9.12.07
Não Matarás - o Evento
Fui assistir ao evento NÃO MATARÁS – A Viabilidade de uma cultura de paz, com a participação do ‘inquietante e lúcido pensador cristão Ed René Kivitz’ e o hoje escritor-roteirista, palestrante, pós graduado em antropologia, o ex-capitão Rodrigo Pimentel, da PM carioca e ex-integrante do BOPE.
Falar sobre violência, de uma maneira geral até que é fácil. Fazer simples comentários, descrições e pontuações são exercícios fáceis ao alcance de qualquer leitor de jornal e assíduo telespectador do Tadena. O desafio está em trazer uma palavra de entendimento e cotejá-la com passos práticos e focados para o cidadão comum. E foi neste aspecto que o encontro mais do que valeu e superou expectativas. Pudemos conhecer opiniões duras nos aspectos difíceis desse tema. O encontro foi uma iniciativa da Galilea e administrado pela equipe do grande Pavarini.
Ed René Kivitz
Iniciando a fala, Ed ao fazer referência à religião, traz Deus ao debate. Ao invocá-Lo chamamos a Suprema autoridade para nos dar uma base para a compreensão e do proceder para tratar da Violência.
A Teologia e a fé buscam a compreensão da vida. Todos nós fazemos Teologia a partir do momento em que nos colocamos a fazer perguntas. E há três grandes fundamentos na tradição judaico-cristã: O primeiro: Não Matarás; o segundo da lei do Talião: Olho por olho e dente por dente; e o terceiro por Jesus ao resumir seus ensinamentos no Sermão do Monte: vire (dê) a outra face para quem lhe agredir.
É do decálogo que tiramos o Não Matarás. Significa inicialmente que não é para construirmos uma sociedade que mata. Os mandamentos são a base ética para a construção de uma Nação. Os mandamentos foram dados para o povo de Israel imediatamente após a libertação de 400 anos de escravidão em seu trajeto para Canaã. Estava o povo de Israel no caminho da construção de uma sociedade e nação independentes. O decálogo traz as diretrizes para o grupo. Na dimensão pessoal é para não se fazer com suas próprias mãos a justiça. No individual a ordem é: não assassinarás. Os teólogos (tanto judeus como cristãos) dizem que assim colocado é mais bem compreendido, por ser possível tirar a vida de outro sem quebrar o mandamento. Por exemplo, na defesa legítima da sua prole. Apesar de ser uma questão mais complexa, é nesses casos que temos justificativa e autorização perante Deus.
Quanto à base de olho por olho e dente por dente diferente do que se pensa, não se trata de um incentivo ou uma autenticação para a vingança. No fundo é um palavra de contenção para a retaliação! Não é para se retribuir um aviltamento com uma ação que extrapole através do revide a própria agressão sofrida. Atua como um freio, e invoca a justiça. Uma medida para não se ir além.
Já em Jesus temos a chamada revolucionária de virar a outra face ... de amar o inimigo ... de abençoar quem lhe amaldiçoa ... Uma possibilidade muita remota para nós. Seria uma utopia? Há aqueles (os dispensacionalistas) que dizem que Jesus não esperava que isso fosse colocado em prática no mundo presente, reservando esse novo estado para o Milênio. Mas Jesus está falando que haverá sempre a quebra do mandamento, e que o freio não vai brecar e chegaremos ao ponto onde alguém tem que interromper o círculo vicioso da violência – e assumir o ônus ao travá-lo! Não importa o estilo do tapa que se leva – se com a mão aberta, com a palma ou com o peito (indo ou vindo da mão). O estilo da agressão ou sua forma, pouco importa. Quando se dá a outra face, estamos dizendo ao agressor: “aqui – em mim, a violência para”.
Na noite de hoje não estamos discutindo os criminosos que matam, mas sim a violência na sociedade e o freio à barbárie na sociedade.
Mas como construir uma cultura de paz?
Primeiramente com justiça – sistemicamente nossa sociedade mata. Não é só deles a responsabilidade, mas é sobre nós. Fomos nós que construímos uma sociedade que mata. Para a paz precisamos de justiça.
Em segundo lugar com legalidade. Não existe ninguém acima da lei. Ou se está sob a lei ou fora da lei. Weber corretamente disse: “Só o Estado pode usar a força para conter o mal – mas tem que fazê-lo dentro da legalidade”. O Estado age certo quando mata, desde que dentro da lei.
