4.2.08
Toda a vida
Toda a vida esta posta entre parêntesis: nascimento e morte.
Karl Jaspers
Nenhuma propaganda começa assim: Você vai morrer. Nem a de venda de lotes de Cemitério. Mas para nós meros mortais, essa é a única coisa certa na vida (mais até do que os impostos).
Perdemos o sentido da nossa temporaneidade já de muito. O Carnaval era para fortalecer esse princípio. Mesmo que fosse para se viver alguns dias em fúria mortal, para logo em seguida, com cinzas moderar a vida, pois passageira deve mirar o eterno.
Tem uma anedota antiga (coisa mais velha do que o postante): o crente é levado para o Céu, e em seu primeiro dia andando calmamente pelas ruas de ouro, se depara com uma barulheira numa esquina. Se surpreende quando aquele que era seu vizinho, vindo em sua direção, dançando e festejando, e fazendo pouco caso do novo morador: “Não era pecado, não era pecado ...”
O caminho mais fácil é quando promovemos o gueto cristão. E sem muito esforço, ao contribuir com o distanciamento de nosso vizinho, estamos antecipando nosso veredicto. Tornamos juízes, sem toga, sem martelo, sem proferir sentenças – nossos atos são suficientes. E somente por misericórdia e graça é que a fé se tornará disponível a ele. Mas que não dependa de nós, pois não nos misturamos e nada possuímos em comum além do CEP.
Será que realmente estamos sendo sal, promovendo vida para aqueles que nos cercam?
O cristão (o verdadeiro) deveria se cobrir de cinzas o ano todo. E também, curtir a vida com muito mais intensidade que qualquer carnavalesco. Pessoas inteligentes têm capacidade de abraçar idéias antagônicas ao mesmo tempo.
Você pode me dizer: Aí já é demais. Concordo, mas esse é o único caminho.
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Ricardo e Jorge, vocês são sempre bem vindos por aqui, inda mais falando bem. Faz um negócio aqui no meu ego, he he ...
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