8.9.06

 

A dor do poeta


Estive com dois bons amigos hoje, no centro da cidade de São Paulo. Há tempos que o centro perdeu aquela magia.

Antes do almoço, Higino me lembrou de uma pessoa. Do Fernando. A Pessoa.

E recitou de bate-pronto. Eu - fui ao google e me apropriei. Que mais?

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não tem.

E assim nas calhas de roda Gira,
a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa (1932)

Comments:
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
 
Postei um texto ontém e um dos leitores não percebeu de quem eu falava(em grande parte) e me pediu o endereço do blog do protagonista que, claro, era o fingido aqui.
 
Ontem não tem acento seu velho gagá.
 
fernando, sempre um amor de pessoa.
 
Gosto de visitar o seu blog. Me alegra o coração, principalmente quando sou recebida com poesia. Adorei!
Neli
 
Um dos meus poetas preferidos! :)
Abraços pra ti Volney!
 
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