Em terceiro lugar, através da formação de uma consciência de paz. Nelson Mandela diz que ninguém nasce odiando o outro por causa da cor da pele, da classe social ... mas por que aprende a odiar.
Por isso proponho dois momentos. Um terapêutico – enfrentando o mal de maneira dura e legal, e o outro profilático – construindo uma sociedade mais justa e ensinando as pessoas a amar. Isso demora, pois tem que ser um ensino que é feito pelo amor. E devemos começar onde o nosso braço alcança – ou seja, iniciar com amor e amar aqueles que estão mais próximos de nós – a começar pela nossa própria família. Amar e perdoar – inicialmente os que estão mais próximos de nós e alcançando círculos maiores.
Rodrigo Pimentel
Apesar da população apoiar em 91% a ação da polícia do Rio de Janeiro nos morros e nas favelas cariocas, e com um placar anual de cerca de 1.600 mortes, a solução para a violência está no caminho contrário – ou seja quando há declínio da violência, observamos que a polícia mata menos. Para se ter idéia, se o índice de São Paulo é 18, o do Rio é 38 – ou seja mais que o dobro. A situação paulista é melhor.
Quando a polícia do Rio apresentou à Imprensa os assassinos do menino João Hélio – aquele que tinha ficado preso no cinto e foi arrastado pelo carro em fuga roubado da mãe, cinco jornalistas não se contiveram e furando o cordão de isolamento passaram a agredir os presos. Experientes jornalistas, com quinze, vinte anos de cobertura do crime – não conseguiram se conter. Emocionalmente abalados, partiram para a violência e agressão, possivelmente identificando no menino João Hélio seus próprios filhos e filhas.
Há hoje um código não escrito que atende por mandato policial. É uma autorização tácita para a tortura ou além. Há uma irresponsável transferência via procuração informal para que a polícia realize atalhos na lei e na justiça e acabe logo com esses problemas. A sociedade assim fecha os olhos e se torna insensível aos sempre presentes efeitos colaterais imediatos (morte e ferimento de inocentes – por exemplo).
Quando Tim Lopes morreu, após ter sido torturado por seis horas, a sociedade demandava uma reação dura – e quando da ação atabalhoada de captura de seus assassinos, um dos efeitos colaterais da ação policial foi a morte de um menino de 10 anos.
A OAB que hoje tem uma atuação fiscalizadora que suplanta a da Igreja Católica (comparativamente ao seu histórico exemplar durante a ditadura militar), demitiu o responsável de seu setor de Direitos Humanos por achar que é melhor não cutucar o problema. Ele queria denunciar os exageros da polícia nessa última ação que resultou na morte de 19 favelados. Todos eles mortos, estavam sem suas camisas – aparentemente para que os resíduos de pólvora não revelassem que foram mortes por execução.
No filme Tropa de Elite, a cena do Capitão Nascimento fazendo tortura, teve que ser bem ensaiada, pois a gente insistiu que tinha que ser feita sem ódio. Não é uma reação de emoção e raiva. Não há ‘baba’ – descaso ou deboche. É um procedimento normal e profissional. Capitão Nascimento é ao mesmo tempo vítima e algoz.
Se de um lado Tropa de Elite ganhou uma pecha de ser um discurso mais à direita – por aparentemente defender a polícia e seu rigor (e exageros) de combate ao crime, o outro filme que fizemos, o Ônibus 174, trata do seqüestro do ônibus, onde o criminoso Sandro Nascimento (propositalmente demos o mesmo sobrenome para o Capitão) sem pai, com a mãe morta quando ele tinha 9 anos, à facadas (que ele presenciou), criado pela FEBEM e Institutos – e ao final tendo matado a professora Geisa, recebeu no outro extremo a pecha de estar demasiadamente à esquerda, defendendo via compaixão a situação do criminoso.
Uma das cenas mais chocantes do 174, é que quando acontecem os disparos, o público que se mantinha hipnotizado acompanhando apreensivamente de perto os desdobramentos, ao invés de correr para longe dos tiros, se dirige para o centro da cena. Ou seja – era uma turba pronta para o linchamento.
Pegue Tropa de Elite. No Rio ao assistir em diferentes cinemas (de bairros pobres e ricos) a reação comum de aplauso após as cenas de tortura me deixaram abobado! Há uma intolerância generalizada de ódio à tirania do tráfico - tanto do rico - classe média e alto, como do pobre.
