15.6.08

 

Cristianismo Código Aberto - 6

Como o código permaneceria aberto, a despeito das forças contrárias?

O risco de se fechar o Código do Cristianismo não viria pelo inimigo de nossas almas. De longe, Deus havia estipulado limites: “... as portas do inferno não prevalecerão contra ela (a igreja)”.

O risco maior estava nos próprios crentes. Vemos isso nas cartas paulinas – basta repassar as introduções de cada uma delas. São escritas para os amados, para os santos, às igrejas, à igreja de Deus, aos santificados, aos fiéis irmãos ... Já nas cartas de Pedro, ele se dirige aos eleitos que são forasteiros e aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa ...João utiliza um tom ainda mais pessoal, dirigindo-se a filhinhos, à senhora eleita e seus filhos ... Mesmo Tiago que mantém um caráter mais impessoal em sua carta se dirige às doze tribos da dispersão.

Ou seja, iniciamos pelos Evangelhos, onde encontramos o relato vivo de Jesus, suas falas e sua história – em detalhes suficientes para que sejamos impactados e transformados pela notícia de tão grande salvação. No livro de Atos dos Apóstolos somos que direcionados a compreender a expansão do Reino no âmbito físico e geográfico, com as atuações resignadas de mártires e de nossos heróis da fé cristã. E a partir daí, nas diferentes cartas somos ensinados nos desdobramentos e significados da fé – sempre no âmbito de comunidades.

Nosso maior desafio portanto está em manter a chama acesa do Corpo de Cristo no sentido comunitário. E para isso Jesus deixa a chave para que o código permanecesse sempre aberto: “onde estiverem dois ou três em meus nome ...”

Se de um lado refletimos e repensamos a forma e a maneira de se fazer igreja – recusando a predominância institucional sobre a simplicidade e franqueza da comunidade, somos instados a permanecer como comunidade. E a sempre sermos comunidade. Somente assim o cristianismo terá valor verdadeiro. Só assim haverá manifestação real e verdadeira de Jesus – e a manifestação d’Ele vivo e em sempre abundante amor.

A chave reside bem aí – no amor!

Como manifestar amor aos outros se não estivermos com mais gente? Como ser comunidade se pelo menos três não estiverem reunidos? Como imitar a Cristo que amou e deu de Si? Como obedecer a vontade de Deus de amar aos outros?

Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. (João 13:34)

Comments:
A questão do código aberto vai além da resistência ao seu fechamento, envolve o quão aberto pode ser sem deixar de ser cristianismo.
A ACM (YMCA) foi fundada em 1844 com o código aberto. Sua profissão de fé - de 1855 - declara que "procura unir os jovens que, considerando Jesus Cristo seu Deus e Salvador, segundo as Sagradas Escrituras, desejam em sua fé e sua vida ser discípulos dele e juntos trabalhar..."
Tornou-se a maior organização leiga cristã do mundo. Um século e meio depois, discute-se se ainda é cristã ou não mais...
 
Ainda estamos no início das postagens - daí ainda estou explorando (primeiro entender, para depois explicar) o tema CCA.

Mas dá para afirmar que a partir do momento que se faz um contrato (seja ele com os melhores dos bons motivos e as mais acertadas afirmações) estamos fechando o código.

Por isso que tenho procurado - sem ser iconoclasta demais - virar meus canhõenzinhos para a Institucionalidade do cristianismo, que a meu ver não terá lugar mais no seculo 21.

Creio que já vem acontencendo há 200 / 250 anos. Toda vez que se pensa em colocar em papel (e na maioria das vezes se coloca de fato em papel) e meio que 'amarrar' as pessoas no proposito comum e iniciar um clube, um movimento, uma igreja, uma denominação ... iniciava-se algo que seria uma alternativa do menos pior - aquele negócio de ruim com as coisas no papel, pior sem ela.

Merece um post - quem sabe do CCA 6 ou 7 ...

Mas importante ver se o que eu estou entendendo é o que estou escrevendo. Grato Rubinho pela lembrança da ACM - é mais um exemplo ...
 
Grande Volney....essa sua sequencia de posts já está merecendo um livro sobre o tema !!....e concordo quando diz que a partir do momento da legalização denominacional o código fecha.
O homem não tem ou não atingiu ainda grandeza suficiente para administrar espiritualmente vidas carentes - ou melhor - é preciso entender que esse papel é de Deus, e o nosso é basicamente amar e "ir" levando esse amor àqueles que necessitam, e para isso , não se precisam placas, apenas corações.
Acho que o que tem tornado o código cada vez mais difícil de se abrir é o maior perigo das denominações: o poder (em seu mais amplo sentido).

Abraços pra vc !
Alice
 
É importante saber abrir a tal ponto, com tamanha incondicionalidade que a própria graça e amor deixarão constrangidos, se não perdidos aqueles que não se acham dignos de tal atmosfera. A simplicidade das parábolas de Jesus é um exemplo do que tento dizer.
 
Prezado Volney,

Muito boa estas postagens sobre Cristianismo Código Aberto. O Cristianismo instituicional com suas muitas ramificações, está longe de ser àquela comunidade simples e fraterna dos primeiros discípulos (mesmo com os problemas que tinham).

Graça e Paz,

Juber
 
Olá Volney,

Esta passagem inicial que você cita (Mt. 16:18), que diz que as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja, comumente é entendida simploriamente relacionada à nossa possibilidade de resistência aos ataques infernais. Porém se esquece que está se falando das portas do inferno... as portas do inferno necessariamente devem estar localizadas no inferno, não? Assim, muda-se o prisma e o que vejo é a igreja "invadindo" o inferno, arrebentando suas portas e não que os cristãos resistiriam as investidas do inferno. Não sei se consegui demonstrar a diferença...
Bem, de qualquer forma, certamente é o AMOR a "arma" apropriada pará isso.
Grande abraço (com os nossos tamanhos não poderia ser diferente!).
 
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