31.1.06

 

Verdadeira Verdade

A nossa fé, focada num conjunto de valores e convicções cristão, deve:
1 – Englobar toda a nossa vida em todos os aspectos e áreas (Cristo tem que ser Senhor em tudo e no homem todo);
2 – Habitar no centro e no topo de nosso ser, influenciando nossas atividades e responsabilidades diárias, ao mesmo tempo em que nos direciona para um viver relevante, participante da sociedade como agentes de transformação e mudança (somos sal e luz para o mundo);
3 - Aceitar a autoridade da Bíblia no geral e a de Jesus em particular (uma fé cristocêntrica com valores bíblicos);
4 – Apresentar um arcabouço intelectual e filosófico que rejeita o racionalismo iluminista e o anti-realismo pós-moderno (atendendo os anseios do pensamento saudável num contexto contemporâneo).

E mais. Como cristão creio na Verdade – não em uma das verdades, mas sim na única verdade.

Esse conjunto de valores e convicções deve estabelecer a nossa cosmovisão – saber o que cremos e as suas implicações tanto do lado intelectual (teórico), como de comportamento e vida (prático).

Devemos crer (e vamos elaborar nosso caso), de que a Bíblia pode responder aos grandes questionamentos do homem e da mulher do século XXI. A pós-modernidade não é a alternativa – e sim a anti-alternativa. Tanto o Existencialismo como o Humanismo levaram o homem a uma situação total de desespero e como conseqüência só lhe resta um escapismo absurdo ou a morte em desesperança consciente.

Para o homem moderno, Deus está morto, não há realidade final, nem certeza de algo e muito menos um caminho digno para a vida – que lhe dê significado e sentido. Só lhe resta um salto de fé no vazio, e com os dedos cruzados (como que rezando – mas Deus não existe; ou como que torcendo pela sorte – que também não existe) viver numa angústia diária.

É por isso que precisamos definir bem claramente, como se posiciona a Verdade Cristã diante do contexto atual.

Ela (a verdade cristã) é uma verdadeira Verdade, ou simplesmente mais uma verdade?

Sendo verdade, pode ser praticada?

Se então o Cristianismo é verdade – e só o pensamos assim em termos de absoluta verdade, ou verdade verdadeira, temos as seguintes implicações:
- o seu oposto é falso. Ou seja, qualquer linha de pensamento que negue um Deus – pessoal e infinito, manifesto amorosamente na pessoa de Jesus Cristo, e que veio resgatar o homem (caído por ato moral de vontade contra o seu Criador), é falsa. Ou o pensamento humano-filosófico-teológico é inclusivo à essas verdades ou sendo delas excludentes é considerado falso.
- devemos viver a beleza dessa Verdade. Ou seja, sendo esses pressupostos a verdade e a verdade eles são, devemos como conseqüência direta projetar e manifestar um estilo de vida que é bonito, relevante, impactante e excelente (sem ser superior, no sentido de ausência de humildade, nem presunçoso que despreza e aliena aqueles que não aceitam o que eu aceito).

Esse pensamento cristão e o seu viver devem apresentar fluência tanto na razão (profundidade e lógica), como no cotidiano, com total coerência e sustentação. Isso quer dizer integração, unidade, consistência ... e sem dúvida alguma beleza.

Comments:
Volney da glória, vou continuar insistindo que você defina pós-modernidade antes de continuar falando mal dela (depois pode continuar falando mal à vontade). Entre outras coisas, isso vai me ajudar a entender por que você a considera como a anti-alternativa. Por relativizar a verdade?

Você afima que "Para o homem moderno, Deus está morto"; isso é de certa forma verdade, mas não para o homem pós-moderno, que tem uma cabeça mais mística, mais aberta e para quem pode fazer sentido dizer que Deus está vivo e morto ao mesmo tempo.

É claro que concordo que a verdade existe, é absolutamente singular e deve ser seguida. Mas disso a dizermos que a verdade pode ser definida e proposta em teoremas racionais, sensatos e inteiramente estanques (isto é verdade, portanto o contrário disto é falso) é modo de pensar moderno, racionalista e, num sentido importante, anti-bíblico.

Schopenhauer colocou a coisa da seguinte maneira:

“Porém se a verdade, pura, abstrata e livre de todo amálgama mítico, permanecerá para sempre inalcançável, até mesmo para os filósofos, podemos compará-la ao flúor, que não pode ser isolado, mas aparece sempre em combinação com outros elementos. Ou, para usar uma analogia menos científica, a verdade, que é inexpressível a não ser através do mito e da alegoria, é como a água, que pode ser carregada apenas em vasos. O filósofo que insiste em obtê-la pura é como o homem que quebra o jarro para obter a água. Essa é, talvez, a analogia precisa”.

