28.2.08

 

Esta Geração


Como podem nossas igrejas inspirar as novas gerações a viver um novo estilo de vida, como discípulos, a cada semana?

Enquanto as gerações acima saem de cena e as alianças que elas forjaram perdem força, quem ira ajudar na catalização de novos movimentos e
alianças?


Brian McLaren

25.2.08

 

Bonhoeffer cresce em importância


Bonhoeffer cresce em importância nestes tempos de igreja globalizada com um Evangelho raso.
Interessante que traduzi um texto do homem, e fui ver se achava na internet. Para minha agradável surpresa, quem aparece no topo dos links do Google, era uma super recentíssima postagem do Maurício, de alguns dias atrás, lá na Praxis Cristã.
Interessante como o Espírito move nossos interesses. Ele recomenda este link aqui em Português. Muita coisa boa.
Também, recente como este mês de fevereiro, descobri o seguinte blog dedicado ao mártir do Século XX (só que em Inglês), aqui.
A conclusão é forte. Temos muito a aprender com ele, pois nestes tempos de graça barata, o seu exemplo é mais que inspiração.
Segue abaixo, as razões para meditar na palavra de Deus, segundo Bonfhoeffer:

. Porque sou cristão. Logo, cada dia em que não penetro profundamente no conhecimento da Palavra de Deus nas Santas Escrituras, é um dia perdido para mim.
. Porque sou um pregador da Palavra, Eu não posso expor as Escrituras para outros se eu não permito que ela fale comigo diariamente. Farei mal uso da Palavra em meu gabinete como pregador se eu não meditar continuamente
em oração.
. Porque eu preciso de uma disciplina firme de oração.
. Porque eu preciso de ajuda contra a malévola correria e inquietude que ameaçam meu trabalho como pastor. Somente a paz que vem da Palavra de Deus pode fluir a dedicação do serviço de cada dia.

24.2.08

 

Verdadeira Espiritualidade



A verdadeira espiritualidade não está fragmentada, porque diz respeito ao homem como um todo, em cada um dos momentos de sua vida. Para além da resistência contra esta perspectiva bíblica verdadeira, boa parte do mundo evangélico tem sido platônica, no sentido de que ela tem dado demasiada ênfase à alma, em detrimento da pessoa total, incluindo o corpo e o intelecto.

Francis Schaeffer

23.2.08

 

Pós Cristandande




Se fosse mais jovem, começando a minha jornada cristã de novo, tentaria estabelecer um tipo evangélico de ordem monástica. Somente para homens, devotados ao celibato, à pobreza e à paz de espirito.
John Stott (fonte: Ron Cole)


17.2.08

 

As Possibilidades Morreram


“Cara ou coroa?” pergunta o assassino.


Pela idade da moeda, sabemos que a história se passa em 1980. O homem do lado de lá do balcão, prestes a ir para o lado de lá da vida, não imagina que tem 50% de chance de sobreviver. Mas sua sorte está lançada – não depende nem dele, nem do demônio assassino. A moeda vai ditar a sentença.


Este é um dos muitos paralelismos de “Onde os Fracos Não Tem Vez”. A vida perde sentido, pois o acaso está sempre presente. Chame-o se quiser de sorte e azar, pois na melhor das hipóteses as chances são meio a meio.

Os filmes, pelo menos os bons filmes – não importando se vêm de Hollywood ou de outras paragens – obrigatoriamente são obras críticas. A Arte transcende escolas, não se permitindo tomar o lugar delas. Serve como tábua de ressonância da realidade. Vai além da Filosofia, que poderíamos dizer é a mãe de todas as escolas.

No caso dos irmãos Coen – não importa a perspectiva, se pelo conjunto de suas obras, ou se por “Onde os Fracos Não Tem Vez”, o questionamento filosófico suplanta a história e os personagens. Jorge Coli de Ponto de Fuga (Caderno Mais! FSP) me revela que encontramos numa poesia* de William Butler Yeats a cepa do título original (“No Country for Old Men”). No entanto, há um jogo sutil no título que falta à tradução. O ‘onde’ pode ser um lugar específico, mas o ‘no Country’ é também a negação de lugar. Ou seja, na história os velhos (e os fracos) não têm vez por não ser aqui o lugar para eles, mas também por não haver possibilidade de se viver porque no mundo não existe ‘onde’ viver. Ausência total de significado!

A diferença um pouco mais sutil, e aí já estou entrando no mérito, é que mesmo os fortes – os que assim se apresentam poderosos, indômitos e destemidos, também se tornam (com o tempo ou pelas circunstâncias) fracos e velhos, pois esta é a nossa sina. E aí voltamos à moeda – pois todos os homens têm os seus dois lados de fraco e forte, de jovem e velho.


