17.12.08

 

Francamente

Falando francamente, tenho que confessar, sou influenciado por quem leio.

Minha alma se abre e se desdobra, dançando de acordo com a música do autor, no ritmo cadenciado de suas frases, no compasso inesperado de suas idéias, construídas com paixão e desatino. Acompanho o argumento, a narrativa, o descrever de uma cena, a contundência de uma afirmação.

Tudo me diz, nada me conclui. Me torna ausente de mim mesmo, presente nele (ou nela) que me faz pensar, digerir e prosseguir. Que bem me faz ser influenciado por outros? O que poderia esperar senão que meu semelhante se abrisse diante de mim, se despisse e se revelasse com sua natureza selvagem a consumir fervorosamente o verbo, o sonho, a imaginação e acima de tudo a si mesmo?

Sou eu mero espectador? Na leitura me torno um ladrão. Cínico, me faço de rogado. E em sua expectativa, aquele autor gaba-se de ter me dominado, de ter me prendido, de ter me sequestrado, de ter feito os ponteiros do tempo pausarem em descanso ... quando na verdade era eu quem o dominava: abro e fecho quando bem entender, paro quando quero, vivo sem sua interferência, faço de mim o meu próprio senhor! Não sem antes me nutrir de sua leitura, sem antes receber de sua fonte, sem antes ganhar mais uma dose de sabedoria e sem antes de mais nada não ser eu mesmo - mas sim aquele que sonha querer ser o que sua imaginação projeta.

Forte e pesada é sua mão. As letras carregam mais que escrita. Vem sobre mim como um fardo monstruoso de obrigações e encargos. Apesar de sua influência implacável e indelével  - estou aqui. Eu e mais eu, e eu mesmo, comigo. Independente, totalmente autônomo e livre. Com uma pequena e única exceção.

Falando francamente: não poderia passar um dia sem um escritor ao meu lado. Vou ler-te e vou devorar-te!

Escreva, pois!

Comments:
Entendo-te muito bem amigo Volney.
Nada como um livro para viajar e nos colocarmos na pele de outros.
Quando leio um livro, visualizo tudo.
Se por alguma razão, a história passa para o cinema, muitas vezes tenho algumas desilusões, pois nem sempre as coisas são conforme as visualizei; outras vezes, parece que já vi aquele filme! hehehehe
Abraços natalícios.
 
Que o diga o Padre Nouwen que veio morar aqui em casa, já estou no segundo livro dele, e amando.
 
Vilma
Vc acredita que - como ando muito pelas empresas - tem pouquissima gente que se dá a ler?

O Pava fez um texto legal também sobre livros e leituras ... e nós não combinamos!!

Abraços natalínos pra ti também!
 
Bete
Acabei esquecendo da coincidência, pois ontem mesmo pensei em fazer um Seminário sobre o Nowen - não seria fantástico??
 
Taí uma perspectiva interessante e verdadeira - novidade para mim - sobre essa "coisa" que é "ler". Muda um pouco a maneira de encarar o "escrever", também. Interessante!
 
Olha Volney, só este que estou lendo: Mosaicos do Presente, dá muito o que comentar. Como eu não acredito em acaso, era o livro que eu precisava ler antes de acabar 2008, até porque ele só faltou pular da gôndola.
 
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