19.7.08
Um primo especial
Seu estado de saúde chegou a um nível crítico. Os sinais vitais eram quase nulos, e somente aparelhos e medicação ainda sustentavam seu pesado corpo. Bem mais novo do que eu, Walter Gerson fazia parte da minha geração. Um pouco de Palavra da Vida, Primeira IPI, atuações dispersas em Curitiba e em outras oportunidades. Estava ele, ali comigo fazendo companhia e aproveitando para crescer na fé. Creio que nesse período (e não por mim) foi o de maior desenvolvimento pessoal com músicas, letras e testemunho.
Mas chegou a surpresa de uma doença - e com ela sua vida novamente rodopiou. Vivia firme, sereno, mas muito isolado e pensativo. Um pouco de remédio, um pouco do caminho que sua vida o tinha levado (ou trazido), um pouco de seu próprio estado...
Hoje sabemos que descansa em paz. Como diz o poema a seguir, escrito na véspera por seu pai, o despertar com Cristo será mais vantajoso.
A MORTE DE UM FILHO CRENTE
O que faz um pai enquanto a morte do seu filho espera?
A sentença foi dada, e ocorrerá em poucas horas;
O coração do pai desfalece e chora
Ao lembrar daquele que cheio de vida era,
Mas agora jaz inerte sobre a cama,
Enquanto a dor esmaga o coração que ama.
As lágrimas cobrem desse pai a face
Enquanto aguarda que este pesadelo passe…
Mas quem pode questionar a cronologia divina
E os designos daquele que é todo amor?
O pai, idoso, vive e sofre a amarga dor,
Enquanto o filho jovem, seu sonho aqui termina.
Só resta daquele coração forte a última batida
Depois do seu fiel pulsar por toda a sua vida.
Seus órgãos cumpriram já sua missão,
Tudo está morto: só bate o jovem coração.
Bate num frenetico esforço para sobreviver,
Enquanto a máquina o força a respirar,
Lutando contra o tempo, sem parar,
Mas já seu corpo está a esmorecer…
Pouco a pouco o filho vai partindo,
Os sinais vitais aos poucos vão sumindo,
“Já é visível que logo vai morrer“,
A boa enfermeira vem ao pai dizer.
O pai, o quadro vê nos digitos do monitor.
Que mostra a morte a seu caminho
E então calado, sofre alí sozinho
Querendo se esquecer da sua intensa dor.
A crer em Deus, seu filho ele ensinou;
O filho cresceu e o ensino para si guardou,
Por isso o jovem sabe bem qual há de ser a sorte
De quem em Cristo crê, ao enfrentar a morte.
Há poucos dias, ainda o filho reagia
Só com os olhos, podia ele nos falar
E assim podia o pai com ele dialogar.
O pai falava e ele a tudo atento ouvia;
“Deus é bom”, lhe disse então o pai ,
Concorda em tudo o filho, cuja voz não sai.
Esperança de vida dele aqui não mais existe,
Só desta espera resta o passo lento e triste.
Mas no meio deste sofrimento
Há alegria, e uma coisa boa,
Pois nossa fé não é abalada assim, à toa,
Nem fraqueja ela um só momento;
Tanto o filho como o pai bem sabem
Que, embora os dias logo aqui se acabem
Há alegria indescretível ao despertar,
E poder com Cristo eternamente estar!
João Wilson Faustini
Staten Island, NY - 17 de julho, 2008
Mas chegou a surpresa de uma doença - e com ela sua vida novamente rodopiou. Vivia firme, sereno, mas muito isolado e pensativo. Um pouco de remédio, um pouco do caminho que sua vida o tinha levado (ou trazido), um pouco de seu próprio estado...
Hoje sabemos que descansa em paz. Como diz o poema a seguir, escrito na véspera por seu pai, o despertar com Cristo será mais vantajoso.
A MORTE DE UM FILHO CRENTE
O que faz um pai enquanto a morte do seu filho espera?
A sentença foi dada, e ocorrerá em poucas horas;
O coração do pai desfalece e chora
Ao lembrar daquele que cheio de vida era,
Mas agora jaz inerte sobre a cama,
Enquanto a dor esmaga o coração que ama.
As lágrimas cobrem desse pai a face
Enquanto aguarda que este pesadelo passe…
Mas quem pode questionar a cronologia divina
E os designos daquele que é todo amor?
O pai, idoso, vive e sofre a amarga dor,
Enquanto o filho jovem, seu sonho aqui termina.
Só resta daquele coração forte a última batida
Depois do seu fiel pulsar por toda a sua vida.
Seus órgãos cumpriram já sua missão,
Tudo está morto: só bate o jovem coração.
Bate num frenetico esforço para sobreviver,
Enquanto a máquina o força a respirar,
Lutando contra o tempo, sem parar,
Mas já seu corpo está a esmorecer…
Pouco a pouco o filho vai partindo,
Os sinais vitais aos poucos vão sumindo,
“Já é visível que logo vai morrer“,
A boa enfermeira vem ao pai dizer.
O pai, o quadro vê nos digitos do monitor.
Que mostra a morte a seu caminho
E então calado, sofre alí sozinho
Querendo se esquecer da sua intensa dor.
A crer em Deus, seu filho ele ensinou;
O filho cresceu e o ensino para si guardou,
Por isso o jovem sabe bem qual há de ser a sorte
De quem em Cristo crê, ao enfrentar a morte.
Há poucos dias, ainda o filho reagia
Só com os olhos, podia ele nos falar
E assim podia o pai com ele dialogar.
O pai falava e ele a tudo atento ouvia;
“Deus é bom”, lhe disse então o pai ,
Concorda em tudo o filho, cuja voz não sai.
Esperança de vida dele aqui não mais existe,
Só desta espera resta o passo lento e triste.
Mas no meio deste sofrimento
Há alegria, e uma coisa boa,
Pois nossa fé não é abalada assim, à toa,
Nem fraqueja ela um só momento;
Tanto o filho como o pai bem sabem
Que, embora os dias logo aqui se acabem
Há alegria indescretível ao despertar,
E poder com Cristo eternamente estar!
João Wilson Faustini
Staten Island, NY - 17 de julho, 2008
Comments:
<< Home
Grande sorte essa, ...Deus já está com ele.
... tenho pensado muito em minha propria morte, sei lá porque.
... tenho pensado muito em minha propria morte, sei lá porque.
Estou enfermo, acho que pra morte, mas tenho estado muito sereno e ligado ao Pai.
Às vezes a dor me tira a paz, mas peço socorro e o sono logo vem.
Só tenho uma certeza só irei na hora que Ele quiser...
Às vezes a dor me tira a paz, mas peço socorro e o sono logo vem.
Só tenho uma certeza só irei na hora que Ele quiser...
Oi Volney... no sábado falamos muito sobre seus posts em nossa reunião (tb falamos sobre o Paulo Brabo ) ...mas tu foste o tema de nossa pregação..rsrssss.
Obrigada por sempre escrever algo bom e importante.
Tu tens um punhado de gente que te lê aqui na terrinha do sol.
Alice
Postar um comentário
Obrigada por sempre escrever algo bom e importante.
Tu tens um punhado de gente que te lê aqui na terrinha do sol.
Alice
<< Home