É interessante, pois não se fez juízo de valor ou de moral. O Xerife é o mocinho? Não morreram os traficantes (os dois bandos – vendedores e compradores se matam)? Os novos personagens estão isentos do mal, ou carregam consigo? O pós-modernismo há muito adotou Nietzsche indo além do bem e do mal. Aqui, um lado é a força (e o poder de usá-la) e o outro lado é a fraqueza (a ausência de poder).

Há uma aparente exceção. O demônio matador não é fraco. Mas será ele humano? Ele se apresenta como um psicopata, assassino frio e cruel, uma criatura que se supera em suas próprias fraquezas – quer nos ferimentos à bala ou numa fratura exposta. Ele é forte, por enquanto. Lembremos que é uma história de quase 30 anos. Muita moeda vai ser lançada.

Há esperança?

E quem sobrevive incólume fisicamente, não será também a exceção? Revivendo nas memórias os bons tempos de seu avô e de seu pai, o Xerife melancolicamente abre mão de valores, de significado e da sua própria determinação funcional. Ele não levou bala, não precisou dar tiros, enfim sobreviveu. Graças à negação de seu lugar e de sua vez.

16.2.08

 

Café no Brasil


Já me acostumei a acordar cedo demais aos sábados. Essa velha carcaça precisaria de mais um tempo de descanso, mas o despertador biológico treinado há décadas, é implacável.


Me desperto em parceria com o computador. Enquanto bocejo, a internet sobe, abro o bloglines.


Não sei se sonhei à noite, mas estou viajando, rindo – um riso contido, disfarçadamente silencioso. DoxaBrasil faz a música ao fundo, Pava me dá as últimas dicas, Brabo me anima com seu livro para crianças (que obviamente será para maiores de 81 anos se depender de uma galera aí), Ed escreveu sobre contingências (alguém preciso explicar pra ele o que é permalink), leio meus confrades e minhas sisters (posso falar ‘comadres’?) e vou pras discussões pesadas (assim o digo por serem extensas e em Inglês).

Invariavelmente os temas do Norte são: Republicanos e Democratas; Emergentes e Ortodoxos; Listinhas sem graça; e muita, muita Teologia. É impressionante: se come e bebe Teologia nos USA! Me lembro da cozinha. Pausa pra água, suco e fibras com iogurte. Faz bem pros intestinos.

De pé fico pensando: Não é à toa a influência americana no nosso Evangelicalismo. E penso mais um pouco e me pergunto: Cadê o bolo que estava aqui? O gato comeu!

A nossa vantagem – como brasileiros – é a nossa esculhambação geral. Senão seria pior!

A velha historinha do inferno brasileiro, onde as coisas não funcionam como deviam, os castigos chegam atrasados, e até mesmo o café frio que seria o horror dos coffe lovers, certamente no nosso caso estaria sempre quente.

Legenda traduzida: "Ih Cara, o café está frio! Eles pensaram em tudo."


14.2.08

 

Piores Hábitos


Não contente com o post sobre as ‘piores práticas’ – ontem à noite na livraria Cultura me deparei com esse artigo da revista FAST. São as dicas do apresentador Mike Rowe do programa Dirty Jobs – que retrata os mais sujos empregos na face da terra (o fuxico tem esse link), mas não sei se Trabalhos Sujos (?!) vem pra programação a cabo aqui no Brasil ou em Portugal.

E não é que tem tudo a ver com o que discutíamos na segunda?


Olhe só as recomendações dos Sete Hábitos Sujos das Pessoas Altamente Efluentes!


1. Nunca siga sua paixão, mas por favor leve-a sempre com você.
2. Cuidado com o trabalho em equipe.
3. Vomite orgulhosamente, sempre que necessário.
4. Se cuide, mas não se engane: segurança não é a prioridade.
5. Pense no que você está fazendo, nunca em como.
6. Ignore os conselhos do tipo “Trabalhe certo, não duro”. É perigoso – e infantil.
7. Pense em demitir-se.

13.2.08

 

Evangelho de Mirdas





 

Revista Piauí


Você já leu a revista Piauí?

É uma revista do tipo ‘slow-food’: matérias extensas, bem pensadas e escritas, e excepcionalmente diversificadas. Você tem a oportunidade de realmente apreciar seu conteúdo. E é uma publicação realmente bem feita, bem criada e desenvolvida – coisa que surpreende quem não acredita na nossa gente. Eu sei, eu sei ... o problema são os políticos.

