13.4.08

 

Panelão



Manassés, para quem não conheceu nos tempos de PV, era o famoso lavador de panelas, devidamente 'contratado' por Valdemar Fomin, chefe dos equipantes.

Ligava para casa e deixava recado. Como era difícil para a Leonor anotar o nome incomum dele, ele logo ia soltando o seu apelido: Panelão, Panelão ...

Com seu jeito simplório e limitado ele conquistava a amizade até daqueles que não o conheciam pessoalmente. Creio que outros também tem saudades – não só da época, mas das pessoas.

Como eramos muito jovens, cometiamos alguns desatinos. Um deles foi o de colocar o pobre Manassés como 'meu filho' na hora dos esquetes.

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Dentre as diversas funções possíveis a serem ocupadas como membro da equipe no Acampamento, estavam a de PS - Polícia Sanitária (sofisticação necessária para motivar jovens a serem faxineiros), Lavadores - apoiando na cozinha, Conselheiro (chefe de quarto), e Turma de Esportes (incluindo-se aí o Salva Vidas).

A mais nobre e ambicionada função era sem sombra de dúvidas, o de Chefe de Esportes. Uma mistura de MC (mestre de cerimônias) como avisador oficial e divulgador de resultados, ao mesmo tempo que incentivava a disputa entre os dois times formados ao início da semana de estadia de duas centenas de jovens. E é claro apitava jogos e atividades, exigindo silêncio e dando ordens.

Sérgio Zé Cabrita, apesar de seu porte atlético, era limitado por uma asma radical e extrema que lhe abatia em momentos de exageros cômicos ou debaixo de ansiedade incontrolável, não chegou a galgar tal posição, permanecendo sempre como segundo protagonista. Era o mais novo da turma e nutria uma inimizade com a redonda. Certamente fortes razões que contribuiram para excluí-lo de um papel maior. Havia é claro, a voluntária participação como 'meu filho' nos esquetes de quarta-feira.

Ao longo das temporadas, sofisticamos o uso voluntário de atores para 'meu filho' - recrutávamos dentre os acampantes. Num lance de sofisticada intuição, podiamos identificar quem realmente queria aparecer para a galera, e pimba o cara ficava marcado.

Jaziel, Robinson e Arlindo, juntamente com este que vos escreve formaram a melhor quadra de palhaços que o salão Alca testemunhou. Em ocasiões raras e especiais tinhamos a participação hors concours de Ary Bollback. Era o mestre no meio dos alunos.

Jayrinho sucedeu o trio, em termos de expoente nas palhaçadas. Havia outros players, que só de memória não consigo citar.

A mão de Deus me acolheu em certa noite de esquetes. Combinávamos as participações e o andamento da cena, aproveitando a noção de timing e o forte poder de improviso de cada um. O plot era dos pastelões básicos. Eu iria desmaiar, e duro – como uma tábua - deixar meu corpo pender para trás. Jaziel e Robinson deveriam me segurar e me deitar no sofá. Não é que na hora do vamos ver, os caras romperam com o momento da cena, e colocando as mãos sobre os ombros um do outro iniciaram uma confabulação qualquer. Eu de costas, sem poder ver, deixei o corpo pender para trás. O cimento frio amorteceu minha queda. Meu olhar de raiva era retribuído por gargalhadas histéricas dos dois (mão na barriga e a outra a me apontar no chão). A platéia foi à loucura. Não tive nenhuma seqüela (graças ao bom Deus) além da psicológica. E uma lição para a vida toda: não confiar em ninguém, ainda mais se o cara tem senso de humor.

Comments:
O Jasiel fez a esquete do cara com vontade de fazer xixi, certa vez e quase me matou de tanto rir. Percebi que ele estava, de fato, com vontade de fazer xixi e os outros caras não terminavam a esquete. Quando acabou, ele saiu correndo para o banheiro, para o delírio geral.
Nem adianta dizer que ele fazia isso sempre, pois assisti essa esquete várias vezes e ele nunca fez isso de novo.
 
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