Só que o componente mais agudo nesse cenário todo, é o que chamamos de imprevisibilidade da polícia. Se a tirania é odiada, a polícia não tem tratamento diferente por causa da sua imprevisibilidade. Ou seja, ela não é confiável em suas ações e posturas.
Pudemos medir um fato interessantíssimo. Quando se coloca numa determinada favela uma lona de circo por 40 dias, a criminalidade despenca em 90%! Pouca gente levanta essa bandeira. No 'circo' acontecem eventos de artes, educação, recreação, música (com gente boa se voluntariando para dar shows). Ninguém fala disso!
A manobra da segurança infelizmente não usa ferramentas ‘adicionais’ ... Fica no vácuo. É importante notarmos que a ação enérgica em si não levará a lugar algum.
Com relação à tortura, há uma análise muito bem feita pelo Élio Gaspari ao retratar os para-quedistas franceses que atuaram na Batalha de Argel (nome do filme). Essa também ‘tropa de elite’ foi lutar na Argélia. O comando francês estava dividido – um general permitia a tortura, e outro a proibia. Só que essa questão sai literalmente do controle. Eles, que dez a quinze anos antes tiveram seus pais vitimados com tortura na mão dos nazistas na França ocupada, agora ocupando a Argélia repetiam os mesmos métodos dos antigos inimigos. Quando os fins justificavam os meios, a tortura passa a rolar solta. Esses mesmos combatentes, anos seguintes se rebelam contra De Gaulle, voltam para a França como revolucionários, e partem para ações subversivas de atentados à bomba e assassinatos. A mão dura do presidente francês é obrigada a mandar executar a nata do Exército de seu país. Esse é o maior argumento contra a tortura – pois foi a própria tortura que desconstruiu o Exército francês.
De elite do exército, a torturadores, a revolucionários, a rebeldes, a criminosos ... A tortura - decididamente não convém.
Perguntas e respostas
Evidencio duas respostas da hora do debate – apesar de todas merecerem relato.
Ao ser perguntado sobre como pode a Bíblia falar de paz e de amor, se o mesmo Deus foi extremamente belicoso e radical em guerras e extermínio de inimigos, Ed deu uma resposta bem clara e objetiva. Primeiro, destacou ele, somente em dois casos bem registrados no relato do Antigo Testamento é que Deus requer de seu povo uma ação extremada. São casos bem específicos e dentro de um contexto da história do povo de Israel que precisava construir uma nação e uma sociedade em meio a um povo bárbaro e odioso. E que precisava – como povo - ser preservado, porque de sua linhagem nasceria o Messias. Agora esse mesmo Deus, agora manifestado em Cristo, promulga a postura da outra face, da rendição e de morrer para não matar – e seguiu até a cruz para ser Ele mesmo morto e crucificado.
Já o Capitão Pimentel, ao ser perguntado sobre o contingente de cristãos no Bope, respondeu que hoje os evangélicos já participam com um terço do contingente ativo. Há no entanto alguns policiais e oficiais que após se destacarem, acabam saindo – sendo que alguns passam a ser pastores. Dois relatos adicionados à essa resposta, motivaram muita risada dos presentes.
Falar sobre violência, de uma maneira geral até que é fácil. Fazer simples comentários, descrições e pontuações são exercícios fáceis ao alcance de qualquer leitor de jornal e assíduo telespectador do Tadena. O desafio está em trazer uma palavra de entendimento e cotejá-la com passos práticos e focados para o cidadão comum. E foi neste aspecto que o encontro mais do que valeu e superou expectativas. Pudemos conhecer opiniões duras nos aspectos difíceis desse tema. O encontro foi uma iniciativa da Galilea e administrado pela equipe do grande Pavarini.
Ed René Kivitz
Iniciando a fala, Ed ao fazer referência à religião, traz Deus ao debate. Ao invocá-Lo chamamos a Suprema autoridade para nos dar uma base para a compreensão e do proceder para tratar da Violência.
A Teologia e a fé buscam a compreensão da vida. Todos nós fazemos Teologia a partir do momento em que nos colocamos a fazer perguntas. E há três grandes fundamentos na tradição judaico-cristã: O primeiro: Não Matarás; o segundo da lei do Talião: Olho por olho e dente por dente; e o terceiro por Jesus ao resumir seus ensinamentos no Sermão do Monte: vire (dê) a outra face para quem lhe agredir.