A verdade, o que quer que seja, não pode ser capturada com segurança em palavras. Mais seguro e preciso seria associar a verdade a um relacionamento.

Lembro da indignação de um amigo norte-americano contra os fundamentalistas que exigiam que o criacionismo fosse ensinado ao lado da teoria da evolução nas escolas americanas. “É muita arrogância e estupidez da parte deles”, argumentava ele, falando da Bíblia, “acreditar que um único livro possa representar toda a Verdade”.

Sendo bom cristão como sou, fui obrigado a corrigi-lo. Acreditar que um único livro contenha toda a verdade é privilégio de religiões sensatas como o judaísmo e o Islam. Os cristãos acreditam, singularmente, que a Verdade é uma Pessoa – o que é ao mesmo tempo mais exigente, mais incrível e mais provável.

http://www.baciadasalmas.com/2005/os-cristaos-e-sua-biblioteca/
 
" mas sim na única verdade". Grande clássico!
 
Paulo, se é verdade que a água só pode ser carregada em jarros, ou o flúor só pode vir com a água, é verdade também que a água nunca óleo e o flúor nunca é sal.

Por isso, existe sim, Verdade tangéivel e demonstrável(ainda que imperfeitamente, dada a nossa limitação), tanto na pessoa, como nas PALAVRAS de Cristo.

Este não é um pensamento moderno. É cristão.
 
Discordo apenas em parte de você, meu sensato keydom.

Primeiro (e ao contrário do que você disse), não há como *demonstrar-se* que a verdade é uma pessoa; pode-se apenas acreditar-se nessa pessoa quando ela afirma que é a verdade.

E o próprio Jesus, que só falava palavras de verdade, sabia que as palavras são jarros impróprios para conter a verdade de forma definitiva e inequívoca. "A que posso comparar o reino de Deus?", ele se perguntava, desconcertado de ter de usar palavras para transmitir uma verdade transcendente. Ele teve de contar várias histórias e usar várias palavras para nos emprestar um vislumbre da verdade do reino - por que a verdade que ele tinha para transmitir meras assertivas não tinham como conter.

Se as palavras do próprio Jesus não transmitiam a verdade de forma estanque, duvido que as nossas possam. Podemos até dizer, "estou trazendo água neste jarro"; mas chamar o jarro de água, ou afirmar que toda a água do mundo está contida no jarro teológico das nossas palavras, opa - não.

A verdade - pessoa - Jesus - não cabe em jarro nenhum, e eu não ousaria escolher para descrever a verdade palavras que ele não usou - ou outro método que não o de Deus, que afirmou em seu filho que a verdade é uma pessoa, uma única pessoa.
 
De fato, Paulo, a verdade transcendente NUNCA poderia ser alcançada por nós. Por isso que Cristo veio. Ele revelou toda a verdade de que precisamos saber. E essa cabe nos nossos jarros, pois Jesus mesmo coube ("nele habitou corporalmente toda a plenitude da divindade").
Ao escolher palavras para nos dizer como é o Reino, escolheu aquelas que nos bastariam para termos a verdade e dela não nos apartarmos.

Ah, e obrigado pela visita.
 
É lamentável que tenhamos de usar palavras para nos expressar, Keydom, porque creio que estamos quase nos entendendo.

O que estou tentando dizer é que as teologias (até mesmo as mais simples, como "se então o cristianismo é verdade, o seu oposto é falso") são arriscadas por vários motivos. Primeiro porque recorrem a palavras para expressar uma verdade transcendente, coisa o próprio Jesus teve dificuldade de fazer. Em segundo lugar, as teologias sistematizam Deus, sua postura e seu plano, coisa que Jesus nunca fez; ele tampouco convidou os seus discípulos ou seguidores a compreenderem os mecanismos de Deus, muito menos a colocarem a sua compreensão sob a forma de fórmulas estanques. O convite é para um relacionamento com Deus; e como todo amigo ou cônjuge sabe, relacionar-se não é o mesmo que conhecer racionalmente ou ser capaz de explicar. Terceiro, como temos menos cacife a habilidade do que Jesus com as palavras, tudo que dissemos pode ser [mal] interpretado contra nós. Na argumentação do Volney, o que é cristianismo e quem o define? Qual é "o oposto do cristianismo"? Seria negar Jesus em palavras? Ou em atos?

