.9.06

 

Sinais e senões


Quando esse tipo de discussão vai pra grande mídia – coloque suas barbas de molho!

8.9.06

 

A dor do poeta


Estive com dois bons amigos hoje, no centro da cidade de São Paulo. Há tempos que o centro perdeu aquela magia.

Antes do almoço, Higino me lembrou de uma pessoa. Do Fernando. A Pessoa.

E recitou de bate-pronto. Eu - fui ao google e me apropriei. Que mais?

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não tem.

E assim nas calhas de roda Gira,
a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa (1932)

2.9.06

 

Escolhas

No seu momento de verdade o que você vai escolher? O deserto ou a aventura? Será que você confundiu a benção de Deus com riqueza, conforto e segurança? Você já pensou que o maior presente de Deus pra você é que Ele lhe chama para ser um pioneiro, um explorador* e até mesmo um criador? Há coisas que Deus faz por você e outras que Deus espera que você faça. A jornada se inicia quando você escolhe. Pare de gastar a luz do dia. Escolha uma vida de aventura significativa. Quando você assim o fizer, você viverá no epicentro das atividades de Deus.
Erwin Raphael McManus - em Chasing Daylight

* Para evitar tanto conclusões errôneas e piadinhas, é importante ressaltar a característica exploratória do cristão mencionada por McManus: no sentido de buscar o novo e se aventurar para o futuro em pró-atividade e usando os dons e talentos de criação, inovação e construção do novo - de acordo com o chamado de Deus. Ele faz um paralelo legal com Josué e Calebe.

O livro foi gentilmente emprestado da coleção do Reverendíssimo Kivitz.

Veja um pouco mais desse autor e inovador aqui e veja essa iniciativa que nem se parece com igreja de nome Mosaico.

1.9.06

 

Consertos Maravilhosos


Minha pesquisa para Interserve me levou até a International Coalition of Workplace Ministries - e what you know, umas citações muuuuuuito interessantes.

O espiritual manifesta-se em vida que não conhece divisão entre o sagrado e o secular.
Oswald Chambers

Deus está fazendo seu povo marchar para dentro do mundo do trabalho como nunca antes na história. Deus quer fazer algo. O próximo reavivamento espiritual acontecerá no mundo corporativo.
Henry Blackaby


É um erro pensar que aqueles que fogem dos assuntos do mundo e se entregam para a contemplação estão vivendo uma vida angelical ... Nós sabemos que os homens foram criados para se ocuparem com trabalho, e nada é mais agradável a Deus do que quando cada um responde ao seu chamado e se dedica para o bem comum.
João Calvino

Em nada a igreja tem perdido o contato com a realidade como na Sua falha de entender e respeitar a vocação secular. Ela tem permitido que trabalho e religião sejam departamentos separados, e se surpreende ao descobrir as conseqüências, que o trabalho secular no mundo se tornou puramente egosita e com fins destrutivos, e que grande parte dos trabalhadores inteligentes tem se tornado irreligioso ou no mínimo desinteressado em religião. Mas é surpreendente? Como pode alguém interessar-se por uma religião que não se preocupa com 90% da vida? A igreja se aproxima de um carpinteiro inteligente e se limita a exortá-lo a não ficar bêbado e nem ser desordeiro nas suas horas de laser, e vir à igreja aos domingos. O que a igreja deveria compartilhar é: a primeira forte demanda que a religião faz a ele é que ele faça mesas maravilhosas.
Dorothy Sayers

Se Cristo não for Senhor do meu trabalho, Ele não será Senhor de minha família.
Doug Sherman (autor de Deus Se Importa Com O Seu Trabalho)

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