Fui assistir hoje à noite o debate promovido pela revista. João Moreira Salles – irmão mais novo do Walter e diretor de Entreatos e Santiago, é um dos donos e editor de Piauí, participando junto com seu personagem-entrevistado da edição de Fevereiro: o PVC ou Paulo Vinicius Coelho (foto), jornalista esportivo da ESPN (e blogueiro). Um craque no segmento Futebol!

O cenário é outro orgulho: o auditório da livraria Cultura no Conjunto Nacional. É um ícone dos bons ventos que sopram no país.

Na edição de Janeiro, a revista foi notícia com a excelente entrevista-acompanhamento da jornalista Daniela Pinheiro com o José Dirceu. As revelações do chamado ‘bruxo’ do PT repercutiram de norte a sul e estremeceram os alicerces do planalto central.

No cardápio da noite: futebol, televisão, jornalismo e jornalistas, comentaristas e CBF, TV aberta e fechada. Ao final saí com gostinho de ‘quero mais’ – e ao mesmo tempo muito desafiado para ajudar o Pavarini no próximo evento que ele deve promover por aqui.

11.2.08

 

Piores Práticas




O homem aí do lado é o Papa. W. Edwards Deming - o papa da Qualidade.







Fui instado a entrar no tema por causa do Tonioli - preocupado que a Qualidade (disciplina e prática) que penetrou sua pele transformando-o num xiita da tolerância zero, fosse um demônio e por conseguinte o levasse ao Inferno. Mas nesse aspecto ele não está só. Essa doença também me pegou. Via serviço ao cliente. Como realizava muito treinamento de atendentes de SACs (SACOS e outras Centrais), ficava antenado para flagrar situações de 'não-conformidade' ...


Ri muito imaginando a cena do Tonioli e o japonês dos pastel da feira. Esse negócio de tolerância é uma faca de dois legumes.

As tolerâncias mil -

Era comum líderes evangelicais assumirem que atrasos e mancadas seriam aceitáveis pelo povão - pois sendo serviço pra Deus e para seu povo, todos deveriam ter paciencia e amor. Isso é de um passado distante e muuuuuito remoto! E isso nunca foi piada!! Dizem que 'inda hoje é real.

Agora o outro lado exagerado da tolerância é um arremedo de tempos de Jesus, mais para o farisaismo do que qualquer outra coisa. E principalmente aquele praticado pelos mais fortes - normalmente sujeitos a dois pesos e duas medidas. Um exagero de exigência de um lado e um absurdo de conformação do outro.

É óbvio que também não estou pregando a Anarquia - filha do casamento da Dona Preguiça com o Seu Mediocre.

Mas é muito positivo ter-se uma boa pitada de loucura, abraçando quer a destruição criativa, a jornada dentro do caos, ou o total rompimento com o passado.

A solução está exatamente nesses novos caminhos. É por isso que Christopher Locke (também conhecido como Rage Boy) é um dos meus heróis modernos. Uma outra de suas obras primas chama-se Gonzo Marketing, Winning Trough Worst Practices. É óbvio que a tradução para o Português tropeçou. Ficou assim: Marketing Muito Maluco, Vencendo com as Práticas Menos Convencionais.


Mas os conceitos que estão delineados em seu livro são claros: hoje quem for copiar ou fazer benchmark, aperfeiçoar ou aprimorar práticas do passado, está sim fadado ao fracasso.

Então a correção-comentário-contribuição de leve, que tentaria fazer pro Tonioli, é que hoje, indistintamente de credo, raça, genero, idade ou logotipo de crachá a Qualidade insistida leva a todos para o Inferno. Só tem salvação mesmo, quem quebrar as regras, romper com o presente, adotar as piores práticas, abandonar os livros e suas regras, se re-inventar. Resumindo em uma só palavra: Inovar!

9.2.08

 

O credo explicado

Ouça Israel
O Senhor vosso Deus
E nosso Deus
É o único Senhor
Único Deus e Senhor.

Ame pois o Senhor teu Deus
O vosso Deus, o nosso Deus.
Ame o único Senhor
De todo o teu coração,
Ame ao Senhor
De toda a tua alma ,
Ame ao Senhor
De todo o teu entendimento,
Ame ao Senhor
De toda a tua força.
Ame ao Senhor!

E segundo
Ame o teu próximo
O teu único próximo ou
Os teus muitos próximos
Ame os muitos
Únicos que fossem
Ame como se único fosse.
E ame a cada um deles e a todos eles
Como a ti mesmo,
Como unicamente a ti mesmo podes amar.
Ame ao teu próximo!