É do decálogo que tiramos o Não Matarás. Significa inicialmente que não é para construirmos uma sociedade que mata. Os mandamentos são a base ética para a construção de uma Nação. Os mandamentos foram dados para o povo de Israel imediatamente após a libertação de 400 anos de escravidão em seu trajeto para Canaã. Estava o povo de Israel no caminho da construção de uma sociedade e nação independentes. O decálogo traz as diretrizes para o grupo. Na dimensão pessoal é para não se fazer com suas próprias mãos a justiça. No individual a ordem é: não assassinarás. Os teólogos (tanto judeus como cristãos) dizem que assim colocado é mais bem compreendido, por ser possível tirar a vida de outro sem quebrar o mandamento. Por exemplo, na defesa legítima da sua prole. Apesar de ser uma questão mais complexa, é nesses casos que temos justificativa e autorização perante Deus.
Quanto à base de olho por olho e dente por dente diferente do que se pensa, não se trata de um incentivo ou uma autenticação para a vingança. No fundo é um palavra de contenção para a retaliação! Não é para se retribuir um aviltamento com uma ação que extrapole através do revide a própria agressão sofrida. Atua como um freio, e invoca a justiça. Uma medida para não se ir além.
Já em Jesus temos a chamada revolucionária de virar a outra face ... de amar o inimigo ... de abençoar quem lhe amaldiçoa ... Uma possibilidade muita remota para nós. Seria uma utopia? Há aqueles (os dispensacionalistas) que dizem que Jesus não esperava que isso fosse colocado em prática no mundo presente, reservando esse novo estado para o Milênio. Mas Jesus está falando que haverá sempre a quebra do mandamento, e que o freio não vai brecar e chegaremos ao ponto onde alguém tem que interromper o círculo vicioso da violência – e assumir o ônus ao travá-lo! Não importa o estilo do tapa que se leva – se com a mão aberta, com a palma ou com o peito (indo ou vindo da mão). O estilo da agressão ou sua forma, pouco importa. Quando se dá a outra face, estamos dizendo ao agressor: “aqui – em mim, a violência para”.
Na noite de hoje não estamos discutindo os criminosos que matam, mas sim a violência na sociedade e o freio à barbárie na sociedade.
Mas como construir uma cultura de paz?
Primeiramente com justiça – sistemicamente nossa sociedade mata. Não é só deles a responsabilidade, mas é sobre nós. Fomos nós que construímos uma sociedade que mata. Para a paz precisamos de justiça.
Em segundo lugar com legalidade. Não existe ninguém acima da lei. Ou se está sob a lei ou fora da lei. Weber corretamente disse: “Só o Estado pode usar a força para conter o mal – mas tem que fazê-lo dentro da legalidade”. O Estado age certo quando mata, desde que dentro da lei.
Em terceiro lugar, através da formação de uma consciência de paz. Nelson Mandela diz que ninguém nasce odiando o outro por causa da cor da pele, da classe social ... mas por que aprende a odiar.
Por isso proponho dois momentos. Um terapêutico – enfrentando o mal de maneira dura e legal, e o outro profilático – construindo uma sociedade mais justa e ensinando as pessoas a amar. Isso demora, pois tem que ser um ensino que é feito pelo amor. E devemos começar onde o nosso braço alcança – ou seja, iniciar com amor e amar aqueles que estão mais próximos de nós – a começar pela nossa própria família. Amar e perdoar – inicialmente os que estão mais próximos de nós e alcançando círculos maiores.
Rodrigo Pimentel
Apesar da população apoiar em 91% a ação da polícia do Rio de Janeiro nos morros e nas favelas cariocas, e com um placar anual de cerca de 1.600 mortes, a solução para a violência está no caminho contrário – ou seja quando há declínio da violência, observamos que a polícia mata menos. Para se ter idéia, se o índice de São Paulo é 18, o do Rio é 38 – ou seja mais que o dobro. A situação paulista é melhor.
Quando a polícia do Rio apresentou à Imprensa os assassinos do menino João Hélio – aquele que tinha ficado preso no cinto e foi arrastado pelo carro em fuga roubado da mãe, cinco jornalistas não se contiveram e furando o cordão de isolamento passaram a agredir os presos. Experientes jornalistas, com quinze, vinte anos de cobertura do crime – não conseguiram se conter. Emocionalmente abalados, partiram para a violência e agressão, possivelmente identificando no menino João Hélio seus próprios filhos e filhas.
