1.6.08

 

Guiness e Schaeffer

Era setembro, e estávamos no meio da Expo Cristã. Passei no estande da Vida Nova e comprei mais uma cópia dos Sete Pecados Capitais pela Shedd Publicações. Me dirigi ao Mackenzie onde o Os Guiness estava dando umas palestras, e bem cheguei no amém. Cumprimento o Mauro, o Davi, a Norma, e é claro o próprio. Refresquei sua memória de minhas influências sobre ele (acho que foi o contrário) quando eu o conheci em L'Abri, back in 73. E é claro tietei pedindo que me autografasse o livro.

No dia seguinte estávamos, eu e o Marcos de novo no Mackenzie para entrevistá-lo para a Cristianismo Hoje. Pegamos o canto menos barulhento e ligamos o gravador e fomos perguntando e digerindo. Uma das perguntas da entrevista publicada foi esta aqui:

Por que alguns setores mais conservadores demonizam autores como Kierkegaard e Bonhoeffer? Será que não podemos aprender com eles?

Claro que podemos. E esta é uma área em que Schaeffer exagerou um pouco e fez muito estrago. Ele atacava Soreen Kierkergaard ou Karl Barth por causa de algo particular na sua posição geral – e isso foi um erro. E aí ele dispensava todo o conteúdo do autor, o que é perigoso. Kierkergaard pode ter coisas que não concordamos, como o seu salto de fé, que é muito subjetivo. Mas devemos lembrar que ele atacava a religião seca e abstrata de seu tempo. A mesma coisa é verdade em Bonhoeffer, Barth e outros. A igreja nos seus primórdios, tinha uma pequena frase que dizia: “Toda a verdade é a verdade de Deus”. Então devemos ser os primeiros a reconhecer a verdade. É claro que se um irmão cristão estiver certo, como Kierkergaard, devemos rapidamente reconhecer seu lado certo, não focar sua fraqueza. Mas devemos fazê-lo com discernimento.

Comments:
Você lavou bem as mãos depois? Caramba, quanto cumprimento!

Mas fique tranqüilo, nenhum deles acerta, nem, tão pouco, erra. Nietzsche, Schopenhauer e Kierkegaard pelo lado da filosofia e Barth, Bonhoeffer e Berkouwer pelo lado da teologia desnudaram as falácias da ortodoxia. A menos que você escreva um livro com esse nome e fique em cima do muro fazendo média com os dois lados. Todo os caras que se metem a defender a ortodoxia acabam, invariavelmente, na tentativa de satanizá-los. Os argumentos fundamentalistas são presa fácil para pensamento liberal. Todos esses caras aí nos emocionam às lágrimas, enquanto gente que mata em nome de Deus são a vergonha do cristianismo. Não há como apoiá-los. O Schaeffer era um cristão romântico e fez um obra bonita. Se falou bobagens, o fez por chegar à encruzilhada entre filosofia e a religião. A grande verdade é que nenhum deles combateu Deus ou a fé. Todos, com diferença de um século ou mais, combateram a má teologia e os teólogos falaciosos. Schaeffer, como muitos, confundiu Igreja e fé. Mas precisamos preservar seus feitos. Os americanos do norte adorariam ter alguém na galeria dos grandes filósofos ou mesmo entre os grandes teólogos, mesmo que fosse alguém da direita. Com todas as universidades e escolas de primeira linha que eles possuem, com todo o dinheiro e poder parece que eles não levam jeito para a coisa. Sempre tem um alemão, um dinamarquês ou um holandês para atrapalhar os planos deles. Pior somos nós que nem dinheiro temos para assistir o debate.
 
Ah! Então foi você quem fez esta entrevista?!
Parabéns!!

Volney,
semana passada peguei na biblioteca aqui dois livros bibliográficos sobre Kierkergaard. Um de Tomás de Aquino já havia roubado da biblioteca de meus pais.
Não que eu seja amigo dos inimigos de seu amigo Schaeffer. Não, nada disso.
Abraços,
Roger
 
Comentário curto: Nietzsche e Kierkegaard têm mais a nos ensinar que alguns autores ditos cristãos...
 
Realmente temos muito a aprender ... com tudo e com todos.

Lou, com a ironia misturada na profundidade da observação. Influência desde os tempos de Vocacional. ;) O que temos visto ultimamente é a ascensão dos latinos. Mas não nos entusiasmemos, quanto maior a subida mais forte o tombo.

Roger, tens que aproveitar os acessos facilitados do conhecimento - é por aí. Te invejo - cristãmente, é claro. ;)

Rapha, por isso que usamos um pouco de pimenta na cozinha - um sabor extra, sem perder a essência!
 
Gostaria de parabénizá-lo pelo artigo. Não vou comentar porque, acho que o Lou Mello, já falou tudo, no seu excelente comentário.

Graça e Paz,

Juber
 
Volte sempre Juber.

Grato pela visita e leitura. Mas não se acanhe. A depender do Lou (arguto e afiado) ele sempre vai nos superar ou no mínimo se antecipar. E saiba que quero que voce tenha a mesma liberdade (e amizade) que ele tem - venha e dê uns pitacos a mais. ;)
 
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