Assim amarás
Assim deverás amar
E assim ame – deveras.

Ouça ó Israel!

* Aceito uma melodia - candidatos?

8.2.08

 

Quaresma


Aprendi uma nova palavra em Inglês: Lent – que quer dizer (isso mesmo) Quaresma!

A crentaiada fé de mais, parece ter horror a coisas que cheguem perto do Catolicismo. E aqui está uma sacada legal, a observância planejada de 40 dias que antecedem a Páscoa. Se comemoramos algumas datas e observamos outras, por que não a Quaresma?

Ela vem de longa data e é tradicional tanto na Igreja Católica Romana, como na Igreja Ortodoxa (tanto a Grega-Russa como a Árabe). Há inclusive, entre elas, diferentes contagens de dias para a própria Páscoa.

Sabemos que ‘os quarenta dias’ já é uma mania evangélica, principalmente graças a Rick Warren. Achei legal a iniciativa do Luis Fernando, e entrei na comunidade da Quaresma do Orkut e vamos ler os Evangelhos até a Páscoa – principalmente se seguirmos a seqüência de capítulos no cronograma que ele nos enviou (veja abaixo).

Gostei também da iniciativa do Scot do Jesus Creed. Ele desafia que repitamos o Credo de Jesus (esse é o nome de seu blog). Foi retirado de Marcos 12:29-31:

Ouve ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor!
Amarás, pois, o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força.
O segundo é:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Seus leitores estão aderindo e avisei que vamos em português também.

- - -

Em tempo, graças a uma dica do próprio Luis Fernando, falei pro Pava que gostei demais da entrevista do McLaren no Charlotte Observer (CO) que é o jornal da cidade de Billy Graham – e o jornalista é um cara muito por dentro dos meandros evangelicais. Espero, viu Luis Fernando, que consigamos traduzir. Voluntários – please, manifestem-se!!

Esse trecho (eu traduzo):

BM: ...
For example, there's the contemplative tradition within the Roman Catholic Church. There's a deep contemplative tradition in the Eastern Orthodox Church.
There is the tradition of social activism in mainline Protestantism. There's the tradition of deep Bible study among evangelicals. These are great treasures.
One of the exciting things going on right now is people are kind of going to the back fence and exchanging treasures across the fence.

Q. Nice image.

BM: Evangelicals are learning from contemplative Catholics. So many evangelicals have been reading Thomas Merton and Henri Nouwen and later Catholic writers like Richard Rohr and Joan Chittister. Episcopalians are learning from Pentecostals. It's a very exciting time.

Traduzindo:
Por exemplo, há uma tradição contemplativa na Igreja Católica Romana. Há uma profunda tradição contemplativa na Igreja Ortodoxa Russa.

Há uma tradição de ativismo social no Protestantismo histórico. Há uma tradição de profundo estudo da Bíblia entre os evangélicos. Esses são grandes tesouros.

Uma das coisas mais incríveis que está acontecendo bem agora é que as pessoas estão meio que se encostando nas suas cercas e trocando tesouros por entre as cercas.

CO: Bela imagem.

BM: Evangélicos estão aprendendo com os católicos contemplativos. Muitos evangélicos estão lendo Thomas Merton e Henri Nowen e os mais recentes autores católicos como Richard Rohr e Joan Chittister. Anglicanos estão aprendendo com os Pentecostais. É um tempo muito estimulante.

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Cronograma do grupo Quaresma no Orkut (capitaneado pelo Santo Batista):

