27.5.08

 

No Labirinto das Línguas



García Márquez não usa em hipótese alguma advérbios de modo em -mente, sempre substituidos por locuções adverbais; e se zanga quando a tradução não o segue nessa indiossincrasia.
Moacir Werneck de Castro

Pelos relatos da família, meu pai sempre foi amante das letras. Precoce, na idade de cinco anos, se prostrava de bruços no chão da sala, lendo em voz alta o saldo de jornal de meu avô. Aos doze anos foi estudar na cidade vizinha, e para tanto tomava sozinho o trem bem cedo. Dedicado, seguiu carreira das Armas. Com a língua inglêsa, nela se esmerou com repetidas assinaturas anuais da revista Time.

Me lembro que a cada quinze dias ganhava uns trocados por limpar sua mini biblioteca, que repousava sobre as estantes de madeira. Eram coleções de livros de guerra, uma infinidade de pocket books, dicionários os mais variados, diferentes tipos de Bíblias e as pilhas e mais pilhas de revistas.

Neste fim de semana, ao buscar meu pai para um almoço especial na 1ª Igreja, me deparei com O General em seu Labirinto, de Gabriel García Márquez. Mergulhei em sua leitura de pronto, sem antes guardar sob a quarta capa um recorte de jornal de 12 de outubro de 1989 que encontrara nos meios das páginas já transferindo seu amarelado para as páginas onde repousava. Era a explicação do tradutor, com um pequeno trecho que reproduzi acima. O título: Traduzindo García Márquez, chamou meu pai em suas leituras diárias de jornais. Não sei o que veio antes, o recorte ou o livro.
Foi com determinação e muito estudo que seu Inglês foi aprimorando, até ganhar por méritos uma função especial que nos levou aos Estados Unidos. A família e mais uma prima como agregado. Como estava no início de minha aborrescência - pude desfrutar do aprendizado da língua e de outras absorções culturais. Incluiria nessa categoria os esportes também - até porque o Baseball é algo muito americano, apesar do Japão, Venezuela e Cuba serem igualmente fãs da peleja do taco e da bola de madeira revestida de couro branco. Aprendi esse esporte, após comprar luva (para a mão esquerda, pois a direita deve ficar livre para se lançar a bola).
Mas o que sempre me fascinou - até os dias presentes, apesar do entusiasmo não ser o mesmo, foi o Basquete. Acompanhava dominicalmente pela televisão, os embates entre Bill Russell e Wilt Chamberlain. O primeiro era o grande expoente do Boston Celtics. O segundo, o maior reboteiro e pontuador da NBA em seus primórdios - defendia as cores do Philadelphia 76'ers.
Hoje me encontro mais introspectivo e amante das leituras. Um misto dos anos indo, das responsabilidades e desafios profissionais, e a percepção clara que a tal da revolução virá pelo poder da palavra e da Palavra (ou vice versa, se preferir).

Digo a você, que nas primeiras páginas, esse talentoso colombiano já me conquistou.

Comments:
Tome cuidado meu. As FARC o tem por patrono. Hi, hi... :) Bobagem, o cara é muito bom, pelo menos é o que dizem... :) Mas gostei de sua história e de sua percepção, incorporando o Garcia Marquez e o valor da palavra. Só falta votar no PT, pois já é corinthiano e sofredor.
 
Uia, virei santa da tua lista! Preciso moderar nas bobagens, no teu time só tem gente séria. De Garcia Marques só li Crônicas de uma morte anunciada. Ah e o tal dos cem anos de perdão. De solidão.
 
Caro Confrade,
Estou comentando neste post "No Labirinto das Línguas", mas extende-se ao "Um legado" e "Tempos (pós) Modernos". Certa vez, conversando num dos programas do Zona da Reforma, falamos das tentativas de ser mais pessoal no blog, de se mostrar mais e estou aqui prá te dizer que você já tem conseguido fazer isso de forma brilhante. Pode acreditar! Estou gostando dessa virada. Também estou nessa busca. Grande abraço.
 
Volney,

aproveitei hoje para ler a parte que vc colocou do manisfesto.
Já havia antes lido o primeiro ítem e desanimando, se há porta vozes então por que eles se colocam nessa posição?
Todavia li hoje o outros ítens e são mesmo bem interessantes. Vou imprimir o arquivo em inglês. Se você precisar ainda de ajuda na tradução, mada ver.

Abraços,

Roger
 
Gente promete que dou mais atenção a voces, e respondo com mais vagar.

A minhasemana - se é que vai terminar, será só amanhã (sábado) após as 18 horas.

Mas com uma postagem curta, inicio minhas respostas - ok.

Vamos nessa Roger, temos muito pra revolucionar (bolivarianamente falando) ... he he
 
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