Há hoje um código não escrito que atende por mandato policial. É uma autorização tácita para a tortura ou além. Há uma irresponsável transferência via procuração informal para que a polícia realize atalhos na lei e na justiça e acabe logo com esses problemas. A sociedade assim fecha os olhos e se torna insensível aos sempre presentes efeitos colaterais imediatos (morte e ferimento de inocentes – por exemplo).
Quando Tim Lopes morreu, após ter sido torturado por seis horas, a sociedade demandava uma reação dura – e quando da ação atabalhoada de captura de seus assassinos, um dos efeitos colaterais da ação policial foi a morte de um menino de 10 anos.
A OAB que hoje tem uma atuação fiscalizadora que suplanta a da Igreja Católica (comparativamente ao seu histórico exemplar durante a ditadura militar), demitiu o responsável de seu setor de Direitos Humanos por achar que é melhor não cutucar o problema. Ele queria denunciar os exageros da polícia nessa última ação que resultou na morte de 19 favelados. Todos eles mortos, estavam sem suas camisas – aparentemente para que os resíduos de pólvora não revelassem que foram mortes por execução.
No filme Tropa de Elite, a cena do Capitão Nascimento fazendo tortura, teve que ser bem ensaiada, pois a gente insistiu que tinha que ser feita sem ódio. Não é uma reação de emoção e raiva. Não há ‘baba’ – descaso ou deboche. É um procedimento normal e profissional. Capitão Nascimento é ao mesmo tempo vítima e algoz.
Se de um lado Tropa de Elite ganhou uma pecha de ser um discurso mais à direita – por aparentemente defender a polícia e seu rigor (e exageros) de combate ao crime, o outro filme que fizemos, o Ônibus 174, trata do seqüestro do ônibus, onde o criminoso Sandro Nascimento (propositalmente demos o mesmo sobrenome para o Capitão) sem pai, com a mãe morta quando ele tinha 9 anos, à facadas (que ele presenciou), criado pela FEBEM e Institutos – e ao final tendo matado a professora Geisa, recebeu no outro extremo a pecha de estar demasiadamente à esquerda, defendendo via compaixão a situação do criminoso.
Uma das cenas mais chocantes do 174, é que quando acontecem os disparos, o público que se mantinha hipnotizado acompanhando apreensivamente de perto os desdobramentos, ao invés de correr para longe dos tiros, se dirige para o centro da cena. Ou seja – era uma turba pronta para o linchamento.
Pegue Tropa de Elite. No Rio ao assistir em diferentes cinemas (de bairros pobres e ricos) a reação comum de aplauso após as cenas de tortura me deixaram abobado! Há uma intolerância generalizada de ódio à tirania do tráfico - tanto do rico - classe média e alto, como do pobre.
Só que o componente mais agudo nesse cenário todo, é o que chamamos de imprevisibilidade da polícia. Se a tirania é odiada, a polícia não tem tratamento diferente por causa da sua imprevisibilidade. Ou seja, ela não é confiável em suas ações e posturas.
Pudemos medir um fato interessantíssimo. Quando se coloca numa determinada favela uma lona de circo por 40 dias, a criminalidade despenca em 90%! Pouca gente levanta essa bandeira. No 'circo' acontecem eventos de artes, educação, recreação, música (com gente boa se voluntariando para dar shows). Ninguém fala disso!
A manobra da segurança infelizmente não usa ferramentas ‘adicionais’ ... Fica no vácuo. É importante notarmos que a ação enérgica em si não levará a lugar algum.
Com relação à tortura, há uma análise muito bem feita pelo Élio Gaspari ao retratar os para-quedistas franceses que atuaram na Batalha de Argel (nome do filme). Essa também ‘tropa de elite’ foi lutar na Argélia. O comando francês estava dividido – um general permitia a tortura, e outro a proibia. Só que essa questão sai literalmente do controle. Eles, que dez a quinze anos antes tiveram seus pais vitimados com tortura na mão dos nazistas na França ocupada, agora ocupando a Argélia repetiam os mesmos métodos dos antigos inimigos. Quando os fins justificavam os meios, a tortura passa a rolar solta. Esses mesmos combatentes, anos seguintes se rebelam contra De Gaulle, voltam para a França como revolucionários, e partem para ações subversivas de atentados à bomba e assassinatos. A mão dura do presidente francês é obrigada a mandar executar a nata do Exército de seu país. Esse é o maior argumento contra a tortura – pois foi a própria tortura que desconstruiu o Exército francês.