Quarta-feira 06/fev Mt 1-2
Quinta-feira 07/fev Mt 3-4
Sexta-feira 08/fev Mt 5-7
Sábado 09/fev Mt 8--9
Domingo 10/fev
Segunda-feira 11/fev Mt 10-11
Terça-feira 12/fev Mt 12-13
Quarta-feira 13/fev Mt 14-16
Quinta-feira 14/fev Mt 17-18
Sexta-feira 15/fev Mt 19-20
Sábado 16/fev Mt 21-22
Domingo 17/fev
Segunda-feira 18/fev Mt 23-25
Terça-feira 19/fev Mt 26
Quarta-feira 20/fev Mt 27-28
Quinta-feira 21/fev Mc 1-2
Sexta-feira 22/fev Mc 3-4
Sábado 23/fev Mc 5-6
Domingo 24/fev
Segunda-feira 25/fev Mc 7-9:1
Terça-feira 26/fev Mc 9:2 - 10
Quarta-feira 27/fev Mc 11-12
Quinta-feira 28/fev Mc 13-14
Sexta-feira 29/fev Mc 15-16
Sábado 01/mar Lc 1-3
Domingo 02/mar
Segunda-feira 03/mar Lc 4-5
Terça-feira 04/mar Lc 6-7
Quarta-feira 05/mar Lc 8-9
Quinta-feira 06/mar Lc 10-11
Sexta-feira 07/mar Lc 12-13
Sábado 08/mar Lc 14-16
Domingo 09/mar
Segunda-feira 10/mar Lc 17-18
Terça-feira 11/mar Lc 19-21
Quarta-feira 12/mar Lc 22-24
Quinta-feira 13/mar Jo 1-2
Sexta-feira 14/mar Jo 3-4
Sábado 15/mar Jo 5-6
Domingo 16/mar
Segunda-feira 17/mar Jo 7-8
Terça-feira 18/mar Jo 9-11
Quarta-feira 19/mar Jo 12-13
Quinta-feira 20/mar Jo 14-16
Sexta-feira 21/mar Jo 17-19
Sábado 22/mar Jo 20-21
Domingo 23/mar

6.2.08

 

Sermões


Neste ano de comemoração dos 400 anos de nascimento do padre Antônio Vieira, poderemos acompanhar com deleite alguns de seus escritos. Figura ímpar na nossa história (e por que não na de Portugal também), é dito que ele é mais baiano que lusitano.

E como um artífice da escrita, ganhou de Fernando Pessoa o apelido de “gênio de perfeição lingüística” – se é que isso é apelido.

Retirei da leitura deste domingo no Caderno Mais da Folha, o artigo de Alcir Pécora – professor de teoria literária da Universidade Estadual de Campinas, essa pequena amostra do que podemos usufruir (se com cabeça aberta nos aproximarmos) de suas obras.

Extraído do Sermão do Espírito Santo (1657):

Dizei-me: qual é mais poderosa, a graça ou a natureza? A graça ou a arte? Pois o que faz a natureza e a arte, por que havemos de desconfiar que o faça a graça de Deus acompanhada da vossa indústria? Concedo-vos que esse índio bárbaro e rude seja uma pedra: vede o que faz em uma pedra a arte. Arranca o estuário em pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe e, depois que desbastou o mais grosso, toma o maço e o cinzel na mão e começa a formar um homem, primeiro membro a membro e depois feição por feição, até a mais miúda: ondeia-lhe os cabelos, alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, afila-lhe o nariz, abre-lhe a boca, avulta-lhe as faces, torneia-lhe o pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe as mãos, divide-lhe os dedos, lança-lhe os vestidos; aqui desprega, ali arruga, acolá recama; e fica um homem perfeito, e talvez um santo, que se pode pôr no altar.

4.2.08

 

Toda a vida


Toda a vida esta posta entre parêntesis: nascimento e morte.
Karl Jaspers


Nenhuma propaganda começa assim: Você vai morrer. Nem a de venda de lotes de Cemitério. Mas para nós meros mortais, essa é a única coisa certa na vida (mais até do que os impostos).

Perdemos o sentido da nossa temporaneidade já de muito. O Carnaval era para fortalecer esse princípio. Mesmo que fosse para se viver alguns dias em fúria mortal, para logo em seguida, com cinzas moderar a vida, pois passageira deve mirar o eterno.

Tem uma anedota antiga (coisa mais velha do que o postante): o crente é levado para o Céu, e em seu primeiro dia andando calmamente pelas ruas de ouro, se depara com uma barulheira numa esquina. Se surpreende quando aquele que era seu vizinho, vindo em sua direção, dançando e festejando, e fazendo pouco caso do novo morador: “Não era pecado, não era pecado ...”

O caminho mais fácil é quando promovemos o gueto cristão. E sem muito esforço, ao contribuir com o distanciamento de nosso vizinho, estamos antecipando nosso veredicto. Tornamos juízes, sem toga, sem martelo, sem proferir sentenças – nossos atos são suficientes. E somente por misericórdia e graça é que a fé se tornará disponível a ele. Mas que não dependa de nós, pois não nos misturamos e nada possuímos em comum além do CEP.

Será que realmente estamos sendo sal, promovendo vida para aqueles que nos cercam?

O cristão (o verdadeiro) deveria se cobrir de cinzas o ano todo. E também, curtir a vida com muito mais intensidade que qualquer carnavalesco. Pessoas inteligentes têm capacidade de abraçar idéias antagônicas ao mesmo tempo.

Você pode me dizer: Aí já é demais. Concordo, mas esse é o único caminho.

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