15.5.08

 

Ministério e Vocação


A exemplo do Pavarini e por causa dele, estou lendo Ministério Criativo de Henri Nowen (Editora Palavra).


Antes de mais nada um alerta esclarecedor. O conjunto título e ilustração da capa foi infeliz - pois leva o leitor a pensar que este é um texto para a turminha de música e louvor. E não é esta a ênfase do conteúdo. O certo seria ter na capa um sub-título mais esclarecedor: A Arte da Vocação Pastoral e suas Implicações no Cuidado do Rebanho. É disso que trata o texto: numa condensada e profunda reflexão sobre o pastorado, em apenas 137 páginas.


Ele mesmo nos dá a chave do que é a espiritualidade no e do Ministério, e sua vocação pastoral:

Se há alguma frase no Evangelho que expressa de uma forma muito concentrada tudo o que eu tentei dizer nos cinco capítulos deste livro ...: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos" (João 15.3)
Nowen é altamente recomendado, e nada a ver por ser o 'queridinho' do momento. A relevância de suas obras está na peculiar situação de aridez e confusão em que a Cristandade se encontra nos dias atuais, confrontada por textos incisivos e contundentes acerca da responsabilidade e do desafio cristão profundo. E ele é um dos poucos que já, há muitas décadas, vem se dedicando ao tema da espiritualidade e do pastorado. E mesmo com alguns anos de sua morte, seu legado continua trazendo contribuições essenciais para o povo de Deus - e em especial a líderes e ministros do Evangelho.

Um livro que desafia o chamado superficial

Este é um livro sobre liderança e vocação pastoral. Trata da transição profissional para a espiritual, do contrato para a aliança, e do agente de mudança que concilia estruturas e organização, do ativista social que concilia a postura do contemplativo devoto.

Este é um livro que desafia ministros a buscar o equilibrio com o mundo que o cerca, seja ele a criação, a criatura ou a si mesmo. Nada zen, ou parecido - antes é algo profundo, de uma espiritualidade bíblica comprometida com o pastorado cristão. Nowen enfatiza:

É por meio de uma obediência infantil que a vida se torna o caminho para o Reino. E se você alguma vez já ofereceu o pão e o vinho para Deus na beira do Grand Canyon, pode ser que tenha experimentado que podemos realmente celebrar, quando a humildade nos torna livres ... sabemos que toda nossa vida é dada, e dada para celebrar.

A citação à página 120 que compartilho a seguir com você, é também uma homenagem à Marina Silva - que cuidou das questões ambientais de nosso país com um vigor de estilo José bíblico e com um coração e mansidão de estilo Estevão bíblico.

Nowen lembra o que disse o chefe do povo Wintu (e isso foi escrito back em 1971!):


O homem branco nunca cuidou da terra, do cervo ou do urso. Quando os índios matam por carne, nós comemos tudo. Quando cavam por raízes, fazemos buracos pequenos ... nós sacudimos as bolotas do carvalho e os cones do pinheiro. Não derrubamos árvores. Somente usamos madeira morta. Mas o homem branco lavra a terra, arranca as árvores e mata tudo. A árvore diz, : "Não faça isso, estou ferida, não me machuque". Mas eles derrubam tudo e cortam as toras. O espirito da terra odeia o homem branco .... os índios nunca ferem nada, mas o homem branco destrói tudo.

Comments:
O homem branco é uma doença para o planeta...
 
Realmente essa capa está horrível.
Valeu pela indicação.
Um abração
 
De todas as espécies animais e vegetais, de todas os elementos que existem no planeta, o ser humano parece ser o único que não se adapta. Será que nosso lugar é mesmo aqui?
 
Bem se jogar a gente fora, junto com a água do banho ... he he

É verdade Lou - tal a conseqüência da queda que ... que ... estamos caídos (!)

Meus caros, grato pelos comments - até agora não entendo Mauricio, como foram escolher essa capa e distorcer a obra do Nowen - ele deve estar dando voltas (se ficar sabendo ... he he).

E bota o homem branco pra cuidar do homem branco - o índio que fique debaixo da Funai!
 
Rapaz, não li o livro ainda... mas sempre desconfiei que esta capa não tinha muito a ver com o livro. Daí vale o velho ditado "não se pode julgar um livro pela capa".

Abração!
 
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