12.10.07

 

Conflito e Tragédia


Aprendo um pouco como escrever com o Brabo. Digo pouco, pelo aluno e não pelo mestre. E também com o Lou, que foi um privilegiado cobaia do bem sucedido projeto Aplicação (não resisti e contei metade do segredo de sua fluída e gostosa escrita).

Some a isso alguns cursos avulsos por distância (no tempo) com Dostoievski e vários de seus companheiros de pena. E também um esforço sobre-humano e tardio de compreensão do que está por trás das páginas que leio. Sim, eu me arrependo de não ter curtido mais os Ramos e Machados de minha vida juvenil. E fico triste em pensar que não valorizei Maria Tereza, Ashcar, Paulo (aquele meio gordinho que sempre vinha com o terno azul e seu paletó suado) e tantos outros e suas aulas de Literatura.

Aprendi a ver em cada história o conflito. Mas vejo também a tragédia. Como extensão ou fruto do primeiro. Pegue os jovens por exemplo. São plenos de energia, esperança, sonhos e ideais. Mas se vêem diante dos desafios e dos gritos da realidade que não só os cerca, mas que habita dentro de cada um.

E a tragédia: são impotentes, imaturos, indisciplinados. E estão nus, despidos de proteção, de abrigo, de calor. E estão famintos e com sede, da vida, de verdade. De Vida e da Verdade.

A grande tragédia do jovem é que, com todo vigor que possui, e consciente do horizonte de anos e dias pela frente, agora – neste exato momento de tempo presente – ele não vê sentido para sua vida.

Qual o significado disso tudo? Não pedi para vir aqui, para estar aqui, para sofrer como sofro. Curtir uma angústia e um desespero sem igual. Tô fora! Qual é?

A tragédia humana é o seu interior, as suas descobertas solitárias nas noites profundas de insônia. Ou no amanhecer vazio de um dia chuvoso de tédio. A tragédia é patética.

Tenho dó de mim mesmo. Como pode ser assim?

A tragédia humana é escura e ao mesmo tempo transparente. Assim como a alma que é imperceptível, mas presente. Não se consegue vê-la, mas sabe-se que ela está lá. As duas: a tragédia e a alma. Ou fundidas numa coisa só? Alma trágica?

O vazio de procurar e não achar, de buscar e não encontrar. Apesar de não estar lá sei que ela está. É trágico o destino que não tem fim.

É aquela vã esperança – a esperança pela esperança. Sem mapa, sem orientação, sem rumo – segue por seguir. Segue sem ver. Cego, sem certeza de que está certo ou de se estar certo. Sem convicção de que é por aí mesmo, persevera em deixar como estar. Let it be (no Rock). Deixo a vida me levar (no Samba).

Não preciso insistir. Não devo insistir. Nada serve insistir. Desnecessário insistir. Pare de insistir.

A interpretação desses sentimentos humanos que lhe tomam conta – tanto faz como tanto fez. A verdade é que a tragédia vem em muitos tons e cores, em diversas nuanças e formas, em diferentes pacotes e embrulhos. Mas vem! E pior – para falar com sinceridade e franqueza, sem papas na língua: a verdade, colocada em termos bem claros e objetivos é que a tragédia humana vive ali no fundinho da gente, dentro de nós. Somos combalidos e maltrapilhos. Somos derrotados, uns miseráveis e infelizes. E para ser mais real ainda – diga em alto e bom som na primeira pessoa do singular:

Sou miserável, deplorável e desgraçado!

Muito tarde na vida, virá o momento do exercício da visão interior – por mais difícil e penoso que seja, será a única saída para esse beco desesperado chamado vida.

E não importará como foi, nem quando foi. Mesmo que tenha sido no passado distante pelas mãos de seus pais, ou por um professor da Escola Dominical, ou por um amigo carola que lhe fez ir a um Acampamento de jovens, ou aquele colega de escola (que nem seu nome você se lembra mais), ou aquele livro, ou mesmo sem a ajuda direta de alguém – mas que tenha sido aquele momento ...

O momento indelevelmente marcante em que você encontrou a graça (a mesma Graça que já lhe tinha encontrado), e essa graça em Jesus se tornou - em você: real e verdadeira.

Comments:
E no final, você me entregou outra vez. Cara dedo duro sô!
Queria mesmo era gente disposta a propagar essa mensagem pela graça e de graça, assim como fizeram conosco.
 
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