3.2.06

 

Esperança 3

Sou amigo dele, do pai, da família toda. Eu sei que sou suspeito. Mas prefiro que assim pensem com respeito aos meus amigos do que com meus inimigos (sim - eu tenho inimigos!).

Comentando sobre Nárnia, Carlos Alberto Quadros Bezerra Jr. diz o seguinte:

Se transportarmos essa lógica para a nossa realidade, muitas igrejas nas quais impera a objetividade do “evangelho-de-resultados” seriam mais semelhantes ao reinado da Feiticeira Branca do que o de Aslam. Afinal, para muitos irmãos, a simples invenção de um fauno pode ser perigosa à fé ou mesmo um adereço sem sentido. Para completar, Aslam, que é o mais poderoso do reino, não procura o poder para si e sim para os outros. Ele reina porque serve e faz dos outros reis também. É um leão livre.

Comments:
Falando em C.S. Lewis e Aslan...até que ponto a massificação da mídia, principalmente na adaptação de livros para o cinema (e em se tratando de Disney toda a infinita merchandising para bonequinho do McDonalds,figurinha, bonequinho, roupa,máscara, promoção para pasta de dente, passagem aérea, suquinho, etc...)não afeta, ou melhor, destrói a fantasia única, pessoal, que cada um de nós temos ao ler um livro? Caramba, o filme não só acabou com a minha própria imagem dos personagens e ambientação, como também em todo o canto que vou tá lá o cavalinho que nunca esteve em minha leitura-fantasia!!! Detalhe, eu resisti assistir ao filme (ao contrário de milhares de cristãos que correram a la Paixâo de Cristo aos teatros), não que tenha sido algo tão bem elaborado em minha mente, ou um protesto à comercialização, nada disso! Por um lado gostaria e vou acabar vendo (agora que eu já assisti a milhares de comerciais e traillers), mas eu titubiei, fiquei com medo, e acabei usando essa experiência bem pessoal como laboratório: como o cinema acabaria tornando um e padrão, aquilo que antes em livro era completamente pessoal, místico e internalizado. Quantos milhares e milhares de Aslans foram concebidos de formas diferentes nas mentes de cada leitor? Será que isso tem uma ligação entre a Palavra (ou Verdade) e a palavra (ou verdade)? Quer dizer quando queremos dar forma ao mistério que é Deus, não acabamos criando Aslans da Disney e matamos os milhares de Aslans que o C.S. Lewis proporcionou na mente de cada leitor? Tema bem próprio pra uma discussão sobre valores pós-modernos!Será que as pessoas iráo evitar alguns consumos ou entretenimentos de massa como esse quando isso invade seu espaço privado? Como a Igreja, ou nós, podemos aprender com isso? Talvez vá de acordo com a própria não-massificação das comunidades?
A propósito li por alto, acho que foi na Christianity Today ou na Fast Company (vou procurar o artigo e passar) que os herdeiros dos direitos do Lewis teriam uma lição a aprender com o autor de Calvin e Hobbes que se recusa a licensiar os personagens para marketing e produtos. Exatamente o que estou indagando, entendem? Conseguem ver a necessidade de fantasia, ou melhor, de defesa à fantasia, e como nós como mensageiros em meio à esta mudança nos encontramos em uma posição e momentos críticos?

Vamos discutir isso!
 
Ah, e que me desculpe o Carlos, mas discordo dele, o meu conselho ao leitor que anda um tanto decepcionado com a falta de essência do Evangelho pregado em alguns púlpitos é um só: não vá ao cinema! Leia o livro!!
 
hahaha!!!! Essa é muito boa!! Agora o Paulo vai ter que concordar comigo!!! Olha o que achei no site dele depois de escrever isso aqui!!!

"Com a notável exceção de Jorges Luis Borges nenhum narrador exerceu sobre mim influencia mais poderosa do que o norte-americano H. P. Lovecraft.

Lovecraft não deixou nenhuma história longa com exceção de Nas montanhas da loucura, que o competente cineasta Guillermo del Toro vive ameaçando transformar num filme que não tem como fazer jus à singularidade da história."

Estamos no mesmo espírito e no mesmo timing, ou eu entendi tudo errado????
 
O que posso dizer? Ainda não tive coragem de assistir Nárnia, embora tenha cedido ao prazer ilícito da trindade O Senhor dos Anéis.

Num certo sentido só tenho como aprovar a glorificação de Nárnia e a associação de bruxas, leões e faunos com o cristianismo. Como dizia Tolkien, se verdadeiro o cristianismo é a definitiva comprovação da arte: "a Arte foi comprovada. Deus é Senhor de anjos, homens e elfos. Lenda e História encontraram-se e fundiram-se".

http://www.baciadasalmas.com/2004/a-comprovacao-da-arte/

Quanto ao mercantilismo, a massificação e a banalização dos conteúdos mais preciosos, trata-se de questão complexa e cheia de ramificações. Onde está o significado das coisas? O meio é a mensagem?

Depois de assistir a Paixão de Cristo segundo Gibson, escrevi o seguinte:

"Concluo, no entanto, que minha frustração com o filme não vem só disso. Vem, no final das contas, do fato do filme ser apenas um filme. Isso é que no final das contas me soou imperdoável, ver a mensagem de Cristo reduzida a um vouyerismo de celulóide.

Estava tristemente certo o cara que disse que o meio é a mensagem, porque o veículo apropriado para a mensagem cristã não é um filme. Não é o celulóide. Não é nem mesmo um livro, porque senão o Velho Testamento teria bastado. Há na verdade um só vaso (um só meio) que comporta a mensagem cristã: uma vida humana, um corpo humano, um exemplo humano – uma paixão humana. E a vinda, a história e a ressurreição de Jesus são justamente a prova definitiva e irrefutável disso. Jesus redimiu a condição humana ao ponto de tornar um corpo humano um vaso puro capacitado a representar e estabelecer o reino de Deus na terra. Por isso é que celebrar a mensagem de Cristo sem que seja através do veículo que ele nos desafiou a usar (nossa vida, nosso corpo, nosso exemplo), é em última instância insuficiente e – temo – contraproducente.

A Paixão de Cristo não tem verdadeiro valor quando é reencenada, mas quando é vivida. Eu é que deveria estar fazendo isso.

Isso é que é imperdoável".
 
Tem muita gente que fia com a consciência aliviada de ter sofrido ao assistir o filme d'A Paixão.

Diferente de vc, Brabo, fui no Nárnia e não no Gibson. Parece mais um rito não scrito.

"Aleluia" bradavam alguns em pleno cinema (aquele lugar profano, atividade do mundo) ... como se isso os fizessem mais espirituais, mais edificados, mais maduros, mais como Cristo.

O que o homem come não pode ... como é mesmo? O que entra pela boca ... [Preciso estudar mais!]

O comer da carne, o se alimentar de Deus, a imitação de Cristo, é muito mais do que ser igrejeiro. E continuam insistindo na fórmula.

É isso mesmo, Jesus é o Meio! O Alfa e o Omega - e o 'in between' - e a Mensagem, e a Palavra, e o Verbo.

Meu, nunca havia pensado desse jeito! Grande sacada. MacLuhan que nos perdoe, mas tem muito mais sentido quando levamos pra teologia!

Mais uma do mestre Brabo, com a ajuda de nossos fraternos brothers...
 
Eu vi A Paixão de Cristo e fiquei com o sentimento de ter visto um enredo aquém da via sacra de Jesus. Como defende o Paulo, o evangelho é para ser propagado com sangue, suor e lágrimas reais.
Mas, suspeito que o Mel Gibson não estivesse querendo provar o contrário.
 
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