Exatamente como o Volney, creio na Verdade, numa única Verdade e com letra maiúscula; mas duvido de qualquer teologia que afirme poder expressar essa verdade de forma estanque e à prova de vazamentos. Verdade para mim é Jesus, a pessoa. Não há como "relativizar" essa verdade porque uma pessoa não é um teorema. É uma pessoa. É inteiramente absoluta porque é Jesus, e permanece para nós relativa porque não temos como abarcá-la.

Posso confiar tranqüilamente nas palavras de Jesus porque ele, que as pronunciou, é a Verdade, e não por qualquer virtude inerente às palavras em geral ou à racionalidade que elas pressupõem. Eu não diria, por exemplo, "o cristianismo é verdade". Mais preciso seria o jarro de barro que diz: "os que seguem a Jesus Cristo (a pessoa integral, expressa em atos, revelação e palavras), seguem a Verdade". Esses fazem justiça à beleza transcendente e atordoante da verdade, da qual fala o Volney. Mas não me pergunte quem são esses seguidores de Jesus. O dia em que encontrar um eu te conto.

Digamos assim: [apenas] as palavras de Jesus são o vaso adequado para conter a Verdade que reside na sua pessoa.

Não peço que abramos mão das palavras, o que tornaria nossa conversa difícil e nossos blogs [ainda mais] tediosos, apenas peço que tomemos cuidado com o que afirmamos ser a Verdade.

Volney: a palavra pode ser praticada? Bem como Jesus é pessoa, mais tecnicamente correto seria dizer que a verdade pode ser seguida.

Jesus é a Verdade.

As suas palavras registradas na Bíblia são dignas de confiança porque ele, que as disse, é a Verdade.

As palavras escritas pelos seus seguidores e antecessores na Bíblia são dignas de confiança porque foram inspiradas pelo seu Espírito, que é o Espírito da verdade.

É só até aqui que podem chegar os meus vasos de barro.

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Se quero ver o Reino implantado? É evidente. Se quero ver o exemplo de Jesus seguido e suas palavras e mandamentos colocados em prática? Ainda mais certo. Viva Jesus! Longa vida à Verdade e a seu plano e seu propósito e sua graça e sua transcendência e seu poder e sua eternidade e seu amor. Louvado seja. Venha o seu Reino, e é pra já. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida e não preciso que seja mais. Ele é o Filho de Deus, caramba, o Deus que seu próprio Filho não poupou. Caracas. O sujeito é único e tremendo. Onde está, ó morte, o seu aguilhãozinho mesquinho? Sepultura, vá para o inferno!

Não preciso para segui-lo decidir se a verdade é ou não relativa, ou se as palavras que escolhi para expressar minha teologia são à prova de furos. Seus primeiros seguidores não tinham qualquer teologia para guiá-los. Ao endemoninhado curado Jesus disse "vá contar aos outros as maravilhas que Deus lhe fez". Foi a teologia que lhe bastou, porque ele saiu por ali contando as maravilhas que *Jesus* lhe havia feito.

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A propósito, sempre vale uma visita às "38 maneiras de se vencer uma argumentação", do mesmo Schopenhauer. Como dizia Borges, o problema com os argumentos é que eles não convencem ninguém. Um motivo a mais para usarmos palavras a menos quando se trata de exprimir o inexprimível.

http://www.baciadasalmas.com/2005/38-maneiras/
 
Meus carissimos irmãos Brabo e Guidão,
Tem muita carne nesses comentários todos (incluso os anteriores) e vou precisar de tempo pra responder com mais calma.

Saibam que é uma satisfação muito grande ter vcs aqui!

Continuemos conversando e soltando a voz!
 
Pra mim a Verdade é pão e vinho!!! Eu como e bebo a Verdade!!!

Se Jesus disse que ele é a Verdade (sim eu creio que Ele seja a Verdade, e como o Paulo colocou acima, creio que é mais uma Pessoa e um Relacionamento do que uma idéia ou teorema em si), e apesar de eu ter várias formas de acessar esta Verdade(oração, meditação, atos e atitudes de amor e compaixão ("Quando deres água a um sedento estarás dando água a mim"), leitura, reflexão, permissão para transformação,louvor, adoração em todas as esferas da vida, algo que extrapola o "período" de louvor que temos em cultos, etc, apesar deeu poder me relacionar com a Verdade em todas estas e muitas outras formas, eu sinto que o momento que estou mais próximo e que me permite de forma mais real trazer outros pra perto Dela é comendo o pão e bebendo o vinho!!!