De elite do exército, a torturadores, a revolucionários, a rebeldes, a criminosos ... A tortura - decididamente não convém.
Perguntas e respostas
Evidencio duas respostas da hora do debate – apesar de todas merecerem relato.
Ao ser perguntado sobre como pode a Bíblia falar de paz e de amor, se o mesmo Deus foi extremamente belicoso e radical em guerras e extermínio de inimigos, Ed deu uma resposta bem clara e objetiva. Primeiro, destacou ele, somente em dois casos bem registrados no relato do Antigo Testamento é que Deus requer de seu povo uma ação extremada. São casos bem específicos e dentro de um contexto da história do povo de Israel que precisava construir uma nação e uma sociedade em meio a um povo bárbaro e odioso. E que precisava – como povo - ser preservado, porque de sua linhagem nasceria o Messias. Agora esse mesmo Deus, agora manifestado em Cristo, promulga a postura da outra face, da rendição e de morrer para não matar – e seguiu até a cruz para ser Ele mesmo morto e crucificado.
Já o Capitão Pimentel, ao ser perguntado sobre o contingente de cristãos no Bope, respondeu que hoje os evangélicos já participam com um terço do contingente ativo. Há no entanto alguns policiais e oficiais que após se destacarem, acabam saindo – sendo que alguns passam a ser pastores. Dois relatos adicionados à essa resposta, motivaram muita risada dos presentes.
Quando preso, o ‘meliante’ é perguntado: “Você prefere ser interrogado pelo policial católico ou pelo policial evangélico?” A resposta da escolha parece óbvia. O que os presentes não sabiam é que o preso, ao escolher o evangélico, ‘apanha’ tanto quanto (ou um pouco mais ...).
Outro relato tragicômico foi quando um dos oficiais evangélicos, após acertar com um tiro o criminoso, vai até ele para socorrê-lo e numa evangelização relâmpago convida-o a aceitar a Cristo – o que ‘prontamente ele faz’. Pois bem, o tenente moveu montanhas para que o seu batalhão (muito a contragosto) ajudasse no resgate do criminoso ferido. E com muito esforço conseguiu que o próprio helicóptero da polícia descesse para levar seu novo irmãozinho baleado ao hospital.
Outro relato tragicômico foi quando um dos oficiais evangélicos, após acertar com um tiro o criminoso, vai até ele para socorrê-lo e numa evangelização relâmpago convida-o a aceitar a Cristo – o que ‘prontamente ele faz’. Pois bem, o tenente moveu montanhas para que o seu batalhão (muito a contragosto) ajudasse no resgate do criminoso ferido. E com muito esforço conseguiu que o próprio helicóptero da polícia descesse para levar seu novo irmãozinho baleado ao hospital.
Repercussões e relatos adicionais o Fábio Davidson nos brinda aqui no Doxa Brasil e fotos aqui.
Comments:
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Eee Volney, se eu soubesse que você é diretor-executivo da Editora Atos teria te respeitado mais, e teria comentado antes =P
Já leio seu blog desde quando comecei a blog... Estranha Graça 2 foi um dos primeiros posts que lih: http://volneyf.blogspot.com/2007/06/estranha-graa-2.html
tanto que salvei nos favoritos assim, aí tenho que remover o resto para acessar as atualizações, mas sempre faço uma visitinha aki... xD
irmão, eu tenho a Bíblia das Profecias aqui em casa, meu pai é pastor eu ama ela! Ele pediu de Natal em 2005 para meu avô(se não me engano), ele chama ela de A Bíblia da Editora Atos.
abração
t++
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Já leio seu blog desde quando comecei a blog... Estranha Graça 2 foi um dos primeiros posts que lih: http://volneyf.blogspot.com/2007/06/estranha-graa-2.html
tanto que salvei nos favoritos assim, aí tenho que remover o resto para acessar as atualizações, mas sempre faço uma visitinha aki... xD
irmão, eu tenho a Bíblia das Profecias aqui em casa, meu pai é pastor eu ama ela! Ele pediu de Natal em 2005 para meu avô(se não me engano), ele chama ela de A Bíblia da Editora Atos.
abração
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