Humm...pode parecer cliché, vulgar, demodê, ou algo tão mecânico que perdemos o sentido da Memória da Verdade!!! Nossas defesas de fé, nossos cultos ultra-racionais e modernos (não o culto recional do Apóstolo Paulo) mataram a Ceia da Verdade!!! "Passa o copinho, cata esse naquinho de pão (ou algum elemento que sintetizamos para simbolizar) e passa pro teu irmão ao lado (claro não importa se vc sabe o nome do sujeito, muito menos a necessidade e história dele)." Um Glória a Deus bem forte no final, ou um silêncio reflexisivo, dependendo da denominação, e cada um por si tentando tirar ao máximo o valor, a espiritualidade daquele momento!!!

Mas eu vejo que Jesus nos ensinou a comer e a beber da Verdade! Rasguar o seu corpo entre nós e beber do seu vinho!!! Isso é muito mais atrativo do que todas nossas teologias e apologias!! Nosso conceito sobre a Ceia, sobre o pão e vinho está tão distante daquela noite em Jerusalém , daqueles ensinamentos que traziam na mesma mesa, amor e perdão, sofrimento e alegria, compromisso, responsabilidade e liberdade, traidores, amigos do coração, discípulos fiéis e outros recalcintantes, servos e outros curiosos. Como o Mestre deve sentir (sendo Ele esta Pessoa) vendo no que se tornou o momento talvez mais íntimo que Ele nos convidou a viver, uma Ceia com todos os tipos de pessoas, sendo Ele o Anfitrião e os elementos da Festa!!!

Assim, acho que a Verdade é mística, profunda, relacional, aberta a incluir, a receber de braços abertos, e tão perfeita que nos permite e nos perdoa mesmo quando A trasnformamos em um Teorema de Pitágoras!!

Eu queria participar de uma Ceia com vocês um dia desses quando eu estiver no Brasil, só pra gente fazer a prova empírica desse Teorema! hehe!

A próposito, minha última ceia teve vinho Shiraz e pãozinho no óleo de oliva com ervas...tinha uma romena católica, um italiano cientista PhD em Quimica, uns brazucas malucos, uns pastores emergentes, e Ele estava lá! Nunca presenciei a Verdade de forma mais aberta e verdadeira (por mais ressonante que isso seja).

Ah, Shiraz e pãozinho são só pra celebrarmos ainda mais ao Senhor com nossos sentidos de paladar!!!
Creio que na Ceia do Senhor rolava um humus naqueles pãezinhos síros (pita bread), ou naquele Challah que a mãe de algum kosher fez!!!!

PAZ!!!
 
Marconi,
Com toda essa poesia e descrição da sua experiência de uma ceia nada comum e tudo do Espirito (não da letra, porque a letra mata), você nos brinda com sua amizade, irmandade e fraternidade.

Vamos continuar ... vamos continuar. Não foi à toa que avisei uns bons posts back que o inicio de ano estava corrido. Mas até o fim de semana vamos nos dedicar mais ao tema!!
 
Caramba, poesia do Espírito sopra onde quer. Detonou, meu irmão. Vamos comer essa carne e beber esse sangue, mano. Avise quando estiver no Brasil para podermos nos abraçar ao redor da Verdade. Nada há de mais tipicamente cristão do que sentar-se com alguém e qualquer um para comer, mesmo que se tratem de amigos queridos como vocês já são.
 
Manos, tô mais corrido do que o Carl Lewis...mas já to viciando (ou me disciplinando) em passar por aqui e me alimentar!!! Obrigado pelo espaço à mesa!!!

E esse negócio de poesia não é comigo não, mas acho que na família tem um sanguinho pro gênero, deêm uma olhadela quando puderem no blof do meu primo: www.bartoletrado.blogspot.com

Apesar dos interesses serem diferentes, acho que ali vcs vão notar um pouco da veia carioca e um pouco de um talento pós-moderno, ainda mais se ele topar cair num projeto que eu tô viajando aqui, vai ser uma coroação ao que um belo esforço ministerial no mundo pós-moderno pode realizar!! Aguardem!!!

Pô, desculpa saiu um baita propaganda!!! hehe...não era a intensão,sorry!!!

Volto à noite pra janta, ok?

Abraço, espírito de criação e paz!
 
Marconi, tá lá sua poesia no blog de hoje (parte dela né ...), se não vou ter que pagar direitos autorais !

Volte duas vezes por dia, hein!!
 
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